sábado, 2 de novembro de 2013

Análise aos negócios recentes dos encarnados


Contas do Benfica: meio Markovic e a polémica Reina BBVA

Análise aos negócios recentes dos encarnados

O Benfica apresentou o seu Relatório & Contas relativo à temporada 2012/13. No extenso documento, é possível descortinar alguns contornos relacionados com renovações de contractos, compra e venda de jogadores. Nem tudo, ainda assim.

Após 30 de junho de 2013, data limite no período em análise, o emblema encarnado adquiriu ainda os passes de Pizzi, Fejsa, Funes Mori e Lisandro López, entre outros. O internacional português, foi explicado entretanto, assinou pelo Benfica por troca com Roberto, que viu os seus direitos económicos serem transferidos para o At. Madrid. Um foi para o Espanhol e outro para o Olympiakos.

«Durante este período, a Benfica SAD assumiu compromissos financeiros para a aquisição de direitos desportivos no montante global de 24,2 milhões de euros, sendo de destacar os atletas Pizzi, Fejsa, Funes Mori e Lisandro Lopez».

O Benfica comunicou à CMVM ter pago 6 milhões de euros por 50 por cento do passe de Pizzi. Os restantes 18,2 milhões, como tal, dirão respeito aos outros atletas contratados após o final de Junho.

Nos últimos meses, o emblema encarnado vendeu ainda Melgarejo ao Kuban Krasnodar (5 milhões de euros) e Rodrigo Mora ao River Plate (3,5 milhões).

«Ao contrário do que tem sucedido nos últimos períodos, a Benfica SAD optou por manter os principais atletas no plantel, com o objectivo de garantir uma equipa com mais argumentos para atingir os resultados que na última época não conseguiu obter. Esta decisão não significa que a empresa tenha abandonado o seu modelo estratégico, no qual a alienação de direitos desportivos de determinados atletas garante importantes ganhos para a Benfica SAD, os quais continuam a ser fundamentais para o seu equilíbrio económico e financeiro», explicam os encarnados, justificando: «Contudo, a empresa considera que tem capacidade para adiar a realização desses ganhos e que uma equipa vencedora vai permitir alavancar esses resultados.»

Quanto custaram os restantes reforços?
Sem mais pormenores sobre os negócios realizados após 30 de junho de 2013, o foco vai para as operações enquadradas no período em análise, iniciado a 1 de julho de 2012.

Desde logo, soube-se que Salvio e Lima, contratados no início da época passada, motivaram um «investimento global de 16,5 milhões de euros»
«Ainda na presente época (ndr. 2012/13), foram adquiridos os direitos desportivos dos atletas Djuricic, Markovic, Sulejmani, Mitrovic, Steven Vitória e Rojas, o que representou no conjunto um investimento próximo dos 25,1 milhões de euros com vista à preparação da época 2013/2014», salientam os encarnados no Relatório.

Ora então quanto custaram os sérvios, o português e o paraguaio? O emblema da Luz não esclarece por completo mas é possível tirar algumas conclusões.
A primeira resposta é a mais fácil e já tinha sido dada. O Benfica devia 6 milhões de euros ao Herenveen, antigo clube de Djuricic. A 28 de junho de 2013, a SAD venceu 20 por cento do passe do jogador ao Benfica Stars Fund a por 2 milhões de euros. Tem então 80 por cento, nesta altura.
Sulejmani e Steven Vitória chegaram ao clube na lógica do «custo zero». Em ambos os casos, o Benfica ficou com 100 por cento dos passes. Porém, transferiu 20 por cento dos direitos de Sulejmani para o seu fundo de jogadores, em julho, por 1,250 milhões de euros.

Stefan Mitrovic permite outra conclusão acessível. O Benfica assumiu uma dívida de 900 mil euros para com o Kortrijk, clube belga que o central representava. Jorge Rojas, por seu turno, terá representado um investimento mais avultado. A SAD encarnada apresenta o nome do Cerro Porteño, antigo emblema do avançado, em duas rubricas: são 598 mil mais 2,104 milhões de euros.

Surge agora a questão mais complexa: quando custou Lazar Markovic e quem ficou com 50 por cento dos direitos sobre o jogador? Quando o sérvio chegou, o Benfica divulgou apenas a assinatura de um contrato por cinco anos.
Agora, explica que tem metade dos direitos sobre o jogador, enquanto a restante percentagem é detida por outra entidade não revelada. Há outro dado novo: uma dívida, a 30 de junho, de 6,250 milhões de euros ao Partizan de Belgrado, antigo clube de Lazar Markovic e do seu irmão Filip.

Quatro milhões para a Reina BBVA na renovação de Matic
Durante este exercício, o Benfica reforçou ainda a sua posição em relação a alguns jogadores. Matic representou um dos principais investimentos. O médio sérvio começou por renovar contrato em janeiro de 2013, com a cláusula de rescisão a subir de 15 para 40 milhões de euros.

Nessa altura, a SAD encarnada adquiriu mais 15 por cento dos direitos económicos de Matic, passando a deter a totalidade de passe. Porém, em março de 2013, «foi efetuado um novo acordo com o atleta», com a cláusula de rescisão a subir para os atuais 50 milhões.

O Benfica revela agora que teve encargos de 4 milhões de euros na operação, montante esse que é devido a uma sociedade chamada Reina BBVA. Para além disso, a sociedade surge em outra rubrica «credores – não corrente», com um valor associado de 400 mil euros.

Curiosamente, em março de 2012, António Pragal Colaço escrevia sobre a Reina BBVA no jornal O Benfica. Na altura, levantou dúvidas sobre a entidade que esteve envolvida na transferência de Bruno Alves do F.C. Porto para o Zenit de S. Petersburgo.
«Mas o pior é saber quem é a Reina BBVA! Cada vez mais se fazem negócios sobre a capa do anonimato e não há ninguém que os queira explorar. Uma das oficinas BBVA fica em Madrid na Avenida Reina Victoria 66. Quem intermediou a constituição da empresa foi um utilizador do BBVA de Madrid, que constituiu uma empresa para o efeito», escreveu.

O advogado foi mais longe: «Quanto rendeu este negócio (ndr. de Bruno Alves) só Deus sabe. Mas quem o intermediou também intermedeia negócios do Benfica e não só, além de Deus sabemos nós, mas aí com facturação de empresas portuguesas.»

Para além da Reina BBVA, o Relatório&Contas do Benfica refere ainda outras sociedades: uma dívida de 4.250 milhões de euros à Top Pro Sport Investments SA (empresa sediada no Luxemburgo), outra de 1 milhão de euros à Rider Corporation, uma de 1,750 milhões de euros à Line Action, «essencialmente no âmbito da transferência do atleta Javi Garcia para o Manchester City», e outra de 1,6 milhões à sociedade Griwer, relacionada «com a aquisição dos direitos económicos do atleta Enzo Pérez»

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