quarta-feira, 7 de maio de 2014

Cartão de memória: então tu é que és o Benfica?

 Cartão de memória: então tu é que és o Benfica?

Nasceu das cinzas o Benfica mais vermelho que me lembro

Tivesse eu mais dez anos, talvez, e nesta altura estaria a dizer ao Benfica: «Eh pa, estás na mesma». Ou então um «Tás gordo pá», que é aquele apontamento que só foi um elogio num tempo em que pesar quilos a mais era sinónimo de estar bem na vida.
Mas não. Hoje olho para aquelas camisolas vermelhas e só digo: «Então tu é que és o Benfica? Muito prazer. Já ouvi falar muito bem de ti».

Eu cresci a ouvir muita coisa sobre o Benfica. O grande Benfica. O Benfica europeu. Que mandava. Que ditava leis. O Benfica onde as camisolas ganhavam jogos. O Benfica dominador.
Traçaram-me o perfil de um gigante adormecido. Moribundo em alguns anos. Contaram-me o que foi, como era, como poderia ter sido.

Mas eu só via um Benfica hesitante. Errático. Um Benfica que se escondia, que ficava pequeno. Via um Benfica que envergonhava o passado e que não tinha nada a ver com o que me diziam. Via, em suma, um Benfica que não era o Benfica.

Más companhias, más escolhas. Uma sucessão de tiros ao lado. Se calhar o azar, mas a fortuna pouco explica no futebol. Explicações para aquela pálida imagem do que me diziam ser o Benfica havia aos montes. Umas por demérito próprio. A maioria por mérito alheio.
Tenho memória de três campeonatos ganhos pelo Benfica, para além deste. Em 1994 era ainda novo de mais para perceber se aquele ainda era o Benfica dos livros. Dizem-me que sim. Que foi o último Benfica a sério. Em 2005 vi um Benfica menos mau que os demais. Em 2010 um Benfica vistoso, artista e arrogante. Mas a sofrer até ao fim.

Em 2014 chegou o Benfica mais vermelho. O Benfica de cabelos pintados e de 33 na face. O Benfica que eu nunca vira e para o qual terei de arranjar uma gaveta nas memórias.
«Então tu é que és o Benfica?». O Benfica que manda, que é campeão com margem suficiente para fechar a camisola e erguer os braços. Para ir de um lado ao outro da pista e saudar toda a crew em gaudio. O Benfica com duas finais europeias seguidas.

Nasceu das cinzas de um final deprimente. Cresceu no caos, segurou-se nas indecisões e absorveu o medo inimigo. Foi ganhando pontos, fé, prestígio. Cresceu até ser o Benfica mais dominador que tenho memória. Que ganha com dez, em casa e fora. Que resiste com nove.
A ponta final da época passada, e o tom elevado de Jesus quando se debruça sobre o tema só o confirma, deixa aberta a porta do «E se…».

Mas este Benfica é mais maduro. É mais Benfica. É um Benfica que ainda não conhecia.

Muito prazer, então. Mostra lá o que sabes fazer mais.  

Como a águia deu a volta à armadilha vilacondense

Como a águia deu a volta à armadilha vilacondense

Bolas paradas e pressão mais à frente, as chaves que decidiram a final

Dois golos de bola parada decidiram uma final em que o Rio Ave não foi capaz de materializar o bom início e as dificuldades que criou ao Benfica no primeiro tempo. Os números apurados pela equipa da Universidade Lusófona para o Maisfutebol mostram também que a resposta dos encarnados se refletiu numa segunda parte de controlo quase absoluto. Este traduziu-se no «desaparecimento» de Oblak depois do intervalo e, principalmente, na forma como o adversário passou a perder muitas bolas no início de construção dos ataques.


Começando pelo princípio, e pelo bom início da equipa orientada por Nuno Espírito Santo, é justo sublinhar duas chaves: a primeira, a velocidade de Ukra, Rúben Ribeiro e Pedro, bem aproveitada por lançamentos para as costas da defesa encarnada. Esse trabalho coletivo que teve os médios Filipe Augusto e Tarantini como expoentes – foram eles os principais responsáveis pelo critério demonstrado pela equipa na forma como escapou à habitual pressão defensiva dos encarnados em zonas mais adiantadas.

