P. Ferreira-Benfica, 0-2 (destaques)
P. Ferreira – Benfica, 0-2: Vitória com “fato-macaco” e
laivos de magia
Tarde de sol na cidade da Capital do Móvel e jogo ao fim da
tarde foram os ingredientes que resultaram na perfeição para lotar o estádio
pacense, isto em dia de inauguração da nova bancada.
Pintado de vermelho, uma vez mais – é recorrente – o Benfica
parecia jogar em casa. Na antecâmara, Jorge Jesus disse que o Paços de Ferreira
seria o verdadeiro adversário da equipa e não se enganou. Aqui e ali, o relvado
pode ter criado problemas, mas foram uns “castores” aguerridos e disciplinados
tacticamente que dificultaram a tarefa ao líder da classificação.
Apoiado pelo público, o Benfica não se fez rogado e desde
cedo pegou na batuta da partida e tocou a música que mais lhe convinha para
ganhar. Porém, na primeira parte esbarrou num Paços de Ferreira que deu poucos
espaços entrelinhas não permitindo que os da Luz se acercassem da baliza de
Degra.
A excepção veio dos pés de Maxi Pereira que, aos 38’, num
cruzamento “venenoso” quase traía Degra. Ao intervalo, o 0-0 acabava por
penalizar um Benfica mais ofensivo.
Transfigurados para a etapa complementar, o Benfica subiu
ainda mais o seu bloco, pressionou mais alto e o Paços de Ferreira viu a bola a
rondar a sua baliza com maior frequência.
Já o fazia por merecer (o mesmo já acontecera nos primeiros
45 minutos) e o golo apareceu aos 54 minutos através da cabeça de Garay que
disse “Sim!” a um cruzamento tenso de Ruben Amorim.
A perder, os “castores” subiram as linhas com o objectivo de
empatar. As dificuldades em entrar na área benfiquista eram muitas tal o
inteligente posicionamento táctico da defensiva forasteira.
Esse atrevimento teve consequências. Numa transição rápida
pelo meio, Rodrigo foi solicitado, a bola sobrou para Markovic que arrancou ao
seu estilo e tirou um remate potente para o 0-2 (67’).
A vencer por 0-2, o Benfica “fato-macaco” deu lugar ao
Benfica “nota artística” com trocas de bola ao primeiro toque e com bastante
assertividade que colocaram a cabeça em água aos pacenses. Ao colectivo
aprumado juntaram-se pormenores individuais interessantes e que trouxeram magia
à Capital do Móvel.
Garay e Markovic “coloriram” o marcador e o Benfica segue
líder com 46 pontos.
O Sport Lisboa e Benfica alinha com o seguinte onze: Oblak;
Maxi Pereira, Garay, Luisão, Siqueira; Fejsa, Ruben Amorim (André Gomes, 88’),
Gaitán (Sulejmani, 60’), Markovic; Lima (Djuricic, 83’) e Rodrigo.
A cabeça de Garay está na Luz
A FIGURA: Garay está com a cabeça no Benfica. Sai, não sai,
ninguém sabe. Por enquanto, com o Zenit lá longe a piscar-lhe o olho e a
acenar-lhe com um carregamento de dinheiro, mantém os pés no chão e o
profissionalismo em tudo o que faz. Além do golo, desbloqueador, não perdeu um
lance e resolveu tudo com classe e concentração. É um central de eleição e
será, por certo, uma baixa grave caso rume para São Petersburgo.
NEGATIVO: protestos a maisAo intervalo, o Benfica tinha três
defesas amarelados, dois por protestos com o árbitro. É um problema
comportamental dos nossos futebolistas. Falam, abusam, levam longe de mais os
seus argumentos e quase sempre de forma incorreta. Mais cabeça fria, por favor.
MOMENTO DO JOGO: golo de Markovic, minuto 68Terá sido o
frio? O relvado empapado? A exigência física num jogo de poucos espaços? Tudo
junto talvez ajude a explicar o desaparecimento do internacional sérvio na Mata
Real. Zero, não fez nada de significativo, nem de útil, até… pois, o nosso
raciocínio foi quebrado com a arrancada imparável para o segundo golo do
Benfica. Salvou a noite e fechou a contagem. Nota positiva para ele.
OUTROS DESTAQUES:
Oblak – Foi um espectador durante toda a primeira parte.
Segurou algumas bolas que chegaram com tranquilidade. Na segunda metade
continuou a ter pouco que fazer, mas sempre que chamado mostrou segurança.
Maxi Pereira – Lutador, o uruguaio foi incansável defensiva
e ofensivamente. Esteve muito combativo conforme pediam as características do
jogo. Permitiu poucas veleidades na sua zona de terreno.
Luisão – Marcou Bebé e a estampa física do avançado não o
atemorizou. Dominou o sector mais recuado e ainda teve tempo de aparecer na
área contrária a desequilibrar.
Siqueira – Como habitual esteve muito ofensivo mas não foi
surpreendido nas costas. Combinou bem com Gaitán e tirou uma série de
cruzamentos perigosos.
Fejsa - Equilibrado no posicionamento, simples no passe, forte
no ar, sereno no choque. Não é Matic, nunca será, pois falta-lhe dimensão no
arranque do processo defensivo. Garante, porém, segurança e eficácia num
lugar-chave. Em Paços Ferreira esteve confortável em todas as ações. Bom jogo.
Rúben Amorim - Competente a lançar e a organizar, mas sem a
fúria de Enzo Pérez. É um jogador maduro, consciente e uma garantia de solidez
no meio-campo. Com uma reserva deste calibre, Jorge Jesus pode estar
descansado.
Nico Gaitán - A riqueza técnica não é novidade nem surpresa,
mas a raça e o desejo com que encarou o jogo merecem um elogio especial. Foi ao
chão, roubou bolas, ganhou no corpo a corpo, surpreendeu. Fez tudo o que
Markovic foi incapaz de garantir. Por inépcia ou, lá está, falta de ambição. Os
pezinhos de veludo de Nico não se envergonharam com o tapete modesto de Paços
Ferreira.
Markovic – No início da partida pareceu não se adaptar ao
estilo combativo do jogo. Com o decorrer dos minutos percebeu melhor como teria
de estar em campo e subiu de rendimento. Tal subida foi culminada com o segundo
tento das “águias”.
Lima – Correu quilómetros e lutou muito. Deu trabalho à
defensiva pacense. Jogou bem de costas para a baliza, segurou bem o esférico e
permitiu que a equipa subisse no terreno.
Rodrigo – Tentou jogar entrelinhas e nas alas, mas não
conseguiu muitos espaços para criar perigo. Esteve envolvido no lance do golo
de Markovic.
Sulejmani – Entrou na partida com vontade de mostrar
serviço. A sua técnica deu trabalho a Tony. Sofreu muitas faltas.
Djuricic – Tentou pegar no jogo na posição 10, mas o jogo já
estava resolvido