sábado, 30 de novembro de 2013

Rio Ave-Benfica (antevisão):

Rio Ave-Benfica (antevisão): 

Do trauma caseiro ao fôlego da águia

Vila-condenses tentam travar série bizarra de derrotas em casa, benfiquistas atacam a liderança

O MOMENTO

Rio Ave: Definitivamente, a equipa de Vila do Conde tem um problema com os jogos em casa. Até agora, nesta edição da Liga, só ganhou o primeiro jogo (2-0 ao V. Setúbal) e perdeu todos os outros (V. Guimarães, 0-1; Nacional, 0-3; Gil Vicente, 0-1 e Es
toril, 0-2). O que tem valido é o excelente desempenho nos encontro fora de Vila do Conde. Será que é com o Benfica que o Rio Ave termina o trauma caseiro?

Benfica: Os encarnados passam por um bom momento, somando quatro triunfos seguidos na Liga (Estoril, Nacional, Académica e Braga). O Benfica não perde um ponto para o campeonato há mais de dois meses (28 de setembro, empate em casa com o Belenenses) e está só a um ponto do líder FC Porto. A somar a tudo isto, vem de uma vitória em Bruxelas para a Champions. Razões para aumentar favoritismo em Vila do Conde?


AUSÊNCIAS
Rio Ave: Nuno Lopes, Luís Gustavo e Sandro Lima, de fora por opção. Lesionados: Filipe Augusto, Nivaldo e Ronny

Benfica:
 Salvio, Siqueira, Rúben Amorim, Cardozo e Sílvio são os lesionados. A grande dúvida é Cardozo: não deve jogar, porque está ainda em recuperação


DISCURSO DIRETO

Nuno Espírito Santo: «Em todos os jogos em casa, até à vitória, temos apenas dois objetivos: conseguir vencer ou somar pontos. É algo que será recorrente, seja o adversário o Benfica ou o FC Porto. Temos convicção absoluta que iremos conseguir, porque temos qualidade para isso.»

* Por se encontrar castigado, o treinador do Benfica, Jorge Jesus, não concedeu a habitual conferência de Imprensa de antevisão das partidas para a Liga


HISTÓRICO DE CONFRONTOS:

Para a Liga portuguesa, Rio Ave e Benfica já se defrontaram por 19 vezes em Vila do Conde, sendo que o conjunto da casa venceu apenas em três ocasiões, tendo-se registado cinco empates. Nos outros 11 encontros, o Benfica venceu (58% de triunfos para os encarnados).


Equipa provável:

RIO AVE

Equipa provável:
Benfica


Sulejmani, a outra «arma secreta» de Jesus

Sulejmani, a outra «arma secreta» de Jesus

Internacional sérvio só jogou o equivalente a um encontro completo, mas já tem duas assistências

Após o apito final do Anderlecht-Benfica todas as atenções centraram-se em Rodrigo, autor do golo da vitória encarnada em Bruxelas (2-3). Na sombra ficou o homem que fez a assistência para esse tento, Miralem Sulejmani, tal como já tinha acontecido a 25 de agosto.

É que na sofrida vitória sobre o Gil Vicente, na 2ª jornada da Liga, o antigo jogador do Ajax fez também o passe para o golo decisivo: um cruzamento da direita desviado de cabeça por Lima.

Quer isto dizer que Sulejmani já tem duas assistências para golo esta época, quando o tempo de utilização é de apenas 95 minutos, o equivalente a um jogo completo, aproximadamente.

O internacional sérvio tem sentido algumas dificuldades para conquistar o seu espaço na equipa do Benfica, muito por culpa dos vários problemas físicos que o têm afetado. Isto depois de ter estado afastado da competição meio ano, desde o momento em que o Ajax percebeu que não ia renovar contrato.

Mesmo assim, longe da condição física e dos níveis de confiança ideais, Sulejmani tem funcionado também como uma «arma secreta» de Jorge Jesus, com influência clara nos dois jogos que as «águias» venceram ao cair do pano.

O sérvio aguarda ainda pela estreia a titular no Benfica. Foi utilizado nas duas primeiras jornadas, mas depois lesionou-se ao serviço da seleção. Regressou no final de setembro e foi suplente utilizado no empate caseiro com o Belenenses e na derrota em Paris, só que a persistência de problemas físicos ditaram novo afastamento, até à passada quarta-feira, em Bruxelas.

Académica 1 - Porto 0 - FC Porto perde em Coimbra

Árbitro não marca um penalty a favor da Académica logo no primeiro minuto de jogo que é indiscutível e depois ainda inventa um penalty a beneficiar o Porto que não lembra a ninguém. Mais uma vez a arbitragem foi uma vergonha, com uma dualidade de critérios gritante a favor do FC Porto, mas a Académica lutou e bem pelos três pontos e conseguiu contra tudo e contra todos, levar de vencida esta equipa do Porto. Parabéns à Académica e ao seu treinador que montou uma bela equipa para este jogo.

TÉCNICO REVELA FORMA DE SUCESSO PARA O TRIUNFO

Sergio Conceição: «Pedi que fossem compactos na defesa»

Sérgio Conceição elogio o coletivo pelo resultado alcançado em Coimbra: a primeira vitória dos estudantes em 43 anos para a liga, frente ao FC Porto. O técnico da Briosa antevia um jogo difícil com o campeão nacional e pediu que a sua formação estivesse "compacta".

"Antevíamos um jogo muito difícil e complicado. Jogámos contra uma equipa habituada a ganhar, e quando as coisas não correm bem em dois ou três jogos, dão sempre a volta e tornar-se difícil para o adversário. Pedia aos jogadores para que a organização defensiva estivesse no máximo, fossem compactos e estivessem juntos, principalmente para fechar o espaço nas costas dos nossos médios. Foi um jogo bem conseguido. No primeiro minuto houve um penálti que ficou por marcar", começou por dizer, em declarações à Sport TV, este sábado, endereçando depois a paciência diretiva num momento mais complicado no arranque da época, também devido aos vários jogadores novos que reforçaram o plantel.

"Quero dar os parabéns aos jogadores e à direção porque foram sempre conscientes e coerentes com o trabalho que fazemos. São 3 pontos importantes. Há três semanas não era éramos os piores agora . Sempre disse que tínhamos um grupo competente. Estou confiante como há três semanas atrás. Temos de ser pacientes porque saíram muitos jogadores e entraram outros, que há pouco tempo não eram profissionais, vindo de segundas divisões", concluiu.

