quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Anderlecht-Benfica, 2-3 (crónica)

Rodrigo ressuscitou-os ao fim de sete minutos mortais

Anderlecht-Benfica, 2-3 (crónica)
Por sete minutos, o coração do Benfica parou de bater na Liga dos Campeões. Por sete minutos, as águias estiveram «mortas» na Champions, graças a um golo de Manolas em Paris e uma exibição aflitiva em Bruxelas, com muitos equívocos pelo meio. Havia 2-2 na Bélgica, havia 1-1 em França, não havia Benfica na prova. Rodrigo redimiu-se de Barcelona e salvou a noite. Os encarnados continuam na corrida por um lugar na fase seguinte. Não dependem de si, é verdade. Mas pelo que se viu em Bruxelas, a continuar assim, mais vale mesmo confiar na sorte. Para já, objetivo mínimo: a Liga Europa está garantida.

Jorge Jesus voltou ao banco. E voltou a baralhar. Fejsa reapareceu no onze para desfazer a dupla Enzo/Matic. O argentino foi jogar para a direita, com Gaitán no flanco oposto. Markovic acompanhou Lima na frente. Dois avançados para esquecer apenas um: Cardozo. Impossível a tarefa por aquilo que jogaram o sérvio e o brasileiro.

O início de jogo deu indícios do que seria o Benfica em Bruxelas. Uma equipa sem ligação, equivocada desde o início. Matic tentou levá-la para a frente, Enzo Pérez teve de ir para espaços interiores para a bola girar. Fejsa esteve bem, mas pareceu a mais. Markovic e Lima foram de menos, certamente.

Até ao 1-0, nada de grande realce aconteceu. Um remate de André Almeida, que substituiu Sílvio à última hora, um remate de Mitrovic que Artur defendeu. O Benfica não estava bem. Não se sentia confortável com a bola, dava espaços quando não a tinha. Um lance de bola parada deu origem ao 0-1. Luisão não conseguiu afastar da área e Mbemba bateu Artur.

Com o Benfica a dar uma imagem demasiado colada à exibição com o Sp. Braga, Matic foi o primeiro a perceber que era preciso fazer alguma coisa. O sérvio começou a ganhar alguns lances no meio-campo contrário, mas faltava quem o ajudasse a unir uma coisa à outra: o momento de recuperação ao de definir o ataque à baliza de Proto. Faltava-lhe Enzo por ali, porque o argentino tem uma verticalidade que não se vê em Fejsa, mais dedicado a proteger o compatriota do número 21.

E Gaitán? A espaços surgia, e num desses momentos ganhou a falta que ia resultar no empate. Enzo Pérez assistiu, Matic marcou. Fora de jogo? Do sérvio é difícil ver, mas Lima está e bloqueia um defesa. O jogo ia para intervalo empatado, com mais um canto a causar perigo junto da baliza de Artur.

Uma pausa no jogo, uma pausa para um pensamento: o Anderlecht sofreu cinco golos em casa com o PSG e três de Mitroglou com o Olympiakos. Agora que se sabe o resultado final, percebe-se que aquilo que o Benfica fez em números nem foi assim tão especial quanto isso. Os belgas não são equipa para esta liga e saem do jogo sem futebol europeu no horizonte.

Mas voltemos ao encontro. Enzo Pérez começou a surgir em zonas interiores e a bola começou a girar melhor pelo Benfica. Como girou Gaitán a passe do compatriota para o autogolo de Mbemba, aos 52 minutos. O Anderlecht dava mais um tiro nas aspirações europeias que ainda tinha, com o central a trabalhar por Markovic e Lima.

Por esta altura, o Benfica fazia história. Nunca tinha vencido o Anderlecht em Bruxelas e estava a fazê-lo. Eram os belgas que tinham agora de se lançar no ataque e abrir mais espaços atrás. Noutras alturas, os encarnados ficariam confortáveis nesse papel. Terá sido por isso que Jorge Jesus não tirou Markovic do jogo. Apostou no sérvio mais veloz do que Gaitán, que nem precisou de fazer muito para estar uns furos acima. O camisola 50 nunca rendeu o devido, nunca fez o que um compatriota mais esclarecido e mais maduro conseguiu junto ao apito final. 

E eis que surgiu outro problema do Benfica. Não soube controlar a partida e deixou o Anderlecht acreditar. Um passe de Vanden Borre para Bruno e um remate cruzado de primeira voltaram a empatar o jogo. E confirmaram que Garay ainda não está ao nível que o lançou para os rumores de uma transferência para o Manchester United. 

O Benfica via-se em apuros na Bélgica e levava uma facada com o golo de Manolas no Parque dos Princípes. Durante sete minutos esteve eliminado. A Liga dos Campeões perdia o anfitrião da final. Jesus foi ao banco buscar um milagre. Meteu Rodrigo em campo e o avançado espanhol alcançou a redenção. