Técnico
em entrevista à Benfica TV
Jorge
Jesus: “Quero ganhar a Supertaça e ser Bicampeão”
Na primeira pessoa, o treinador Jorge Jesus mostrou que tem
objectivos bem definidos e ainda muito para ganhar ao serviço do Sport Lisboa e
Benfica.
“Acredito nas minhas capacidades, sempre percebi que era
muito melhor treinador do que o que era como jogador. Para ser treinador é
preciso ter alguma queda, como se costuma dizer. O treinador desenvolve-se mas
tem de nascer para isso. Há muito ainda para ganhar no Benfica. Quero ganhar a
Supertaça e ser Bicampeão, há cerca 30 anos que não conseguimos vencer dois
campeonatos seguidos”, lembrou.
E acrescentou: “O meu ideal é aquilo que tenho vindo a
desenvolver no Benfica. A prioridade é perceber o clube onde estamos porque no
Benfica ganhar só não chega, também é preciso jogar bem. Ou se tem capacidade
para isso ou não. Não se aprende nos livros, daí fazer a analogia entre o
pintor e o treinador. Os meus jogadores dão as pinceladas na tela, mas a ideia
daquelas pinceladas foi minha.”
Para o futuro, o técnico revela os objectivos: “Ainda tenho
muita coisa para ganhar. Cheguei a um Clube que me projectou para o futebol
mundial. Têm de me julgar enquanto treinador, não pelo português, sou Eça de
Queiroz.”
“Se sou treinador do Benfica devo-o a Luís
Filipe Vieira”
Para a história ficará certamente o momento em que o capitão
Luisão foi buscar ao túnel o técnico Jorge Jesus e o presidente Luís Filipe
Vieira. As imagens da comemoração do 33.º Campeonato Nacional ficarão para
sempre perpetuadas na memória de todos os benfiquistas como símbolo da simbiose
entre esta tríade vencedora: plantel, equipa técnica e direcção.
O técnico “encarnado” vê Luís Filipe Vieira como o
responsável máximo pelo sucesso do Benfica e demonstra toda a sua gratidão para
com o Presidente: “Para além do respeito que tenho pelo presidente desta grande
instituição que é o Benfica, existe uma enorme proximidade entre nós. Temos uma
confiança muito grande um no outro, falamos a mesma linguagem. Se eu hoje sou
treinador do Benfica devo a Luís Filipe Vieira. Foi o Presidente que acreditou
na minha entrada desde o primeiro dia e foi ele que no ano passado acreditou
que eu ainda tinha valor para continuar a fazer o meu trabalho. Depois dessa
oportunidade, a única forma de manifestar a minha gratidão era continuar no
Benfica. Luís Filipe Vieira é o grande “obreiro”, ele e toda a estrutura do
futebol. O slogan ao longo do ano foi: todos juntos! Este ano ficámos a
perceber que não podia existir um clube dentro do clube, tínhamos de estar
todos juntos, nas vitórias e nas derrotas, a defender o nome do Benfica.”
“Nunca
me passou pela cabeça sair do Benfica”
Luís Filipe Vieira já tinha posto um ponto final na
especulação que colocava Jorge Jesus longe da órbita do Benfica. Desta vez é o
técnico “encarnado” a abrir o coração à Benfica TV, onde fez o balanço destes
cinco anos ao leme do maior Clube português.
Jorge Jesus reconheceu ter existido interesse de grandes
clubes da Europa na sua contratação mas reiterou a vontade de continuar no
Benfica: “É verdade que tive vários convites. Mas isso aconteceu por estar a
treinar um grande Clube como o Sport Lisboa e Benfica. É graças aos resultados
que o Benfica tem feito internacionalmente, na Champions ou na Liga Europa. Sou
um homem de palavra e com sentido de responsabilidade, nunca me passou pela
cabeça sair do Benfica. O Milão não me entusiasmou e quando algo não me
entusiasma é porque existe algo mais forte. Acredito que no Benfica posso apresentar
mais resultados. Eu poderia sair para um clube que me desse mais estabilidade
financeira, mas nunca pautei a minha carreira como treinador pelo dinheiro.
Antes de chegar ao Benfica estive em clubes onde ganhava apenas para viver.
Sempre que tive hipóteses de escolher um clube, escolhi-o pelo que achava
melhor para a minha carreira e não pelo factor monetário.”