Nesse sentido, o quadro acima é particularmente elucidativos: na primeira parte, Benfica e Rio Ave tiveram valores muito próximos de perda de bola na primeira fase de construção. Até porque a organização defensiva dos vilacondenses obrigava o Benfica a sair muitas vezes pelas laterais, através de Rúben e Luisão, os elementos mais livres para pegar na bola. Mas quando, no final da primeira parte, e numa fase de equilíbrio, o Benfica conseguiu uma das raras roturas, o remate de Rodrigo obrigou Ventura a grande defesa para canto. Desse lance nasceu o golo que desmontou as estratégias iniciais e mudou a história do jogo, como o atesta o quadro de perdas de bola na segunda parte:

A vantagem no marcador obrigou o Rio Ave a tornar-se menos compacto. Como consequência, o Benfica pôde subir mais o bloco de pressão, com Enzo e Rúben Amorim mais próximos dos avançados. Isto teve o duplo efeito de permitir aos encarnados recuperar a bola mais perto da área do Rio Ave (23% de perdas na primeira fase, um número muito elevado), ao mesmo tempo que anulou as soluções ofensivas que os vilacondenses tinham explorado no início do jogo. Assim, Tarantini e Filipe Augusto foram-se apagando, permitindo a Enzo mandar no jogo como ainda não o tinha feito.


Foi isto que afastou o jogo definitivamente da baliza encarnada: o Rio Ave só conseguiu dois remates depois do intervalo, nenhum deles enquadrado com a baliza, e Oblak, decisivo na primeira parte, passou a ser pouco mais do que um espectador privilegiado.


Por contraste, o Benfica, que tinha feito seis remates na primeira parte, e marcado no sexto e último, já em cima do intervalo, traduziu o ascendente num aumento significativo de remates, com Luisão a sentenciar a partida no aproveitamento de mais uma das 11 situações de bola parada de que dispôs. Curiosamente, menos do que o Rio Ave, que teve 15. E terá sido esta diferença de eficácia a última das chaves que explicam a final de Leiria.

Jorge Jesus faz analogia... com a seleção alemã

Jorge Jesus faz analogia... com a seleção alemã

PAÍS QUE MAIS VEZES CHEGOU À FINAL DE UM MUNDIAL

Jorge Jesus elogiou o adversário que o Benfica bateu em Leiria (2-0) no segundo troféu conquistado esta temporad lembrando o percurso na Taça da Liga.

"Esperava um Rio Ave organizado e foi o caso. O Rio Ave tem uma boa equipa. Enquanto emocionalmente o adversário acreditou que poderia discutir o jogo foi muito perigoso. O Benfica fez uma prova da Taça da Liga irrepreensível, com zero derrotas e zero golos sofridos", disse em declarações à TVI no final da partida. Depois, o treinador encarnado refutou que a vitória na final ante o Rio Ave se tratasse de um ato de "caçar-fantasmas", em clara referência à temporada transata em que as águias acabaram de mãos a abanar, dando como exemplo as cinco finais perdidas pela Mannschaft.

"A equipa que mais vezes foi a finais de Mundiais foi a Alemanha [n.d.r.: sete, juntamente com o Brasil]. Sabem quantas ganhou? Ganhou uma vez! [n.d.r.: a Alemanha conquistou três títulos mundiais e não um] Não deixa de ser uma grande seleção porque está nas finais de Mundiais. Os melhores estão nas decisões. Os melhores ganham mais vezes quando lá chegam, não ganham todas mas ganham mais vezes. Quando se coloca a questão de ser ‘caça-fantasmas’… Ganhar uma prova tem a ver com ‘caçar-fantasmas’? Isso é nunca lá chegar".

"Eu disse aos jogadores hoje isto. Normalmente fala-se em jogo a jogo. Nós orgulhamo-nos de dizer 'final a final'. O que importa é desfrutarmos esta época. Já conquistámos o nosso grande objetivo esta época, o campeonato, e agora ganhámos a Taça da Liga. Temos mais duas para conquistar."

«Fizemos uma Taça da Liga irrepreensível»

Após a conquista da quinta Taça da Liga para a história do Benfica, o treinador dos encarnados recordou a prestação da equipa na presente edição da prova.

«O Benfica fez uma Taça da liga irrepreensível, não sofremos golos nem derrotas», lembrou após o triunfo, por 2-0, sobre o Rio Ave: «Foi uma equipa organizada. Foi muito perigosa enquanto emocionalmente acreditou que podia discutir o jogo com o Benfica.»

Em declarações à TVI, o tema dos “fantasma” voltou a ser abordado: «O discurso tem de ser diferente. A Alemanha foi a seleção que mais vezes esteve em finais do Campeonato do Mundo mas só ganhou uma. Mas não deixa de ser um grande. Os melhor estão nas decisões mas só podem ganhar quando lá chegam. Ir a uma final é caçar fantasmas? Agora faltam duas finais. Sempre disse aos jogadores que temos de pensar jogo a jogo. Hoje temos o orgulho de dizer que é final a final.»