Paulo Fonseca e jogadores insultados junto ao autocarro

Ambiente pesado em Coimbra para a comitiva do FC Porto. Na saída do Estádio para o autocarro, os jogadores azuis e brancos foram fortemente insultados por adeptos, assim como o treinador Paulo Fonseca,

Com apenas uma vitória nos últimos seis jogos realizados (quatro empates e uma derrota), os adeptos não calaram a sua revolta e voltaram a manifestar todo o seu desagrado com a série de resultados dos comandados de Paulo Fonseca.


Foram muitos os impropérios dirigidos aos jogadores e ouvidos muitos dos habituais cânticos neste tipo de situações («são uma vergonha» ou «joguem à bola).

O último a atravessar a zona para entrar no autocarro foi Paulo Fonseca. Apesar de acompanhado por Pinto da Costa, Antero Henrique e Reinaldo Teles, o treinador também não foi poupado pelos adeptos, que pediram mesmo a sua saída.



João Malheiro: Receção ao FC Porto na última ronda da 1ª volta afigura-se decisória

João Malheiro: Receção ao FC Porto na última ronda da 1ª volta afigura-se decisória


Quanto vale um ponto de vantagem na Liga? Pouco, muito pouco. Ou talvez muito, mesmo muito, se recordarmos o desfecho do último Campeonato. O Benfica, a par do Sporting, morde, agora, os calcanhares ao FC Porto. Um ponto? O que vale? Muito ou pouco?

Valha o que valha, importa recordar que estamos ainda com um terço de competição. Como joga o FC Porto? Mal, muito mal. E tem beneficiado de preciosas ajudas da arbitragem, caso assim não fosse estaria distante da liderança. E o Benfica? Não tem sido persuasivo, pelo menos de forma continuada, mas percebe-se que o clima emocional é mais favorável, que o conjunto está mais próximo da rentabilidade que patenteou na última época, exceção feita ao fatídico mês de Maio. 

O Sporting? Está voluntarioso, demonstra caráter e ambição, conquanto sabe-se que não dispõe dos mesmos recursos dos seus principais oponentes.

O que se exige aos benfiquistas nesta fase da prova? Apoio incondicional. O horizonte próximo contempla desafios de alguma envergadura, só que muito suscetíveis de se saldarem em triunfos importantes. A receção ao FC Porto, na última ronda desta primeira volta, afigura-se decisória. Não é de enjeitar que o Benfica receba o seu antagonista na liderança ou a um passo da sua consumação.

O momento é de unidade. Está tudo em aberto e os últimos indicadores são preciosos, fazem
recrudescer o clima de entusiasmo. Vamos todos dar um pouco mais à equipa? Não será que a dívida dos jogadores pode ser saldada, atraindo também eles os apaniguados vermelhos? A combinação, a cumplicidade adeptos/equipa é mesmo decisiva. O Benfica justifica, o resultado só pode ser o sucesso. 

- João Malheiro, jornal 'O Benfica', 29 de Novembro de 2013

José Ribeiro: As diferenças entre Jorge Jesus e Paulo Fonseca

José Ribeiro: As diferenças entre Jorge Jesus e Paulo Fonseca


Dois empates caseiros em menos de uma semana fizeram soar os alarmes no Dragão. Um, permitiu a aproximação de Benfica e Sporting, na Liga; o outro deixou comprometida a qualificação da equipa para os oitavos-de-final da Liga dos Campeões. Curiosamente, no mesmo período, o Benfica arrancou duas vitórias de aflitos, tanto na Liga como na Champions. Mas houve essa "pequena" diferença": triunfos contra empates. 

Os sinais de quebra do FC Porto eram visíveis há várias semanas, apesar de Paulo Fonseca não os conseguir identificar, atirando para cima do azar todas as causas dos maus resultados. Mesmo agora, confrontado com factos, responde que não acredita em mudanças repentinas. Ora foi precisamente esse o caminho que Jesus escolheu quando começou a sentir que o Benfica não atingia o patamar deseiado. Nenhum deles reconhece os erros, é certo, mas pelo menos o treinador dos encarnados tem procurado soluções de forma insistente. Talvez por isso esteja hoje a fazer o caminho de regresso ao patamar de êxito, enquanto Paulo Fonseca experimenta uma descida ao "inferno".

Desde que se iniciou a época (em rigor, um pouco antes, até), Jesus alterou várias vezes o meio-campo e o ataque. Na maioria das ocasiões, isso ficou a dever-se a lesões. Recorde-se que as águias já estiveram (ou estão) privadas de Salvio, Cardozo, Rodrigo, Djuricic, Markovic, Gaitán, Fejsa, Sulejmani e Ruben Amorim. Não foram lesões simultâneas. Mas obrigaram Jesus a pensar diferente, a criar outras soluções. Também por isso, o meio-campo já foi desenhado de várias formas e com diferentes intérpretes (só Matic e Enzo Pérez fizeram os 10 jogos na Liga). Umas vezes Jesus juntou-lhes Djuricic à frente, Fejsa atrás ou Ruben Amorim ao lado. O ataque já utilizou quase todas as duplas possíveis: Cardozo-Lima, Cardozo-Djuricic; Cardozo-Rodrigo; Lima-Djuricic e Lima-Rodrigo. E até já foi assumido apenas por Cardozo. As opções de Jesus podem agradar ou não aos adeptos. Mas, lá está, ele procura a melhor fórmula e aceita os riscos dessas mudanças repentinas.

São precisamente essas alterações de sistema e de posicionamentos que Paulo Fonseca ainda se recusa a fazer. Fernando tem sempre um colega ao lado, chame-se Defour ou Herrera; o FC Porto joga sempre com dois extremos, sejam eles Varela, Josué, Licá ou Ricardo. E Jackson está sistematicamente isolado no ataque, contando com a chegada de Lucho. Muda nomes, não sistema. Os adeptos reclamam mudanças. E não vale a pena tentá-las? 


- José Ribeiro, jornal Record, 29 de Novembro de 2013

António Varela: Benfica e Porto vão vegetando na mais absoluta mediocridade na Champions

António Varela: Benfica e Porto vão vegetando na mais absoluta mediocridade na Champions



A organização da final da Liga dos Campeões atribuída a Portugal foi uma prenda que a UEFA achou justo oferecer no ano do centenário de uma federação que alberga alguns dos figurantes mais animados das competições europeias, que episodicamente conseguem romper com o gigantismo dos poderosos, mas esta época vão vegetando na mais absoluta mediocridade. 