Técnico
sobre plantel
“A
prospecção tem que estar ligada à Formação”
Jorge Jesus admite estar preparado para perder algumas peças
do plantel “encarnado”. Perspectivando a abertura do mercado de transferências
e tendo por base a odisseia ao longo destes cinco anos, Jesus sabe o que o
espera.
“O presidente do Benfica sempre me explicou que, face às
exigências financeiras do Clube, os melhores jogadores teriam de ser vendidos
para fazer o equilíbrio financeiro“, começou por explicar.
Segundo o treinador, a maior dificuldade está em continuar a
cumprir os objectivos do Clube. “Dá-me um certo gozo criar e arranjar soluções
para quando um jogador sai e resolver, num curto espaço de tempo, a situação.
Matic no Vitesse era n.º 10 e eu não o conhecia sequer, apenas o conheci na
transferência do David Luiz. Eu e o Rui Costa tivemos de escolher dois
jogadores e na altura disse-lhe: ‘quero este, vou fazer dele um grande
médio-defensivo’. O Enzo Perez no meio-campo foi uma emergência, com a saída do
Witsel precisámos de alguém para o meio. Apesar de jogar nas alas, ele conhecia
os momentos do jogo, não era um extremo, era um organizador. Achei que se o
puxasse para dentro, podia fazer dele um 8 ou um 10. Ele acreditou e hoje está
convicto que aquela é a sua posição”, explicou.
Sobre os dois mais recentes reforços, Paweł Dawidowicz e
Kevin Friesenbichler, Jorge Jesus considera que deve haver no Clube um misto
entre scouting e Formação: “O Benfica não pode pensar que vai ter só jogadores
formados em casa. Nenhuma equipa do Mundo o consegue. A prospecção tem de estar
ligada à Formação e o Benfica tem-no feito bem ao longo dos anos.”
«A conquista da Champions é um sonho»
Jorge Jesus falou ambições que tem como treinador.
«Ainda tenho muito para conquistar como treinador. Cheguei a um clube que me projetou para o futebol em Portugal e a nível Mundial. Não cheguei tarde, podia chegar mais cedo. Cheguei no momento certo. (...) Tenho muitos troféus que quero disputar: a final da Champions, uma Supertaça Europeia no Mónaco, um Campeonato do Mundo, um Campeonato da Europa, sonho com tudo isso», disse em entre vista ao canal do clube reconhecendo que «a conquista da Champions é um sonho».
Para Jesus, disputar a final da Liga Europa é mais prestigiante do que jogar os oitavos de final da Liga dos Campeões que começa a juntar, nos quartos de final, «as melhores equipas do Mundo, que têm mais poder económico e com jogadores que fazem a diferença».
«Hoje não preciso ser tão exigente»
O treinador do Benfica explica o que mudou no relacionamento com os jogadores.
«São cinco anos, hoje não preciso ser tão exigente. Continuo a ser exigente porque sou cego no método de treino. Os jogadores já me conhecem bem, e eu a eles. Hoje há união de ideias. A minha exigência é a mesma mas a forma de me dirigir é diferente porque eles sabem o que quero. Todos os jogos são diferentes mas vivo os jogos da mesma forma. No banco, estou a ver coisas que ainda não aconteceram mas podem acontecer», disse em entrevista ao canal do clube.
David Luiz, Fábio Coentrão ou Enzo Pérez são exemplos do que Jesus chama de «jogadores do treinador» e tornou a explicar porque evocou o “Manel” para ocupar o lugar de Matic quando este rumou ao Chelsea: «Para ocupar aquela posição, é preciso ter uma ideia de jogo, ter qualidade e técnica para desenvolver aquelas funções. Quando disse que jogava o “Manel” queria dizer que qualquer um saberia o que fazer. Pode não ter as características de Matic – há poucos como ele naquela posição -, e não foi por ele ter saído que mudámos a nossa ideia de jogo.»
«O Benfica está à frente de Cardozo e do treinador»
O treinador do Benfica explicou como conseguiu gerir o relacionamento com Óscar Cardozo após o desentendimento em pleno relvado na ressaca da derrota na final da Taça de Portugal com o Vitória de Guimarães, na época passada.
«Essa final teve dois casos, a subida à tribuna e o que aconteceu com Cardozo. Foram dois momentos que estiveram sempre na minha cabeça. Subir as escadas e ouvir o que os adeptos disseram... Com Cardozo foi a mesma coisa. Este ano partilhámos ideias e ele percebeu que é jogador e eu treinador. A minha decisão não podia prejudicar a equipa. À frente dele e de mim está o Benfica, a prioridade é sempre a equipa e foi isso que fizemos durante do ano como duas pessoas educadas», disse em entrevista ao canal do clube, considerando a derrota nessa final «o dia mais triste da carreira».