Jesus vai lançar jogadores da equipa B no Dragão

Jorge Jesus vai apostar em jogadores da equipa B do Benfica no clássico de sábado com o FC Porto, no Estádio do Dragão.

«Vamos dar mais minutos a alguns jogadores que nunca jogaram, inclusivamente da equipa B, para na quarta-feira, em Turim, não jogarmos no limite do risco», anunciou o treinador dos encarnados.

E no próximo ano? «Para o ano não sei. O importante é desfrutar este ano. Ganhámos o grande objetivo que era o campeonato. O meu objetivo é ganhar no Benfica. Ninguém nos pode tirar mérito pelo que fizemos na época passada. Este ano fomos pela mesma estrada, à procura do que fizemos no ano passado.»
Jorge Jesus foi taxativo quando questionado, depois da final da Taça da Liga com o Rio Ave, sobre o seu futuro no Benfica.

«Tenho mais um de contrato com o Benfica e ponto final», sentenciou o treinador dos encarnados.

Ruben Amorim: «Faltam duas»

Ruben Amorim: «Faltam duas»

MÉDIO GANHA TAÇA DA LIGA MAS QUER MAIS

Ruben Amorim disse, em entrevista rápida à TVI, que o Benfica "entra sempre para ganhar" e que irá tentar conquistar a Liga Europa e a Taça de Portugal, depois da vitória na Taça da Liga frente ao Rio Ave (2-0).


"Tivemos a pontinha de sorte que não tivemos o ano passado. Merecemos inteiramente esta vitoria. Faltam duas", destacou no final da partida disputada em Leiria.


Rodrigo: «O segredo tem sido a união»

Rodrigo: «O segredo tem sido a união»

ELEITO O MELHOR EM CAMPO NA FINAL DA TAÇA DA LIGA

Rodrigo foi eleito o homem do jogo na final que terminou com o Benfica a celebrar a conquista da Taça da Liga, a 5.ª do seu palmarés, diante do Rio Ave (2-0). O avançado marcou o primeiro golo da partida, mas atribuiu o mérito a todo o grupo encarnado.


"A equipa toda mereceu. O grande segredo tem sido a união. Não começámos a época da melhor forma mas demos a volta por cima. Fico feliz pelo prémio, mas o mérito é de todos", afirmou o jovem hispano-brasileiro.

Luisão: «Ganhar no Benfica é sempre diferente»

Luisão: «Ganhar no Benfica é sempre diferente»

CAPITÃO FELIZ COM MAIS UMA CONQUISTA

Luisão foi um dos obreiros de mais um título conquistado pelo Benfica, desta feita a Taça da Liga. O central apontou o segundo golo do encontro diante do Rio Ave.


"É emocionante, ganhar no Benfica é sempre diferente. Valorizamos cada conquista, esta é a segunda da temporada. Esperámos dois anos para ganhar e foi suado. Conquistar tudo? É prematuro dizê-lo mas já ganhámos duas provas", disse à Benfica TV.

Enzo Pérez: «Só penso na equipa»

Enzo Pérez: «Só penso na equipa»

QUER CELEBRAR CONQUISTA DA LIGA EUROPA

Enzo Pérez foi mais uma vez peça central no triunfo do Benfica na final da Taça da Liga (2-0 ao Rio Ave), mas já pensa na Liga Europa. Ainda assim, o médio sabe que não vai poder discutir a final com o Sevilha, embora não fique preocupado com esse facto.

"Agora só penso na equipa. Tenho pena de não chegar à final por um erro que cometi mas temos um plantel guerreiro que aguentou o jogo com a Juventus. Só tenho de agradecer o carinho que os adeptos têm dado", sublinhou, em declarações à Benfica TV, durante a festa.


Quanto à partida, Enzo destacou a forma como os encarnados deram a volta a um arranque de encontro menos positivo: "Entrámos um pouco mal em jogo, mas acomodámo-nos, ditámos o ritmo da partida, marcámos e acabámos por fazer uma segunda parte", rematou.

Rui Costa: «Vamos lutar arduamente para conquistar tudo»

Rui Costa: «Vamos lutar arduamente para conquistar tudo»

GARANTE AMBIÇÃO NAS DUAS FINAIS QUE FALTAM

"Uma grande noite". Foi assim que Rui Costa descreveu a segunda conquista do Benfica esta temporada, depois de os encarnados arrebatarem a Taça da Liga, diante do Rio Ave (2-0). O dirigente encarnado mostra-se, no entanto, já focado nas próximas finais.