Entre crises de identidade ou decisões estratégicas mal avaliadas, os dois participantes portugueses na fase de grupos da Champions estão em vias de perder a oportunidade histórica de fazer valer o potencial das suas marcas, tipo "portuguese do it better". E não será por falta de vontade dos presidentes que isso acontecerá. Luís Filipe Vieira fez da presença do Benfica na final do Estádio da Luz uma das suas bandeiras mais recentes - tirada entendida como populista e que lhe valeu muitas críticas, agravadas pelo gozo do rival Pinto da Costa, disponível para exigir a presença do FC Porto no jogo decisivo com direito a vitória.


Mesmo relevando a ausência de realismo na projeção vieirista e a brincadeira deslocada do pintismo, a verdade é que os factos são um pesadelo para quem possa alguma vez ter pretensões quanto à definição de objetivos numa Europa futebolística agora a três, quatro ou cinco velocidades.

O Benfica venceu ontem num estádio onde o seu melhor resultado fora um empate e confirmou a participação na fase eliminatória da Liga Europa, mas o apuramento para da Liga dos Campeões depende da influência de terceiros (Anderlecht a roubar pontos ao Olympiacos), para além de um jogo bem-sucedido com o líder ao grupo, Paris Saint-Germain. Cenário mais gravoso se coloca a FC Porto (também já com a Liga Europa garantida), obrigado a ganhar em Madrid e esperar por um desaire do Zenit. Para quem queria uma festa portuguesa no Estádio da Luz, o cenário dificilmente poderia ser mais descoroçoante.

Ilustrativo da penúria portuguesa nas competições europeias desta época é também o facto de o triunfo do Benfica ontem ter significado acabar com um jejum de vitórias que já durava desde 19 de setembro, quando o V. Guimarães derrotou os croatas do Rijeka na 1.ª jornada da fase de grupos da Liga Europa. 


Desde esse dia, as equipas portuguesas disputaram 18 jogos e não venceram nenhum. Até à jornada de Bruxelas, onde acabou uma série negra que reduz a imagem de força do futebol português ao pretensiosismo pequeno-burguês de quem não tem meios para se meter em tão altas cavalarias. 

- António Varela, jornal Record, 28 de Novembro de 2013

Entrevista de António Carraça ao Record

Entrevista de António Carraça ao Record (em que todos podem ler e não há cá Record Premium).


RECORD ? O que correu mal nesta sua segunda passagem pelo Benfica?

ANTÓNIO CARRAÇA ?
Todos os projetos de vida ou profissionais têm objetivos. Individuais e coletivos. Do ponto de vista individual, foi um enorme privilégio ter liderado o departamento de futebol profissional do Benfica ao longo de dois anos. Ter estruturado e ser responsável por uma equipa, vasta e multidisciplinar, que deu sempre uma resposta profissional, competente, rápida e totalmente disponível às necessidades da equipa e do treinador, foi para mim um desafio ganho e uma experiência única e apaixonante. Do ponto de vista coletivo, além das vitórias e de muitas prestações de alto nível, o facto de termos falhado nos momentos cruciais obriga-nos, a todos, a assumir o fracasso de não termos atingido os objetivos definidos no início das épocas.

R ? O problema não foi então da estrutura?

AC ? O Benfica tem, na sua globalidade, uma das melhores estruturas do futebol europeu. Sempre defendi, e continuo a defender, que o próximo técnico do clube terá somente de se fazer acompanhar de um treinador de campo da sua confiança. O LAB, nas suas vertentes de Análise e de Fisiologia, o Departamento de Operações, de Segurança, Médico, de Apoio ao Jogador, de Equipamentos, de Comunicação e de Transporte são a estrutura que qualquer grande clube europeu desejaria ter.

R ? Bom, então o que é que correu mal?

AC ? A única coisa que correu mal foi não termos ganho os títulos que deveríamos obrigatoriamente ter ganho. Porque tínhamos a melhor estrutura, o melhor plantel, as melhores condições estruturais de trabalho, o melhor público e o melhor presidente, que nos proporcionou tudo o que uma equipa da dimensão do Benfica terá de ter para atingir o sucesso! Inclusive o seu total apoio e envolvimento.

R ? Sendo assim, saiu porquê?

AC ? Saí porque eu e o presidente entendemos ser a melhor decisão, de forma a defendermos os interesses da equipa e do clube. Ao longo dos meus 40 anos de profissional de futebol, sempre fui a solução e nunca o problema.

R ? E porque é que essa foi a melhor solução?

AC ? A partir do momento em que Luís Filipe Vieira decide renovar com Jorge Jesus, fica claro que a minha saída é inevitável. Quando o presidente, de forma convicta, aposta na continuidade de um técnico, que na minha perspetiva não reunia as condições ? técnicas, psicológicas, de relacionamento humano e de imagem pública ? para continuar a ser treinador do Benfica, este teria de ser o lógico desfecho.

R ? Não ficou magoado com a decisão?

AC ? Pode parecer estranho e contraditório, já que fiquei desempregado, mas aceito e compreendo a decisão do presidente. Do meu presidente. Quem como ele tem trabalhado para que o projeto desportivo do Benfica tenha sucesso, criando, com grande criatividade e engenho, as condições estruturais e humanas necessárias para os títulos, é perfeitamente natural que as opções tenham de se fazer. E essa é a sua função! Por isso é que é o presidente do Benfica com 83 por cento dos votos a sufrágio nas últimas eleições. Continuo, por isso, e porque sou seu amigo, a dar-lhe como sempre o meu apoio. E a defender o seu projeto e a sua continuidade à frente do Benfica.

R ? Acha que Jesus não deveria ter continuado no Benfica por ter perdido as três competições?

AC ? Nos meus relatórios, e ao pormenor, eram abordadas todas as questões estruturais, individuais e de funcionalidade do departamento de futebol. E aí defendi o fim de ciclo do treinador Jorge Jesus no Benfica. Por defender esta decisão, terminou o pequeno ciclo António Carraça.

R ? Sentiu-se como um bode expiatório no final da época? Afinal, foi a sua cabeça que rolou como se fosse o mal de todos os pecados?


AC ? De forma nenhuma. Quem como eu vive do e para o futebol profissional, sabe que o que se passa na realidade não é do conhecimento público. O que transparece na comunicação social é reflexo de falsas confidências, telefonemas com intenções determinadas, influências de amigos, um sem-número de virtualidades que não correspondem à verdade. Não houve bodes expiatórios, tão-somente decisões de índole política e de gestão de prioridades!

R ? Pagou por aquilo que se passou no Jamor na final da Taça?

