Siqueira em
entrevista ao Maisfutebol, nesta terça-feira
Recordações do dia em
que assinou pelo Benfica mas quase foi «merengue»
O dia agitado de 2 de setembro de 2013
Siqueira está de regresso ao futebol espanhol, depois de um
ano emprestado ao Benfica pelo Granada. O clube português não acionou a opção
de compra, fixada em sete milhões de euros, e o Atlético de Madrid desembolsou
mais três para garantir o lateral esquerdo. O jogador brasileiro ruma à capital
espanhola, para onde até esteve perto de se mudar a 2 de setembro de 2013, mas
para juntar-se ao Real.
Nesse dia, em que o mercado de transferências fechou,
Siqueira viajou para Lisboa de forma a assinar contrato com o Benfica, mas ao
chegar a Portugal deparou-se com uma proposta «merengue». Dirigentes do Granada
chegaram a dizer que o brasileiro foi do Real durante trinta minutos, mas tal
acabou por não se concretizar. Quase um dia depois, o jogador recorda um dia bem
agitado.
«O Benfica estava interessado há muito. Depois apareceu o
Real Madrid, mas acabei por dar prioridade ao Benfica. As pessoas acham
estranho, mas entendi que era o melhor. Podia ter feito outras escolhas.
Agradeço o interesse de outros clubes, mas sabia que ia ser feliz no Benfica.
Foi um dia conturbado, mas escolhi bem», começou por dizer, em entrevista ao
Maisfutebol.
«Não quero fazer apenas parte de um grupo, quero ser feliz.
Sempre quis jogar, independentemente do nome do clube. A proposta do Benfica
era a melhor para mim. Seria mais importante no grupo. Fiz a escolha certa e
estou feliz e grato ao Benfica», acrescenta.
Siqueira conversou com o nosso jornal pouco depois da
estreia de Portugal no Campeonato do Mundo. A equipa das quinas foi goleada
pela Alemanha, mas o jogador brasileiro lembra que tudo continua em aberto.
«A Alemanha é uma das favoritas à vitória final. Mostrou o
seu potencial. Fiquei com pena, pois tenho os amigos André Almeida e Rúben
Amorim na seleção portuguesa. Têm equipa para brigar pelo título, têm que
levantar a cabeça e procurar o caminho certo», afirmou.
O esquerdino falou também do «escrete», antecipando uma
melhoria exibicional mas defendendo que isso é secundário: «A seleção
brasileira sabe a responsabilidade que tem, a jogar no seu país. O povo está
com eles e a vitória sobre a Croácia aumentou a confiança. O próximo jogo será
melhor, e digo sempre que numa Copa o importante não são as exibições, mas os
resultados.»
Se o Benfica tivesse
feito um esforço eu também faria»
Poucos dias depois de ter sido apresentado como reforço do
Atlético de Madrid, Guilherme Siqueira dá uma entrevista ao Maisfutebol na qual
explica o adeus ao Benfica, clube ao qual esteve emprestado pelo Granada na
última época. Luís Filipe Vieira chegou a falar em elevadas exigências
salariais do lateral esquerdo brasileiro, mas este garante ao nosso jornal que
esse assunto nem chegou a ser discutido, uma vez que o Benfica não acionou,
junto do Granada, clube que o emprestou, a opção de compra fixada em sete
milhões de euros.
Quais as expectativas para esta nova etapa, ao serviço do
At. Madrid?
A expectativa é boa, tendo em conta tudo aquilo que o
Atlético tem feito nos últimos anos. Tem estado em finais, tem conquistado
títulos. A responsabilidade e a pressão aumentam, mas sinto-me super-preparado.
Muito se fala da possível saída do Filipe Luis. Ao chegar a
acordo com o Atlético disseram-lhe que essa era, pelo menos, uma forte
possibilidade?
Não estou a contar com nada. Pode acontecer, mas não crio
expectativas. Tenho de pensar positivo: se ele ficar vai ser bom para o grupo.
É um grande amigo, e isso não será um problema.
Regressar a Espanha era uma prioridade?
Não. Sou profissional. Também não esperava ir para Portugal
na última época e aconteceu. Não dava prioridade a nenhum país. Pensei no
melhor para mim e para a minha família. A melhor oferta era do Atlético, tanto
para mim como para o Granada.
Mas não houve, como disse o presidente Luís Filipe Vieira em
entrevista à RTP, um desacordo relativamente ao vencimento?
Não. Não discutimos vencimento nenhum. O Benfica tinha uma
cláusula e não acionou, é simples. Se tivesse acionado eu faria um esforço, até
por conhecer a realidade do clube. Nunca quis ficar por cima de ninguém, é
mentira que quisesse ser o jogador mais caro. Eu faria um grande esforço para
ficar. Não houve acordo entre clubes.
Mas não se chegou mesmo a falar do ordenado?
Não houve nada. Nem começámos a negociar. Havia um prazo e
ele passou. O Benfica sabia que eu tinha ofertas melhores. Eu podia ter-me
limitado a sair, mas fui sincero com o clube. Se o Benfica tivesse feito um
esforço eu também faria.