"É uma grande noite, uma noite de mais uma conquista. Desde o princípio que tentamos ganhar. Estamos todos de parabéns e agora é preparar já o resto. Confio que estamos prontos para lutar por todas as taças e assim vamos continuar a lutar arduamente para podermos conquistar tudo", afirmou, em declarações à Benfica TV.

Águias como "clube modelo" para o jornal "Marca"

Águias como "clube modelo" para o jornal "Marca"

ANALISAM ADVERSÁRIO DO SEVILHA NA LIGA EUROPA

A presença do Benfica na final da Liga da Europa despertou a curiosidade de "nuestros hermanos", já que o outro finalista da prova é a equipa espanhola do Sevilha. A "Marca" foi investigar e chegou a uma conclusão: as águias são um "clube modelo".

O referido jornal destaca as condições das instalações de que os jogadores e staff técnico dispõem para trabalhar, tanto no Estádio da Luz como no Caixa Futebol Campus (CFC), onde crescem as "novas pérolas do Benfica". Também referido é o trabalho levado a cabo pelo presidente Luís Filipe Vieira que salvou um clube "praticamente na bancarrota", erigindo um estádio, um centro de estágio, um museu, não descurando o lançamento da Benfica TV que transmite os encontros em casa do clube e que "está perto de ter 300 mil subscritores". A mesma fonte sublinha também a importância de uma frase motivacional que pode ser lida numa das paredes do CFC, no Seixal, inspirando todos que por ali passam.


"A atitude, a paixão e a ambição são as formas de viver que os desportistas do Benfica devem mostrar e alimentar todos os dias: dentro e fora do campo".

Alemão Felix Brych apita final da Liga Europa entre Benfica e Sevilha

Alemão Felix Brych apita final da Liga Europa entre Benfica e Sevilha
A UEFA escolheu o alemão Felix Brych para apitar a final da Liga Europa, que irá colocar frente a frente o Benfica e os espanhóis do Sevilha, que irá decorrer em Turim, a 14 de maio.

Brych, de 38 anos, já dirigiu jogos do Benfica por três vezes e o mais recente foi frente ao Twente, a 24 de agosto de 2011, onde o clube português venceu por 3-1.

Rui Costa: «Tentarei ser presidente mas não está para breve»

Rui Costa: «Tentarei ser presidente mas não está para breve»
Feliz com "ano fantástico" da equipa
Rui Costa admite, em entrevista à revista Sábado, que gostava de um dia ser presidente do Benfica mas garante agora as prioridades são outras.

"Não nego que gostava ou tentarei ser presidente do Benfica, mas não está para breve. O presidente é que iniciou essa conversa, desde que eu entrei para a direção que ele diz que eu um dia vou ser presidente. E eu fico contente que as pessoas digam isso, é sinónimo do respeito que têm por mim e pelo meu trabalho. Mas no meu dia a dia essa ideia não existe, ocupo-me a  pensar no que posso fazer para o Benfica ser melhor", refere.

Rui Costa mostra-se muito feliz pelo "ano fantástico" que o Benfica está a fazer. "Estou orgulhoso de todos os que aqui trabalham, porque não há muitos clubes que cheguem a duas finais europeias em dois anos consecutivos. É algo extraordinário, raro", diz.
 

Bilhetes esgotados para a final da Liga Europa

Bilhetes esgotados para a final da Liga Europa
estavam disponíveis 8.750
Já não é possível adquirir no Estádio da Luz qualquer bilhete para a final da Liga Europa, marcada para 14 de maio em Turim, com o Sevilha. O Benfica anunciou que os ingressos estão esgotados.

Os bilhetes começaram a ser vendidos terça-feira às 8 horas e foi dada prioridade a detentores de títulos Fundador, Centenarium, Red Pass Total e Red Pass Premium.

Os preços eram de de 35, 45, 70 100 e 150 euros, tendo os mais baratos esgotado terça-feira de manhã.

A procura por um lugar no estádio da Juventus gerou tanta expectativa que levou alguns adeptos a acampar no Estádio da Luz, passando a noite de segunda para terça-feira junto às bilheteiras.
 