«Os adeptos não estavam à espera de perder aquela final. Foi um sentimento forte e, tendo em conta a época que o Benfica fez, foi injusto o que ouvi. Mas percebo porque o futebol é paixão e sentimento. No ano passado, o Benfica fez 77 pontos e perdeu um jogo e não foi campeão, este ano fez 74 pontos, perdeu dois e foi campeão. Fomos a melhor equipa a época passada e merecíamos ter sido campeões. Face ao que fizemos, não foi justo.»
Um dos momentos negativos da época foi quando tentou resgatar um adepto das autoridades, em Guimarães: «Vi um ser humano que pediu socorro e cuja principal preocupação era que não lhe roubassem a camisola do Benfica. Tentei socorrer sem perceber a responsabilidade. Hoje, tomaria a mesma decisão sem me expor às autoridades.»
Outro foi o gesto que fez a Tim Sherwood, muito criticado pelo treinador do Tottenham, num jogo da Liga Europa: «Ekle falou para mim com grande arrogância, olhou-me de cima para baixo com autoridade. Tinha na cabeça o que se passou entre ele e o André (Villas Boas) e fui para o meu cantinho. Quando tive a oportunidade para lhe mostrar que ali estava um treinador português que percebe muito mais de futebol do que ele... O jogo estava a correr, fiz aquele gesto e pensei “estás a levar um baile”. Foi a forma como falou em inglês ao meu ouvido...»
«Na próxima época as exigências vão ser maiores»
Depois de uma época marcada pela conquista de três títulos – Campeonato, Taça de Portugal e Taça da Liga -, o treinador do Benfica disse em entrevista à Benfica TV acreditar que a fasquia estará mais alta na próxima temporada. E aponta à Supertaça e à conquista do bicampeonato.
«Há muito para ganhar no Benfica. Em Portugal, o único troféu que ainda não ganhei foi a Supertaça. Também quero ganhar dois campeonatos seguidos, algo que o Benfica não consegue há 30 anos. Esse é um dos objetivos que me move», disse em entrevista ao canal do clube, reconhecendo que «vai ser difícil» repetir os feitos alcançados na época 2013/14: «As exigências vão ser maiores porque vão fazer comparações.»
Jorge Jesus não espera rivais mais fortes apenas porque contrataram novos treinadores – Marco Silva para o Sporting e Julen Lopetegui para o FC Porto: «Não direi que vão estar mais fortes por terem esses treinadores. As estruturas desses clubes sabem que têm de criar equipas mais fortes para fazer frente ao poder do Benfica.»
Questionado se o Benfica é candidato a revalidar o título: «Claro, mesmo que não tivesse sido campeão, o Benfica era um dos favoritos. Conquistou o título e tem de o defender, é o favorito número um. Nos últimos cinco anos os rivais perceberam que, para competir com o Benfica, é preciso ter uma grande equipa. Caso contrário, não têm hipóteses.»
Nesta entrevista à Benfica TV, o técnico aborda também a
forma ímpar como o Benfica tem sido o único dos três grandes a potenciar
jogadores provenientes da equipa B: “A equipa B tem dois anos. Dos jogadores
que lá estavam, André Almeida, André Gomes e este ano o Ivan Cavaleiro, já
foram chamados à equipa principal. André Gomes, neste momento, já é um activo
de outro clube e compensou o trabalho investido nele. Muitas vezes dizem que o
Benfica não tem muitos jogadores portugueses na equipa principal ou nos
titulares. Eu pergunto: ‘Dos três grandes, qual é a equipa em que saíram
jogadores da equipa B para a A?’”, esclareceu.
Jorge Jesus: «Estás a levar um grande baile...»
AS PALAVRAS DIRIGIDAS A
SHERWOOD EM LONDRES
Jorge Jesus recordou os desentendimentos que teve
com Tim Sherwood, treinador do Tottenham, garantindo que o timoneiro britânico
não foi correto e que, como forma de "vingar" o sucedido com André
Villas-Boas, deixou várias provocações ao seu adversário, durante os
oitavos-de-final da Liga Europa.