AC ? Não, mas aconteceram dois factos graves na final da Taça de Portugal. A derrota da nossa equipa, que não poderia nunca acontecer. Nunca poderíamos perder, sem desrespeitar o Vitória, claro, com uma jovem equipa com cinco jogadores da equipa B e quatro meses de salários em atraso. Como não sou jogador ou treinador, a minha responsabilidade no resultado do jogo é tão-somente solidária com a equipa. Eu e a minha estrutura criámos todas as condições para que os jogadores e a equipa técnica tudo tivessem para fazer o seu trabalho.

R ? E o Cardozo?

AC ? O comportamento incorreto de Cardozo para com o seu técnico, eu também não o poderia evitar. Era impossível, pois nesse momento estava junto dos responsáveis da FPF, a tentar apressar as obrigações para a comunicação social e a entrega das medalhas. Por isso não estava perto. Além disso, o jogador em causa é um homem adulto, e responde pelos seus atos e atitudes. Ato que não poderia nunca ter sido protagonizado numa instituição como o Benfica por um seu atleta.

R ? Mas aconteceu?

AC ? Sim, e para resolver esses atos existem o Regulamento Interno e o Contrato Coletivo de Trabalho. O resto das insinuações, da minha pseudorresponsabilidade, de situações acontecidas no Jamor, do não cumprimento ao senhor Presidente da República ? que deveria estar acompanhado pelo presidente do Benfica para este fazer as devidas apresentações jogador a jogador ? e de não presenciarmos a entrega das medalhas aos vencedores aparecem a pedido de ?amigos? que não gostam do meu estilo de gestão e porque alguns pseudocomentadores de televisões e de jornais, que nunca deram nada ao futebol e que vivem desta forma paralela graças a ele, não tiveram coragem nem capacidade de dizer a verdade e explicar por que perdeu o Benfica onde deveria ter ganho!

R ? Já agora: porque não assistiram à entrega da Taça ao V. Guimarães?

AC ? Já tinham passado cerca de 25 minutos do fim do jogo - e o meu dever é proteger os meus jogadores ? e, por outro lado, onde estavam os vencedores aquando da entrega das medalhas aos vencidos?

R ? A agressão de Luisão ao árbitro na Alemanha: acha que lidou bem com o assunto?

AC ? Não houve agressão. Houve sim um contacto um pouco despropositado, que não deveria ter acontecido e que foi inflacionado por um pseudoárbitro, incompetente e comediante. Geri a situação, no sentido de sensibilizar o árbitro e os responsáveis alemães a continuarem o jogo, com pedido de desculpas do jogador e a sua substituição por outro jogador.

R ? Fez tudo o que deveria ter feito?

AC ? Fui sempre impedido de contactar com o árbitro pelos responsáveis do Fortuna. Durante cerca de 20 a 25 minutos, de forma infrutífera, tentei por todos os meios falar com o árbitro, sem me abrirem a porta. Não tenho dúvidas que só a influência e o poderio institucional da Federação alemã proporcionou o desfecho deste incidente. Basta ver os incidentes que acontecem todas as semanas por esse futebol mundial e comparar as sanções.

R ? Na memória ficou a imagem de Carraça e Jesus a rirem-se da situação. Não acha que foi altamente desajustado ao que se estava a passar?


AC ? Isso não é verdade. Não houve qualquer imagem do diretor do futebol a sorrir perante esses acontecimentos. Até porque entrei no relvado, e com o árbitro e dirigentes alemães recolhi logo ao túnel. Além disso, a situação não era para rir.

R ? Como define Vieira como líder?

AC ? É um presidente apaixonado pelo Benfica e pela sua função. Com enorme capacidade de trabalho, solidário, empenhado e com uma visão estratégica para o clube, para o futebol e empresas do grupo Benfica. Conseguiu regenerar por completo a situação financeira e empresarial do Benfica. Criou e construiu estruturas modernas, funcionais e de referência que o tornam num dos maiores clubes do Mundo. Quando obtiver sucesso desportivo, e acredito plenamente que o terá, será o presidente mais importante da história do clube.

R ? O que tem de fazer?

AC ? Terá de apostar, com tempo e estabilidade, em uma ou duas pessoas para trabalhar com ele no futebol. Se virmos o que se passa nos clubes de maior sucesso na Europa e no Mundo, as estruturas pensantes do futebol são compostas pelo presidente e por mais uma ou duas pessoas da sua total confiança. E que trabalham juntos durante mais de uma década. Que assumem, por inteiro, o controlo executivo das áreas do futebol. Sem interferências internas, de administradores, diretores, funcionários, etc. E sem interferências externas, de amigos, empresários, jornalistas, comentadores, que constantemente enviam emails e fazem telefonemas a darem a sua opinião, desajustada do que é a realidade, e que por vezes podem influenciar decisões. A estabilidade e a confiança são fundamentais para atingir o sucesso! Em dez anos, quantos responsáveis pelo futebol teve o Benfica? Que me lembre, quatro ou cinco.

R ? Entendeu-se sempre bem com ele?

AC ? O meu entendimento com Luís Filipe Vieira teve, tem e terá como bases a verdade, o respeito, a comunicação, o profissionalismo, a lealdade e a amizade. Ele sabe que lhe digo sempre o que penso. Mesmo que fique desempregado. Sabe que não defendo interesses pessoais e que acima de tudo está a equipa, o Benfica e a confiança que depositou em mim. Sabe que assumo sempre o que digo e o que faço. Sabe a paixão que tenho pelo meu trabalho. E sabe também que sou profissional do futebol há 40 anos, não tenho fortuna pessoal e nunca ganhei milhões de euros por ano, por isso necessito de trabalhar para viver, mas isso não me impede de ser independente no pensamento e nas decisões e que existem coisas que o dinheiro não compra!

R ? Sentiu-se sempre respaldado por Vieira?

AC ? Sempre me apoiou e me deu, a mim, à estrutura, aos jogadores e à equipa técnica, as condições de excelência de que necessitávamos para ganhar tudo. Sempre apoiou as minhas decisões.

R ? Foi alguma vez desautorizado ou desrespeitado pelo presidente?

AC ? Nunca isso aconteceu, durante os seis anos em que me deu a honra e o privilégio de trabalhar no Benfica e com ele.

R ? Há quem diga que Vieira sacode as responsabilidades quando as coisas correm mal. Concorda?

AC ? De forma nenhuma. Assume as responsabilidades dos seus atos e decisões. E é isso que todos os benfiquistas esperam dele. Por isso votaram em massa no seu projeto e na sua pessoa. Comete erros? Claro que comete! Mas segue em frente, retirando ilações e dando a cara e o peito às balas.

R ? Abandonou o Benfica em junho, mas só recentemente rescindiu o contrato. Porquê?