O estreante que quer estragar a primeira final em doze dias

O estreante que quer estragar a primeira final em doze dias

O estreante que quer estragar a primeira final em doze dias


Benfica entra em fase crítica da época em que pode fazer um percurso absolutamente histórico. Para o Rio Ave esta é a primeira final da Taça da Liga e a primeira oportunidade para levantar um troféu


A ténue linha que separa o sucesso do fracasso vai estar à prova nos próximos doze dias da vida do Benfica. Após uma longa época cheia de boas notícias e o título de campeão conquistado, a equipa orientada por Jorge Jesus entra na fase mais decisiva de todas, que pode catapultá-la para a história. Do outro lado um Rio Ave surpreendente e estreante na final da Taça da Liga, que vai tentar tudo para estragar o primeiro desse triplo desafio encarnado.

O jogo desta quarta-feira em Leiria (TVI, 20:30) apresenta-se como a oportunidade do Benfica conquistar a sua quinta Taça da Liga, uma competição onde esmaga completamente toda a concorrência. Para os vila-condenses é apenas a primeira oportunidade de levantar o troféu, como evidenciou Nuno Espírito Santo na conferência de imprensa de antevisão: «As finais são para ganhar, pode ser que desta vez toque a nós». O jogo será apitado por Hugo Miguel. 


Com as finais da Liga Europa, face ao Sevilha (14 de maio), e da Taça de Portugal, novamente com o Rio Ave (18), para disputar, abre-se a possibilidade de Jorge Jesus fazer uma gestão da equipa, embora isso não convença o treinador do Rio Ave, que vislumbra no adversário muitas soluções. 

 
Sem receio do que sucedeu na época passada, em que os encarnados perderam tudo, Jesus deixa o aviso: «Nunca tivemos fantasmas. Tivemos foi sempre uma luz que nos guiou para fazer aquilo que fizemos a época passada. Fantasma é não ter capacidade de chegar lá»


As duas equipas tiveram trajetos muitos diferentes para a final. Enquanto o Benfica teve de eliminar Nacional, Gil Vicente, Leixões e FC Porto, o Rio Ave teve pela frente Paços de Ferreira, Vitória de Setúbal, Sporting da Covilhã e Sporting de Braga. Em todo o caso, ambos venceram três vezes e empataram um.




Rodar ou apostar tudo?

Enquanto Jesus insiste que as finais são para se jogar e Nuno considera que são para ganhar, umas das incógnitas para o jogo desta quarta-feira está relacionada com o onze que o Benfica poderá apresentar, tendo em vista eventuais poupanças. O treinador do Rio Ave não acredita nisso e Jorge Jesus não abre o jogo, mas será de esperar que Enzo Pérez, Sálvio ou Markovic, jogadores que não podem jogar a final de Turim por castigo, alinhem de início em Leiria.

Com o título conquistado, o Benfica pode repetir a proeza do FC Porto em 2010/11 (foi campeão, venceu a liga Europa e a Taça de Portugal), e ainda com o bónus de lhe juntar a Taça da Liga, o que seria absolutamente inédito. Um cenário que o clube nunca saboreou em 110 anos de história, embora por duas vezes tenha sido campeão e estado na finais europeias e da Taça de Portugal. Em 1964/65 perdeu na final da Taça de Portugal e na Taça dos Clubes Campeões Europeus e em 1982/83 venceu a Taça de Portugal e perdeu na final da Taça UEFA.

Enorme desnível no historial de confrontos

O Benfica tem uma grande supremacia no histórico dos confrontos com o Rio Ave, com 33 vitórias e apenas três derrotas (98 golos marcados e 32 sofridos), sendo que o primeiro jogo ocorreu apenas em 1979/80, quando os vila-condenses se estrearam na I Divisão, e logo com uma goleada das antigas (11-0).



Por tudo isto, Pires e Miguelito, que escreveram as vitórias por 1-0 de 1981/82 e 2004/05, respetivamente, são nomes incontornáveis, bem como Peu, Nenad e Marcos, que, em 1997/98, selaram o 3-1 que, à quarta ronda do campeonato, despediu Manuel José do cargo de treinador dos «encarnados». Três jogos que são a exceção no domínio benfiquista, que, logo em 1979/80, “batizaram” o Rio Ave na primeira divisão com um total de 11-0.

A superioridade continua nesta época, com dois triunfos: 4-0 na Luz e 3-1 em Vila do Conde. O primeiro jogo ocorreu no Estádio dos Arcos, na 11.ª jornada, a 1 de dezembro de 2013, e o segundo a 7 de abril, na 26ª. Nos dois jogos, Rodrigo, Lima e Cardozo marcaram, cada qual, dois golos, o paraguaio de grande penalidade, sendo que Gaitan faturou o outro tento dos «encarnados», enquanto Ukra foi o autor do tento solitário da equipa de Nuno Espírito Santo.




