Cardozo: um penálti
que custou pontos ao Benfica, quatro anos depois
Paraguaio já falhou
onze castigos máximos pelo Benfica, mas tem eficácia superior a 75 por cento
O penálti
desperdiçado por Cardozo em Barcelos – aliás, bem defendido por Adriano, um dos
melhores especialistas na Liga portuguesa, nesse particular – vem relançar a
questão da eficácia, ou falta dela, do paraguaio, na marca dos 11 metros.
Habitual marcador dos castigos máximos do Benfica, desde que chegou à Luz, em
2007, o Tacuara já cobrou 50 penáltis em provas oficiais, tendo uma eficácia de
78 por cento: os 39 golos que marcou desta forma valem quase um quarto (23 por
cento) do total conseguido na Luz.
Curiosamente este foi
o primeiro penalti que o paraguaio foi chamado a bater na época em curso, no
jogo que marca o regresso, após uma paragem de quase três meses. Cardozo tinha
cobrado o último castigo máximo em maio, na final da Liga Europa com o Chelsea,
e dessa vez não falhou. A temporada 2012/13 foi, aliás, uma das mais produtivas
do Tacuara neste capítulo, já que converteu com êxito 11 dos 12 penaltis de que
dispôs. Curiosamente, o único falhado, na Liga dos Campeões, diante do Spartak,
impediu-o de chegar ao hat-trick, num jogo que o Benfica venceu por 2-0 com
dois golos seus.
O sucedido em
Barcelos, com a possibilidade de vitória desperdiçada em tempo de descontos, já
teve um antecedente direto: aconteceu na época do último título do Benfica,
2009/10, no estádio do Bonfim. Tal como neste sábado, o Benfica estava empatado
1-1. E assim permaneceu, uma vez que Cardozo atirou à trave nesse lance, num
jogo realizado a 6 de fevereiro.
A época 2009/10
marca, aliás, o início da polémica em relação ao estatuto de Cardozo como
cobrador de penaltis: o paraguaio, que até aí tinha um registo de 10/10 nas
duas primeiras épocas, tornou-se o primeiro jogador a falhar quatro castigos
máximos na mesma edição da Liga, terminando a prova com sete golos em 11
tentativas. Dois desses falhanços tiveram implicação direta nos desfechos, nos
empates (1-1) com Marítimo e V. Setúbal, o que não impediu o Benfica de
festejar o título e Cardozo de recolher o estatuto de melhor marcador. Para
acentuar o pesadelo, no fim dessa época, Cardozo viria ainda a falhar um
penálti decisivo pelo Paraguai, no Mundial 2010, num jogo em que a seleção
guarani acabaria eliminada pela Espanha.
Na época seguinte
mantiveram-se os problemas (mais três falhanços em oito tentativas), mas dessa
vez, em nenhum dos jogos o Benfica perdeu pontos, o mesmo acontecendo em
2011/12 nos penaltis falhados diante de V. Guimarães e Nacional, ambos na Luz.
Foi preciso esperar até 2014 para que um penálti falhado por Cardozo voltasse a
ter implicação direta no desfecho de um jogo.
A situação tornou-se
mais polémica porque, poucos minutos antes, ainda sem Cardozo em campo, Lima
tinha convertido um castigo máximo com eficácia. Jorge Jesus, no final da
partida, esclareceu que a opção por Cardozo resultou do diálogo entre os dois
jogadores, embora no estádio o brasileiro desse alguns sinais de insatisfação
pelo facto de não cobrar o segundo castigo.
É verdade que Lima
também já falhou um penálti na época em curso (na Amoreira, em jogo que o
Benfica venceu por 2-1, com golos de Lima e de Cardozo, justamente) mas o
brasileiro tem a seu favor o facto de, nas nove grandes penalidades que cobrou
no Benfica, ter dado, na época passada, mostras de sangue frio em duas
cobranças em período de descontos, diante da Académica (vitória do Benfica por
1-0) e do Moreirense (vitória por 3-1).
Curiosamente, o
sucedido esta noite em Barcelos é a inversão total do cenário ocorrido na época
passada, para a Taça da Liga, diante do Moreirense. Na altura, o Benfica perdia
por 1-0 quando dispôs de um penálti que Lima desperdiçou. Em período de
descontos, novo castigo máximo que Cardozo cobrou com êxito, fixando o empate
final: 1-1.