AC ? O timing foi definido pelo presidente e por mim. Ressalvo o facto de o Benfica ter cumprido todas as responsabilidades a seu tempo assumidas. No Benfica, a palavra e a honra fazem parte do seu código de conduta!

R ? Teve esperança de voltar?

AC ? O meu ciclo Benfica terminou. Com orgulho, prazer e tendo a certeza de que a minha passagem marcou algumas pessoas. Assim como elas me marcaram a mim. Não posso esquecer que muitas delas trabalharam comigo na formação, entre 2004 e 2008, e fui encontrá-las agora no futebol profissional. Assim como dezenas de jovens jogadores que nesses anos iniciaram o seu processo formativo e hoje são promessas do futebol português: Ivan Cavaleiro, Miguel Rosa, Bruno Varela, João Cancelo, Hélder Costa, Bernardo Silva e muitos outros.

R ? Ficou marcado logo no primeiro dia por ter afastado dois dirigentes do campo de treinos.

AC ? Marcado? Porquê e por quem? Não dei, nunca o fiz e nunca darei importância a esses ? Fait divers?. Quem me conhece e quem trabalhou comigo, sabe que levo muito a sério o meu trabalho. Que imponho regras de funcionamento, no que concerne à proteção do grupo e blindagem da estrutura, de que não abdico. Que só frequentam os espaços da equipa quem dela faz parte. Toda a gente sabe que sou uma pessoa educada e respeitadora, que não invade o espaço de ninguém. E por isso exijo o mesmo!

R ? Há quem considere que abusou da sua autoridade.

AC ? Sou frontal e direto sempre que tenho de tomar qualquer posição e digo sempre o que penso, cara a cara, olhos nos olhos. Ao contrário de algumas figuras decorativas, ?papagaios? pequeninos, feios e vulgares, de interesses duvidosos e que vagueiam no universo Benfica de forma sorrateira e interesseira, aproveitando todas as oportunidades para aparecerem na fotografia e na televisão. E que, cobarde e intelectualmente mentirosos, desrespeitaram o meu trabalho e o do meu grupo e de forma maldosa teceram comentários acintosos e de falta de solidariedade institucional.

R ? Quem são os papagaios?

AC ? Todos os que estão atentos ao que se passa no clube, sabem a quem me refiro. O que se pode esperar de indivíduos que deixam o seu presidente sozinho, depois de uma derrota humilhante na final da Taça? O que se pode esperar de indivíduos que, mesmo ao lado do gabinete do presidente, traçam cenários de substituição presidencial para as próximas eleições? E, por favor, gostaria de ficar por aqui!

R ? A esta distância consegue explicar por que é que o Benfica falhou nos momentos decisivos?

AC ? Num processo coletivo, todos perdemos e todos ganhamos. É assim que entendo o trabalho de equipa. Onde todos contribuem com os seus conhecimentos, valências, decisões e responsabilidades para o sucesso. Também por isso, todos somos responsáveis, uns mais do que outros, pelos insucessos do coletivo. Mas não poderei, seria hipócrita da minha parte e iria contra as minhas convicções e ideais, no que entendo serem os interesses do Benfica, e porque dei conhecimento, em relatórios escritos ao presidente, deixar de assumir as principais razões por que falhámos nos momentos decisivos: por erros técnicos do treinador Jorge Jesus!

R ? Que erros técnicos?

AC ? Erros técnicos e de decisão duvidosa em jogos nucleares! Por incorreta e pouco inteligente gestão do plantel no que diz respeito à utilização de jogadores fundamentais em jogos onde poderiam e deveriam ser poupados! Por incorreta e insensível utilização de jogadores em treinos e jogos com alguma debilidade fisiológica. Esta é a verdade nua e crua. É a minha verdade.

R ? E nunca confrontou Jesus com esses erros?

AC ? Sempre que o treinador me pedia a opinião, eu dava-a. É importante que os treinadores tenham consciência de que também erram, e que essa consciência, discutida e analisada internamente, possa ser o caminho para a regeneração e para o êxito no futuro. Até porque as suas constantes más decisões podem pôr em risco investimentos de dezenas de milhões de euros.

R ? No final da época não deu conta aos seus superiores hierárquicos do que estava mal e do que deveria ser mudado?

AC ? Sempre reportei ao presidente. E é assim que terá de ser. Só poderemos ter sucesso com duas ou três pessoas a liderarem as áreas do futebol. A informação e o acesso têm de ser cerceados e limitados. E as decisões têm de ser rápidas e corretamente concretizadas. E sem desvios! Porque sempre assumi o que dizia ou fazia, elaborava frequentes documentos escritos a Luís Filipe Vieira, e nos dois finais de épocas entreguei relatórios com mais de 200 páginas. Analisando a atividade, assumindo erros, fazendo críticas, apresentando soluções e caminhos e, em ambos, pondo o lugar à disposição.

R ? E nesse sentido que indicações deu?

AC ? A análise foi pormenorizada e assentou em bases e princípios definidos no início da época. Todos sabíamos o que fazer. Todos sabíamos o que não podíamos fazer e o que não podíamos repetir no segundo ano. As minhas propostas foram sempre alicerçadas em dados concretos. Mas para haver mudança e evolução, temos todos de as querer. De saber trabalhar em grupo. Respeitando o trabalho e responsabilidades dos outros. Respeitando e aceitando a diferença. Ter a real consciência de que não sabemos tudo e que não controlamos tudo. Ter envergadura moral e intelectual, de forma a termos a admiração dos nossos pares. E ser solidário! E interiorizar, em todos os momentos, de que trabalhamos no Benfica. E que somos escrutinados por isso.

R ? Ficou a ideia de que as suas relações com Jesus foram sempre difíceis e conflituosas. Foi assim?

AC ? Todas as pessoas, na sua génese, têm formação e educação diferentes. E por isso adotam comportamentos e relacionam-se com os outros também de forma diferenciada. Tal como já referi, a minha forma de trabalhar tem como base o envolvimento coletivo, em que cada um desenvolve o seu trabalho o melhor que sabe e pode, assumindo as suas responsabilidades a quem lidera. E foi assim com a minha estrutura e com a estrutura técnica. Todos sabíamos qual a nossa função e em que áreas éramos os responsáveis.

R ? Nunca se meteu onde não devia?

AC ? Eu nunca me intrometi ou me intrometo na área técnica, até porque tenho a vantagem e a sensibilidade de ter sido treinador. Mas também, por isso, nunca admiti ou admito que alguém se intrometa na minha área de responsabilidade e gestão. Quem não entender isto, não tem condições para trabalhar num clube como o Benfica. Com a minha estrutura, tudo funcionou perfeitamente e a qualidade do trabalho desenvolvido é prova disso. Fomos uma equipa!