O novo palco

Leiria estreia-se como palco da final da Taça da Liga, depois das das três primeiras edições, entre 2007/08 e 2009/10, terem sido disputadas no Estádio Algarve, em Faro/Loulé, e as mais recentes, entre 2010/11 e 2012/13, no Estádio Cidade de Coimbra.
A cidade do Liz recebeu, porém, duas edições da Supertaça Cândido de Oliveira: em 2005/06, o FC Porto do interino Rui Barros, conquistou a sua 15ª Supertaça, vencendo o Vitória de Setúbal por 3-0; na época seguinte, a 11 de agosto de 2007, um golo do russo Marat Izmailov, frente ao FC Porto, foi suficiente para que o Sporting de Paulo Bento erguesse o troféu pela sexta vez.

Michel Preud’Homme: «Não fui campeão porque o Porto era melhor»

Michel Preud’Homme: «Cheguei e ouvi: era bom mas está velho»

A classe de um guarda-redes aos 35 anos; os colegas de posição no Benfica; os treinadores mais marcantes e as melhores exibições; tudo em EXCLUSIVO ao Maisfutebol

O ferrão da crítica nem sempre acerta no alvo. O caso de Michel Preud´Homme é lapidar. Em entrevista ao Maisfutebol, o antigo guarda-redes do Benfica puxa pela cabeça e recorda o dia em que chegou a Portugal. Tinha 35 anos e ostentava um estatuto raro: melhor guarda-redes do Mundial 1994.

«Nem essa eleição chegou. Os jornalistas e os adeptos olharam para a minha idade e não quiseram saber de mais nada», sublinha, num tom amistoso mesmo com as palavras mais doridas.

«Todos diziam: o gajo era bom mas está velho. Só vinha para o Benfica preparar a reforma. Acho que em cinco temporadas provei precisamente o oposto. Deixei de jogar aos 40 e por mim continuava mais uns anitos (risos)», brinca o famoso belga, agora já cinquentão e a trabalhar na bela cidade de Brugge.

«Tive de dar a volta à cabeça e à mentalidade das pessoas. Um homem de 35 anos não consegue ser competente a jogar futebol? Claro que consegue», continua Michel Preud’Homme.

Nesse Mundial de boa memória para Michel, a Bélgica chega aos oitavos-de-final. Perde 3-2 contra a Alemanha, mas nessa altura já Preud’Homme encantara meio mundo com três exibições fabulosas na fase de grupos.

Curiosamente, o contrato rubricado com o Benfica nada teve a ver com essas amostras de monstruosa capacidade. «Não, nada. Eu fui para os EUA já como jogador do Benfica (risos). Saí do Malines e o Luciano D’Onófrio [empresário] falou-me da possibilidade de ir para Portugal. Falei uma vez com o senhor Manuel Damásio [ex-presidente do Benfica] e assinei logo».

«A minha melhor exibição foi numa derrota na Luz»

Michel Preud’Homme não precisa de pensar muito quando responde à questão obrigatória: qual foi o melhor jogo ao serviço do Benfica?

«Vão ficar surpreendidos, mas foi numa derrota. Perdemos contra a Fiorentina 0-2 em casa [6 de março de 1997, Taça das Taças] e o Batistuta fez um jogo extraordinário. Deixou-me as mãos a arder (risos)», dispara Preud’Homme.

O Benfica ainda foi vencer por 0-1 a Florença, um resultado insuficiente. «Na Fiorentina estava o Rui Costa. Ele nem conseguia olhar para nós, os jogadores do Benfica. Não foi a minha única grande noite, mas dessa nunca me esqueço».

O ex-dono e senhor da baliza das águias também destaca uma célebre derrota por 1-0 contra o FC Porto, na Supertaça [18 de agosto de 1996]. «O Domingos marcou e eu evitei um resultado mais pesado. Lembro-me também de ter feito uma grande exibição no Estádio do Bessa, contra o Boavista».

«Só tive alguns problemas com o Ovchinnikov»

Cinco anos na Luz, oito colegas de posição na luta pela baliza do Benfica: Neno, Tomás, Veiga, Brassard, Nuno Sampaio, Pedro Roma, Paulo Lopes, Bossio e Ovchinnikov. Michel Preud’Homme guarda «gratas recordações» de todos. Ou de quase todos.

«Só o Ovchinnikov causou alguns problemas (risos). Nada de grave. Com ele tive uma relação diferente, porque não aceitava ser suplente. Não era fácil para ele estar no banco, mas teve de esperar que o belga se reformasse (risos)», conta Preud’Homme.