Mas mesmo assim seria difícil ao Benfica igualar a oferta do
Atlético, não?
Tinha três propostas e nas outras duas o vencimento era
superior. Mas pela temporada que fizemos, pelo carinho dos adeptos, pela
grandeza do clube, eu ficaria. Mas se não houve interesse em pagar a cláusula,
tive de pensar no meu futuro. O problema foi a cláusula, que o Benfica disse
sempre que era muito alta.
Então, na sua opinião, o que levou o presidente a falar do
vencimento?
Não sei. O presidente sempre me tratou de forma maravilhosa.
Não tenho nada a reclamar. Esteve sempre próximo da equipa, e não é à toa que a
equipa conquistou três títulos. Mas não conversámos sobre vencimento.
Que balanço faz desta época ao serviço do Benfica?
O balanço é o melhor possível. Entrámos para a história, e isso
não é para qualquer um. Joguei com colegas e amigos brilhantes, e juntos
formámos uma família. Só levo coisas boas. Hoje tenho outro clube, mas levo o
Benfica no coração. Vou ser mais um benfiquista.
Vai recordar a festa do título, no Marquês de Pombal,
durante muito tempo?
Foi um momento especial. Nunca tinha vivido nada assim e
acho que nunca mais vou viver. A grandeza do clube e dos adeptos é de mais. Já
tinha uma ideia, mas a realidade surpreendeu.
O que mais o surpreendeu durante este ano?
Não gosto de individualizar mas vou referir dois colegas. O
Jardel, que apesar dos problemas familiares foi sempre um grande profissional,
a batalhar nos treinos. E não é fácil substituir Luisão e Garay, que para mim
foram a melhor dupla do futebol europeu esta época. E depois destaco o Luisão,
um capitão dentro e fora de campo, que sabe a hora de dar uma bronca e a hora
de dar um elogio. Tem uma mentalidade vencedora. O balneário era muito bom,
muito unido, com uma mentalidade forte.
Qual foi o momento marcante da época?
O jogo com o FC Porto. O falecimento de Eusébio mexeu muito
com os jogadores e com os adeptos. Sabíamos a responsabilidade que tínhamos,
mas o jogo correu bem. A vitória por 2-0 foi mais do que merecida, e a equipa
começou a ter bons resultados.
Siqueira e as saídas no Benfica: «É a última coisa que me
preocupa»
Lateral esquerdo acredita que Jesus encontra soluções, uma
vez mais
Em entrevista ao Maisfutebol, Guilherme Siqueira diz
acreditar que o Benfica saberá colmatar a eventual saída de jogadores
importantes. O lateral esquerdo, que já se comprometeu com o Atlético de
Madrid, deixa elogios a Jorge Jesus, e acredita que este saberá encontrar
substitutos, uma vez mais.
A nível individual foi uma época em crescendo?
Só comecei a jogar regularmente em janeiro. Um jogador
precisa de regularidade, e por isso o melhor Siqueira apareceu mais para o fim.
Com mais uns meses estaria ainda melhor (risos).
Como foi trabalhar com Jorge Jesus? Sente que evoluiu muito
com ele?
O mister está sempre a tirar o melhor de cada um, e comigo
não foi diferente. É um estudioso do futebol, sabe como melhorar cada jogador.
Aprendi muito com ele. Os jogadores saem muito valorizados do Benfica, e há
muito mérito dele.
Sentiu a responsabilidade de assumir a herança de Fábio
Coentrão, depois de duas épocas em que o Benfica teve problemas no lado
esquerdo da defesa?
Sempre soube o meu valor, a minha capacidade. Com confiança
sei aquilo que posso render, sabia que seria importante no grupo. Não gosto de
falar em substituições. Cada jogador tem o seu perfil, a sua história no clube,
e eu acabei com por conquistar três títulos numa época, algo que nenhum lateral
tinha conseguido.
A saída do Siqueira está confirmada, André Gomes e Rodrigo
foram vendidos a um fundo e a saída de Garay ou Enzo também parece certa. O
Benfica vai ressentir-se destas mudanças na equipa-base?
Todos os jogadores querem jogar num clube como o Benfica.
Está bem desportiva e economicamente, e o mister tem o dom de substituir quem
sai com alguém igual ou até melhor. É a última coisa que me preocupa.
Jorge Jesus disse que não trocaria o Benfica pelo Valencia,
mas alguns jogadores parecem preparados para fazer essa troca, e muitos adeptos
têm dificuldade em compreender. O Siqueira, que jogou no Benfica e na Liga
espanhola, compreende tal opção?
Não pode ser visto como um passo para trás. A competição
conta. O Benfica é muito grande para a Liga portuguesa, mas eles vão para uma
liga mais competitiva. O Benfica não deixa nada a desejar a nenhum clube, mas a
Liga portuguesa não é tão exigente. Os adeptos não podem questionar o futuro
dos jogadores, devem pensar no que eles ajudaram, pensar que deram tudo pela
camisola.