R ? É verdade que quase chegou a vias de facto com o treinador? Em que circunstâncias?

AC ? Para fazermos vincar a nossa autoridade não é necessário chegarmos a situações de conflito direto. Por isso somos seres racionais e inteligentes. E quando confrontados com seres menos inteligentes e menos racionais, só temos de fazer valer essa grande diferença nos nossos atos e posturas. Além isso, eu era o representante do Benfica e do presidente!

R ? Domingos Soares Oliveira tem um papel relevante no Benfica. Vê-o como um possível candidato à presidência?

AC ? De forma nenhuma. Primeiro, porque não o poderá ser tão depressa, pois presumo que só tem cerca de dez anos de associado; e depois porque a função que ocupa na hierarquia ? presidente da comissão executiva ? já lhe dá todo o poder executivo para liderar em quase todas as suas áreas. E porque as suas decisões e atos executivos não têm o escrutínio público, e não são penalizados, já que é Luís Filipe Vieira quem responde publicamente por toda essa gestão, não vejo razão para alterar o seu estatuto. Até à minha saída, Domingos Oliveira controlava todo o aparelho do clube e empresas associadas com profissionais escolhidos por ele e da sua confiança. Exceto o futebol profissional ? equipas A e B ?, cujo responsável era o diretor do futebol, que reportava somente ao presidente.

R ? Após a sua saída, assumiu mais responsabilidades no futebol.

AC ? Sim, começou a ter uma palavra também no futebol profissional, sendo agora normal reunir-se assiduamente no Seixal com o responsável da formação, que tem a equipa B a seu cargo, e com Lourenço Coelho. Acredito, com as diretrizes do presidente. A verdade é que não existe, em nenhum clube do Mundo, um quadro que detenha tanto controlo e poder em todas as suas áreas desportivas e empresariais. Não estou a tecer qualquer crítica, até porque é claramente uma opção do presidente. Trata-se de uma mera constatação de um sócio do Benfica.

R ? Manteve com ele uma boa relação?

AC ? Mantive com todos os profissionais e colaboradores do clube uma relação cordial, respeitadora e profissional. Mas, volto a referir, só trabalhei seis anos no Benfica como responsável pelas minhas áreas e sempre a reportar somente a Vieira. Estamos a falar de futebol!

R ? Foi conhecido o seu mau relacionamento com quase todos os elementos da direção do Benfica, à exceção do presidente. Não foi uma imprudência assumir a postura do quero, posso e mando?

AC ? Isso não é verdade. Não sou, nem nunca fui, um líder do quero, posso e mando. Liderei sempre com diálogo, justiça, verdade, constante interação entre todas as áreas do departamento, solidariedade e assumindo sempre uma lógica coletiva. Basta falar com os meus antigos colaboradores. Podem dizer, por outro lado, que sou exigente, rigoroso, intenso, chato por vezes, que sei o que quero e como quero, que não sou permeável a pressões e influências e acima de tudo independente nos meus pensamentos, atos e decisões! Em relação a esse pretenso mau relacionamento com os dirigentes, não sei do que se trata. Até porque os nossos contactos eram esporádicos. E porque o meu trabalho e área de ação não colidia com o seu espaço.

R ? Não era essa a impressão que passava...

AC ? Acredito que não seja o tipo de diretor a que sempre estiveram habituados. Além do presidente, a quem reportava, não permito interferências na minha área de responsabilidade nem discuto ou abro espaço para comentários sobre o futebol profissional. Não vou a jantares ou almoços em grupo ou frequento locais noturnos. Não contrato pseudobruxos ou pseudovidentes africanos, acreditando que assim posso influenciar resultados e ganhar jogos. Comigo não existem confusões e agressões nos túneis, já que essa é também uma área onde só está quem trabalha com a equipa. Nunca pressionei ou tentei influenciar, na competição ou fora dela, qualquer árbitro, já que defendo o respeito, a confiança e a independência entre ambas as partes e acredito que o Benfica não necessita disso para ganhar. E porque ganhar com batota não faz sentido e não tem qualquer valor. Não estabeleço ligações pessoais com jornalistas ou opinadores, no sentido de trocar informações e retirar proveitos pessoais e fazer assim lóbis de influência. Por tudo isto, é normal que existam pessoas que possam não gostar do meu perfil de profissional.

R ? Jesus nunca aceitou com agrado a sua presença na estrutura?

AC ? Terá de perguntar ao senhor treinador. Mas essa questão para mim não era e não é de todo importante.

R ? O treinador imiscuiu-se na sua área de ação?

AC ? Nunca lho permiti ou permitiria. Os treinadores têm de compreender que são responsáveis pela área técnica. E é nessa área que têm de se focar, para poderem desenvolver o seu trabalho com os jogadores. Claro que terá de existir um polo de comunicação constante, solidário, leal e construtivo entre o treinador e o diretor. Porque só assim o trabalho sai solidificado e forte e só assim será possível o clube ganhar.

R ? O diálogo com o treinador foi fácil?

AC ? Ninguém sabe tudo. Ninguém pode ter a arrogância de julgar ter o conhecimento único e total. Quando os treinadores têm essa atitude, acontece o descalabro. O fracasso. E num clube como o Benfica, aconteceu um terramoto de enormes proporções.

R ? Jesus é um treinador muito invasivo?

AC ? O treinador do Benfica tem enormes capacidades técnicas, conhece o jogo, é intuitivo, mas não quer trabalhar em equipa. É individualista e tem pouco sentido de respeito social, por isso prejudica a equipa, os jogadores e o clube. Se algum dia quiser e entender que o seu trabalho só melhora com o contributo e a qualidade individual dos profissionais que o rodeiam, não tentando intrometer-se nas áreas em que não tem valências e conhecimentos e quando se relacionar com os outros de forma respeitadora e educada, poderá ser um dos melhores treinadores o Mundo. Mas não acredito que o queira ser. Até porque foi assim que se tornou treinador do Benfica durante pelo menos cinco anos e é milionário!

R ? É um facto que Jesus cria profundo desgaste na relação com os jogadores?

AC ? Se um psicólogo analisar os comportamentos públicos do treinador do Benfica, se analisar as reações dos atletas durante os jogos a esses comportamentos e verificar como reagem em situações de jogo, temos a resposta.

R ? Recebeu muitas queixas dos jogadores?