O melhor companheiro, acrescenta, foi Neno. «Era um grande campeão. Tinha conquistado o título, eu cheguei e ele perdeu o lugar. Nem assim reagiu mal. Aceitou-me, tornou-se meu colega de quarto nos estágios e um amigo verdadeiro. Grande pessoa, um tipo excecional».

«O Benfica não era só eu e o JVP»

Por esses dias na Luz, já se percebeu, os resultados não condiziam com a grandeza do clube. Não era raro, aliás, escutar aqui e ali uma ideia curiosa: «o Benfica é o Preud’Homme, o João Vieira Pinto e mais nove tipos».

Michel ri-se ao escutar a frase, mas diz logo não concordar. «É verdade que eramos os dois importantes, o João fazia a diferença. Mas é bom lembrar o outros grandes colegas de equipa: Abel Xavier, Hélder, Veloso, Vítor Paneira, Mozer, Valdo, Caniggia… com estes nomes, o Benfica não podia ser só o Preud’Homme e o JVP».

Sobre os colegas de equipa estamos falados. E os treinadores? Com quem mais se identificou Michel?

«O Artur Jorge não teve sucesso, mas escolheu-me e não me posso esquecer disso. Foi ele que teve a ideia de me contratar quando eu era um velhinho de 35 anos», recorda o belga. «Tive uma boa relação com todos. Graeme Souness, Manuel José, Paulo Autuori e o senhor Mário Wilson. Que grande personagem era o Mário Wilson!»
Michel Preud’Homme: «Não fui campeão porque o Porto era melhor»

Ex-guarda-redes do Benfica fala do ciclo difícil na Luz nos anos 90, de Vítor Baía e de Steven Defour. «Ele e o Axel Witsel são as minhas crianças», diz ao Maisfutebol

«Parece impossível, não é?» Michel Preud’Homme formula ao ser confrontado com o pobre pecúlio de troféus na Luz. Cinco temporadas de intenso domínio do FC Porto, uma só Taça de Portugal para o museu da Luz. E explicações para isto?

O ex-guarda-redes belga, um dos melhores de sempre, apresenta a sua defesa. «Fui contratado depois de o Benfica ter sido campeão nacional. Em 1994. Cheguei e o plantel estava a ser completamente mudado», começa Preud’Homme.

O Benfica acaba essa época a 15 pontos do FC Porto (e a oito do Sporting). Os dragões iniciam o périplo do pentacampeonato, esmagadores. Michel Preud´Homme tem más memórias dos azuis e brancos.

«O Benfica não estava forte e o FC Porto era muito melhor. Nessa fase o domínio deles era intocável», reconhece Michel. «Tinham uma espécie de superioridade moral nos jogos contra nós, eram arrogantes no bom sentido. No futebol isso é um bom começo de conversa».

Preud’Homme nem se quer lembrar dos famosos 0-5 na Luz para a Supertaça. «Pergunte-me tudo, menos para analisar esse jogo (risos). Ao menos a equipa agora do Jorge Jesus está a conseguir acabar com essa imagem terrível».

A conversa passa por várias personagens e chega, naturalmente, aos monstros sagrados da baliza. Michel, humilde, não se autoproclama o melhor de todos no panorama do futebol português.

«O Mlynarczyck era fabuloso, o Bento e o Vítor Baía também. Aliás, eu e o Vítor vamos estar juntos numa homenagem às nossas carreiras. Todos eles tiveram tanto ou mais nível do que eu», considera.

A despedida estava a chegar, Michel tinha ainda de preparar o jogo do Club Brugge contra o Anderlecht [importante para a decisão do título belga] e só houve tempo para falar um pouco sobre Steven Defour e Axel Witsel.

Os dois belgas, tão conhecidos em Portugal, trabalharam com Michel Preud’Homme. O primeiro no Genk e no Standard, o segundo também em Liège.

«Com eles os dois e o Fellaini [agora no ManUtd] tive um meio-campo tremendo no Standard. O Steven e o Axel são duas crianças minhas», graceja Michel Preud´Homme. «Na Bélgica são vistos como jogadores de topo. Vão ser importantes no Mundial».

E, afinal, qual é a posição ideal para Steven Defour, o único a jogar ainda em Portugal?

«O Steven tem estado bem no FC Porto. No Standard ele não tinha uma posição fixa. Os três homens do meio-campo movimentavam-se muito, alternavam entre eles, mas eu gosto muito de o ver na posição seis. É inteligente e entrega bem a bola. Na seleção joga mais adiantado».