"Sou português com orgulho e tenho boa
relação com Villas-Boas. Sabia que um dos mentores para que as coisas não lhe
tenham corrido bem no Tottenham tinha sido aquele senhor. Quando passei para o
espaço dele [no jogo em Londres], ele falou-me com grande arrogância. Olhou-me
de baixo para cima com autoridade, eu já tinha na cabeça o que se passara com o
André e fui para o meu cantinho. Quando tive a oportunidade disse-lhe que
estava ali também um português que sabia muito mais do que ele. 'Não estás a
ver nada , estás a levar um grande baile', foi o que lhe quis dizer. Falou-me
ao ouvido e fiquei a apreciá-lo", contou Jesus, em entrevista à Benfica
TV.
O timoneiro das águias recordou ainda o seu
envolvimento com agentes da autoridade no final do jogo com o V. Guimarães, na
Cidade-Berço, admitindo que exagerou e que hoje atuaria de forma diferente.
"Não digo que faria o mesmo. Sei que não
posso tirar a autoridade aos agentes de segurança. Naquele momento não vi um
polícia, um steward mas sim um ser humano que me pedia socorro. Só queria que
não lhe roubassem a camisola do Benfica. Já sei que não posso tirar a
autoridade a um agente, mas não há nada mais importante que um ser humano. Se
voltar a suceder tomarei a mesma decisão mas não me expondo à autoridade",
garantiu.
Quero ganhar a Supertaça e ser Bicampeão”
Na primeira pessoa, o treinador Jorge Jesus mostrou que tem objectivos bem definidos e ainda muito para ganhar ao serviço do Sport Lisboa e Benfica.
“Acredito nas minhas capacidades, sempre percebi que era muito melhor treinador do que o que era como jogador. Para ser treinador é preciso ter alguma queda, como se costuma dizer. O treinador desenvolve-se mas tem de nascer para isso. Há muito ainda para ganhar no Benfica. Quero ganhar a Supertaça e ser Bicampeão, há cerca 30 anos que não conseguimos vencer dois campeonatos seguidos”, lembrou.
E acrescentou: “O meu ideal é aquilo que tenho vindo a desenvolver no Benfica. A prioridade é perceber o clube onde estamos porque no Benfica ganhar só não chega, também é preciso jogar bem. Ou se tem capacidade para isso ou não. Não se aprende nos livros, daí fazer a analogia entre o pintor e o treinador. Os meus jogadores dão as pinceladas na tela, mas a ideia daquelas pinceladas foi minha.”
Para o futuro, o técnico revela os objectivos: “Ainda tenho muita coisa para ganhar. Cheguei a um Clube que me projectou para o futebol mundial. Têm de me julgar enquanto treinador, não pelo português, sou Eça de Queiroz.”
Jorge Jesus: «Aimar foi o melhor que treinei»
TÉCNICO DESTACA PAPEL
DE EL MAGO
Na entrevista à Benfica TV, o técnico benfiquista
Jorge Jesus admitiu que a Juventus foi o adversário mais complicado que apanhou
em 2013/14, deixando ainda uma análise a alguns pontos em perguntas curtas. O
argentino Pablo Aimar foi recordado...
"Adversário mais forte? A Juventus, a
quilómetros de distância. Até não consegui perceber como não chegou à final ou
meias-finais da Champions. Além dos jogadores, tem um sistema de jogo dos
melhores para jogar em dois jogos. Mas também destaco o PSG. O nosso pior jogo
este ano foi o de Paris. Achei que não era tão forte e fui surpeendido pelo
PSG", admitiu JJ.
Perguntas
curtas
- Título mais importante: o primeiro ano de campeão
- Melhor jogo
nos 5 anos: Foram tantos... Este ano foi o Juventus-Benfica
- Nota
artística para próximo ano: quando tens
criativos há sempre nota artística, o futebol é arte. Jogador é o artista
- Melhor
jogador: Aimar, sem dúvida
- Quem lamenta
não ter tido tanto aproveitamento: O Alan Kardec. Não teve muita sorte, pois apanhou o Saviola, o Cardozo e
o Lima em grande forma
- O que
melhor valorizou: Matic, Coentrão, David Luiz, Enzo...
- Melhor
jogador do campeonato: Dividi-a entre Enzo
e Gaitán
- E do
mundo: Ronaldo
- Melhor
treinador do Mundo: É subjetivo. No tempo do Guardiola no Barcelona era ele. Este ano
foi dividido. Não vi uma equipa que preenchesse os requisitos, mas a que mais
gostei e senti que houve mais trabalho de treineador foi Atlétivo Madrid e a
Juventus.
- Favorito ao
Mundial: Brasil, porque joga no seu país, e a Argentina. Já Portugal tem o melhor
do Mundo e tem outros que podem comparar-se com os melhores nas suas
posições.