AC ? Não irei de forma alguma falar sobre assuntos que abordei com os jogadores do Benfica em privado e no desenrolar das nossas atividades profissionais.

R ? Teve de gerir muitas situações de conflito provocadas pelo feitio de Jesus?

AC ? Sim, mas essa também era uma das muitas minhas funções. E tais ocorrências nunca foram públicas. Sinal de que a estrutura funcionava.

R ? Assumiu-se como o ?polícia? do balneário do Benfica. Foi isso?

AC ? Essa é uma ideia ridícula e disparatada. O meu relacionamento com os jogadores sempre se pautou dentro de um grande respeito mútuo, elevado profissionalismo, solidariedade, comunicação diária, amizade, cumplicidade e claro sentido de responsabilidade. Todos eles sabiam qual o seu papel e o papel do diretor. Quando existia motivo para um abraço e um elogio, eu dava-o. Quando existiam razões para uma chamada de atenção, uma crítica ou uma sanção, sempre de forma direta e esclarecedora ela acontecia. E sempre com sentido de justiça.

R ? Houve quem o visse como o ?bufo? do presidente. Quer comentar?

AC ? Essa é outra imagem acintosa e vulgar da minha função, lançada com propósitos claros, por pessoas que nunca trabalharam numa SAD e principalmente numa com a dimensão do Benfica. O meu ?report? ao presidente era natural, dentro do que foi determinado. Mas isso acontece em todas as grandes marcas e empresas pelo Mundo inteiro.

R - Foi jogador, treinador, presidente do sindicato, dirigente de clube. O que lhe falta fazer?

AC - São 40 anos de profissional de futebol. Queria ser cirurgião e apaixonei-me por este jogo. E não estou arrependido. Tudo o que sou, como homem, como cidadão e como profissional devo-o ao futebol e à minha família. À minha única, mágica e especial família que em todas as fases boas e menos boas da vida, estiveram ao meu lado. E continuarão a estar! Nunca me pus em bicos de pés na minha vida. Sempre tentei ser o mais discreto possível, tanto pessoal como profissionalmente, porque acredito que assim o trabalho de todos funciona melhor. Mas hoje, vou ser um pouco individualista, ao assumir, de que tenho um percurso profissional no futebol que poucos têm. E de que me orgulho! Como jogador, treinador e dirigente nacional e internacional. Mas tenho consciência de que ainda terei de fazer muito mais para sentir-me realizado. O que poderei fazer? Tudo, excepto ser algum dia presidente de clube...

R - Regressou ao Benfica para uma missão específica no futebol profissional. O que lhe pediu Vieira nessa altura?

AC - Regressei, penso que pelo meu perfil pessoal e profissional e pela minha experiência, para liderar uma estrutura e um grupo fantástico de atletas, que queria a todo o custo ganhar e ter sucesso desportivo. Queria e quer títulos. Tem fome de títulos! Com novos métodos de trabalho e de funcionalidade. Com uma lógica motivacional constante. Mais responsabilidade e disponibilidade. E sempre com grande paixão e prazer pelo nosso trabalho. Como entendo qualquer projeto dentro de uma lógica coletiva, fui mais um a contribuir para que conseguíssemos os títulos tão ansiados.

R ? Sim, mas o que lhe foi pedido em concreto?

AC - O documento que me foi entregue em Junho de 2011, "Futebol Profissional -Modelo Organizativo" determinava com precisão, todas as funções, de todos os profissionais da minha Estrutura e do próprio diretor do futebol profissional, a quem reportavam - a mim - que deveres e obrigações tinham, a quem eu reportava - somente a Vieira- e por isso, ficou muito claro a toda a gente, quais as áreas de competência e responsabilidade que me eram adstritas.

Funes Mori para fazer de Cardozo

Funes Mori para fazer de Cardozo

O jogador 22 anos, contratado ao River Plate, já se estreou pelos principais na partida da Taça de Portugal, em Cinfães, e ficou no banco na jornada passada
Com Cardozo ainda de baixa devido a uma lombalgia aguda, segundo informou o Benfica, Jorge Jesus optou por promover a inclusão de Funes Mori na sessão de preparação que decorreu ontem à tarde no centro de estágio do Seixal e que visou acertar agulhas já para a visita a Vila do Conde. 

Sem o Tacuara por tempo ainda indeterminado, o técnico dos encarnados volta a chamar a si o dianteiro argentino que tem brilhado pela equipa B, pela qual já apontou cinco golos, o último deles no empate a uma bola frente ao Feirense na ronda anterior da II Liga.

Avram Grant - "Markovic? Dos maiores talentos que vi"

"Markovic? Dos maiores talentos que vi"

Avram Grant orientou o sérvio no Partizan e ficou "fascinado" logo no primeiro treino.
Foi da Tailândia que Avram Grant falou a O JOGO. Desde que deixou o Partizan, no final de 2011/12, o técnico israelita tem andado pelo mundo a dar palestras em empresas e universidades. Devido à diferença horária (são mais sete horas em Banguecoque), a entrevista entrou-lhe madrugada dentro. Não se queixou, pois queria manter-se acordado para ver os jogos da Liga dos Campeões.

Se fizesse um ranking dos jogadores mais talentosos que treinou, em que lugar estaria Markovic?

Não gosto de fazer essas comparações até porque tive bons jogadores em todos os clubes. Posso dizer que, se deixarmos Cristiano Ronaldo e Messi à parte, é um dos maiores talentos que vi com esta idade.

O que pensou na primeira vez que o viu treinar no Partizan?

Desde o primeiro dia que percebi todo o seu potencial. Ele é muito rápido, com movimentos muito inteligentes, em especial nos contra-ataques. Pode jogar ao centro ou nos flancos, o que é muito bom. Na Liga sérvia, as coisas são mais difíceis porque todas as equipas só defendem contra o Partizan.