«Oblak é frio e tranquilo»

Histórico guarda-redes do Benfica vai ser homenageado em junho no Porto; em entrevista ao Maisfutebol fala sobre o jovem esloveno e a temporada das águias

De 1994 a 1999, o Benfica teve na baliza um dos melhores guarda-redes de todos os tempos. Michel Preud’Homme, o senhor das redes, passou pela Luz e deixou um rasto de categoria ímpar e simpatia contagiante.

As grandes exibições de águia ao peito não tiveram, porém, eco no número de títulos conquistados. Em cinco temporadas, o antigo internacional belga ganhou só uma Taça de Portugal, ao derrotar o Sporting por 3-1, no dia 18 de maio de 1996 [golos de Mauro Airez, João V. Pinto (2) e Carlos Xavier].

Os mais imprudentes julgariam a passagem de Preud´Homme pelo Benfica como mal sucedida. Nem pensar. Só por desconhecimento, pressa ou má vontade se atribuiria uma nota negativa a um dos mais brilhantes keepers da história.

A propósito da homenagem de que será alvo no I Congresso Internacional de Guarda-Redes, a realizar nos dias 6, 7 e 8 de junho, o Maisfutebol fez uma grande entrevista a Michel Preud´Homme.

Num português imaculado e a bonomia de sempre, o atual treinador do Club Brugge atende-nos na véspera do importante jogo contra o Anderlecht [que haveria de perder por 0-1].

A conversa começa pelo presente [o ano de ouro do Benfica], antes de se instalar em definitivo no baú das memórias. Uma grande exibição de Michel Preud´Homme, sem luvas.

«Este ano o Benfica vai ganhar tudo»

A primeira pergunta coloca Preud´Homme em silêncio. Hesitante. O belga não sabia que Jan Oblak e Artur Moraes são os primeiros guarda-redes estrangeiros do Benfica a celebrar o título nacional na Luz.

«Isso é uma surpresa. Vi jogar duas vezes o Oblak, contra o Tottenham e a Juventus, e gostei muito. É um menino com qualidade para vir a ser um grande guarda-redes. Parece-me frio e tranquilo. O Artur já conheço há vários anos, é maduro e sabe estar na baliza», refere Preud´Homme.

O ano do Benfica, de resto, enche-o de orgulho. «O Benfica e os seus adeptos já mereciam isto há muito tempo. O trabalho do Jorge Jesus já lá estava o ano passado, mas a equipa perdeu as finais e o mundo caiu em cima do treinador. O futebol é assim».

Preud’Homme assume o seu profundo ateísmo no que ao desporto diz respeito. Não acredita «em milagres» nem em conquistas «fruto do acaso». «Uma equipa que repete em anos consecutivos a presença em finais tem de ser extraordinária. Este ano, provavelmente, o Benfica vai ganhar tudo», prevê.

«Vou voltar a Portugal; para trabalhar ou para a reforma»

O trajeto de Michel Preud´Homme como futebolista é invejável. Em 1994 foi eleito o melhor guarda-redes do mundo, representou 58 vezes a seleção da Bélgica, esteve nos Mundiais de 90 e 94 e fez mais de 700 jogos como profissional.

No cargo de treinador, o cenário já é prometedor. «Fui campeão no Standard Liège, levei o Gent à melhor classificação de sempre [segundo lugar], também ganhei o título no Twente [Holanda] e no Al Shabab [Arábia Saudita]. Agora estou a lutar pelo mesmo no Club Brugge», lembra.

«É totalmente diferente de ser guarda-redes. Antes preocupava-me só comigo, agora penso em tudo o que envolve a equipa. Mesmo em casa estou constantemente a fazer relatórios, a analisar e a ver vídeos, é muito mais absorvente ser treinador do que jogador».

Preud´Homme é um ganhador, «sempre fui», e assume o desejo de regressar a Portugal. «De preferência para treinar e conquistar títulos. Se não for possível, já disse à minha mulher que a nossa reforma vai ser aí. O sol, a comida, a simpatia das pessoas, tudo isso me deixa cheio de saudades», atira.

Até agora tem faltado o «interesse sério de algum clube». E se esse convite viesse do Benfica? «Ficaria muito feliz, adorava voltar. Se fosse para o Benfica, fantástico».

Dados de Michel Preud´Homme no Benfica:

. 1994/95: 47 jogos oficiais (31 no campeonato)

. 1995/96: 45 jogos oficiais (33 no campeonato)

. 1996/97: 47 jogos oficiais (34 no campeonato)

. 1997/98: 33 jogos oficiais (28 no campeonato)

. 1998/99: 27 jogos oficiais (21 no campeonato)