sexta-feira, 14 de março de 2014

Este Benfica, uma máquina de defender

Este Benfica, uma máquina de defender

Oblak, Fejsa e mais duas ou três coisas que mudaram

Desde 15 de dezembro que o Benfica não sofre um golo de bola corrida. É curioso que assim seja, porque o jogo do algarve só sublinhou a má fase que a equipa atravessava. Por essa altura, Jesus via Artur deslocar-se ao fundo da baliza em praticamente todos os jogos.


Do Algarve para cá, 17 jogos e apenas dois golos sofridos. Em Barcelos, no seguimento de um canto. Em Londres, de livre direto.
Os quatro defesas têm oscilado um pouco. Sílvio, de vez em quando, até Jardel.
As grandes alterações aconteceram atrás, com a entrada de Oblak, e à frente, com a titularidade regular de Fejsa, sobretudo depois de Matic ter rumado ao Chelsea.

As duas alterações têm peso.

Na baliza, Artur estava a ser um foco de instabilidade. Além dos golos em que teve responsabilidade direta, somou falhas em número incomum no guarda-redes de um grande. Oblak, sem ainda ter feito uma exbição notável, passa calma e tranquilidade. E isso ajuda sempre. 
 
À frente da defesa, Fejsa passou a ser um jogador mais presente. 
 
Ao contrário de Matic, que procurava outros terrenos e gostava de ter a bola, Fejsa é sobretudo um médio que gosta de defender. Sabe posicionar-se e compreende que a sua tarefa é, antes de qualquer outra, ajudar a equilibrar a equipa.
Isso faz-se protegendo o centro do terreno, o que lhe permite estar sempre presente quando é preciso dobrar alguém num flanco ou, muito relevante, reforçar a zona central. Hoje em dia, o Benfica colocou portagens em todoas as portagens e autoestradas.

Os principais beneficiados com esta forma diferente de colocar o meio campo são os defesas, sobretudo os centrais. E é por aqui que chegamos a Luisão.  É verdade que somou dois golos ao que tinha marcado ao Estoril. Todos eles de enorme importância, particularmente impressionante o 3-1 em Londres. Paremos um pouco, precisamente aí.

O golo não foi só um bom movimento de Luisão, um gesto de oportunidade. Ali, o que impressiona é a potência do remate e a colocação. Só um jogador a viver uma fase de incrível confiança escolheria aquela opção. Luisão é esse jogador. Dez depois do primeiro dia na Luz, está a assinar a melhor época.

De máquina temível de futebol ofensivo, o Benfica montou uma máquina de defender, sem perder a capacidade para incomodar e chegar perto da baliza do adversário. Para que isto sucedesse, diversos jogadores tiveram de acreditar que é tão importante reagir à perda de bola como levá-la para a frente.

De todos os futebolistas, Gaitan talvez tenha sido o que mais mudou. É hoje um extremo competitivo, como por exemplo já era Salvio. Como Markovic aprendeu depressa o que é preciso para jogar ao mais alto nível, o Benfica consegue utilizar quatro jogadores de ataque sem se desequilibrar quando tem a bola. Boa atitude mental, saúde física, concentração e conhecimentos táticos são os ingredientes. Como se percebe, não é fácil garantir tudo isto junto. Para já, está em marcha há três meses. Com sucesso inegável. O Tottenham foi o último a compreendê-lo.
Depois de várias épocas a apostar na vertigem do ataque, e para isso levando os jogadores ao esgotamento, não deixaria de ser irónico se o sucesso chegasse no ano em que Jesus mais reparou na necessária capacidade para defender. 

NOTA: Podia escrever que a provocação de Jesus ao treinador do Tottenham é lamentável, tal como a explicação (?) posterior na sala de imprensa. Mas não estaria a ser rigoroso. A palavra é patético. Um treinador que provoca os adversários e empurra os elementos da sua equipa. O Benfica não devia ser isto.
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