Juvenis: Benfica vence Sporting sem dificuldade

"FERRO" MARCA DOIS AOS LEÕES (3-0)

Juvenis: Benfica vence Sporting sem dificuldade


O Benfica recebeu e venceu o Sporting na tarde deste sábado por 3-0, em jogo da 13.ª jornada da Série D do campeonato nacional de Juvenis (1.ª fase), com o defesa-central Francisco Ferreira a destacar-se com um "bis" – Diogo Gonçalves fechou a contagem.
O Benfica entrou melhor no encontro, criando uma boa ocasião para marcar antes de chegar ao golo, por intermédio de Guga, que rematou à entrada da área, para grande defesa de Pedro Silva, aos 15 minutos.
Três minutos depois, Guga voltou a estar em evidência ao marcar o livre que deu o golo de Francisco "Ferro" Ferreira, que surgiu bem perto da pequena área sem oposição a desviar de pé direito.
O guarda-redes dos leões voltou a ser determinante aos 21 minutos, quando saiu da baliza e impediu que Diogo Gonçalves ampliasse a vantagem do Benfica.
O Sporting começou então a responder e um contra-ataque de Tiago Cabral, aos 24 minutos, quase deu golo. Valeu o desacerto de Alexandre Silva.
Aos 33 minutos, o mesmo Tiago Cabral desaproveitou uma excelente oportunidade para empatar ao rematar muito por cima de posição privilegiada, à entrada da área.
Os leões voltaram do intervalo com vontade de reagir, alargando a frente de ataque com as entradas de Eriberto e Ronaldo, mas foram os encarnados que chegaram ao 2-0, num outro lance de bola parada, de novo com finalização assinada por "Ferro", aos 52 minutos.
O único golo resultante de uma lance "corrido" aconteceu aos 65 minutos, com Diogo Gonçalves a dar o melhor seguim,ento a um cruzamento da direita de Hugo Santos.

Com este resultado, o Benfica passou a ter seis pontos de vantagem sobre o Sporting na classificação da Série D.

Hélder Cristóvão e o clássico: “Queremos muita gente no Seixal”

Hélder Cristóvão e o clássico: “Queremos muita gente no Seixal”
Este domingo é dia de clássico no Caixa Futebol Campos. Benfica B e FC Porto B jogam a 18.ª jornada da Segunda Liga, num encontro onde o técnico “encarnado”, Hélder Cristóvão não espera facilidades.

"Essencialmente a estabilidade é a principal característica do FC Porto B. É uma equipa mais estável do que a nossa, com menos mexidas, que cria mais rotinas e mais automatismos. É um grupo bom, com bons jogadores mas nós não vamos a afastar-nos do nosso processo e dos objectivos que traçámos no início da época por ser o FC Porto. Vai ser um jogo diferente, um jogo especial, um clássico", começou por analisar em declarações à Benfica TV.

Apesar de toda a emoção que envolve um clássico, o técnico garante que este encontro foi preparado com o mesmo empenho do que todos os outros. "Não se pode esconder que é uma atmosfera e também uma preparação diferentes  quer individual quer colectiva. Em termos motivacionais pouco há a dizer porque atendendo à grandeza que o jogo acarreta, os próprios jogadores tem o cuidado de se preparar. Em termos de treinos, foi tudo igual, tudo normal”, esclareceu.

Além do jogo em si, este domingo traz mais uma novidade. “É mais um jogo em casa, queremos que a casa esteja cheia, é a inauguração da bancada sul,  e queremos muita gente no Seixal. Façam deste jogo uma festa e apoiem a equipa. Não estamos longe dos lugares cimeiros mas falta-nos mais calor, mais presença e mais entusiasmo", apelou.

Sendo o primeiro clássico como treinador, Hélder Cristóvão esclareceu: "O sentimento é o mesmo, o meu sentimento é pelo Benfica e o adversário está do outro lado e não me diz muito."


Benfica – Oliveirense, 112-75: Exibição de excelência na Luz

Basquetebol 6.ª jornada

Benfica – Oliveirense, 112-75: Exibição de excelência na Luz


A equipa orientada por Carlos Lisboa venceu, este sábado, a UD Oliveirense na 6.ª jornada do Campeonato da LPB, por uns expressivos 112-75.

Num primeiro período de excelência, os “encarnados” começaram desde cedo a afastar-se da equipa visitante, terminando-o com uma vantagem de 19 pontos (37-18).
A partir daí, o Sport Lisboa e Benfica nunca mais parou de alargar a vantagem, sem dar qualquer hipótese ao adversário. Estava feito o 57-35 ao intervalo.
No terceiro período, o conjunto liderado por Carlos Lisboa deu continuidade ao processo iniciado desde os primeiros minutos de jogo (86-51).
No quarto e último período, o Benfica tinha apenas que confirmar a vitória. E assim foi. Estava feito o resultado final de 112-75.

Carlos Lisboa fez alinhar o seguinte cinco inicial: Tomás Barroso, Jobey Thomas, Betinho, Seth Doliboa e Frederick Gentry.

Jobey Thomas (27), Betinho (25), Seth Doliboa (12), Carlos Ferreirinho (11), Tomás Barroso (10), Frederick Gentry (6), Diogo Carreira (6), David Weaver (6), Cláudio Fonseca (6) e Artur Castela (3) foram os marcadores. 

Na próxima jornada, os “encarnados” visitam o Barcelos. O desafio está agendado sábado, 7 de Dezembro, no pavilhão da Escola Secundária de Barcelos.

Futsal passa exame em Coimbra com nota positiva

Futsal passa exame em Coimbra com nota positiva

A turma orientada por João Freitas Pinto foi, este sábado, a Coimbra, vencer a Académica por 3-6, na 13.ª jornada do Campeonato Nacional.

No pavilhão Engenheiro Jorge Anjinho, os “encarnados” entraram em pista para vencer uma Briosa que há duas jornadas consecutivas não sabe o que é ganhar. Ainda assim, a turma da Luz, depois de quatro vitórias seguidas, estava proibida de perder pontos.

O primeiro golo surgiu logo aos 6’ de jogo, pelos pés de Serginho. Era o primeiro de muitos. No minuto seguinte, foi Pablo del Moral que aumentou as contas em Coimbra. Sem dar muitas hipóteses ao adversário, Serginho, aos 10’, voltava a aumentar a contagem.

Mais um espectáculo de Futsal onde Bruno Coelho não quis deixar de dar o seu contributo. Aos 15’, o ala português fez o 0-4.

A Académica ainda conseguiu reduzir a desvantagem mas, ao intervalo, o Benfica vencia por 1-4.

No segundo tempo, foi a vez de Nené fazer a bola atravessar as redes da baliza adversária e aos 34’, Ricardo Fernandes fazia o 1-6.
A Briosa ainda conseguiu reduzir a distância dos “encarnados” mas não foi suficiente para os bater. Estava feito o resultado final em 3-6.

Com este resultado, o Benfica reforça a liderança do Campeonato Nacional, agora com 34 pontos, com mais dois jogos disputados do que o Sporting.

João Freitas Pinto fez alinhar o seguinte cinco inicial: Bebé, Ricardo Fernandes, Bruno Coelho, Rafael Henmi e Nené.

Na próxima jornada, os “encarnados” visitam o Modicus, num encontro agendado para o dia 7 de Dezembro, sábado.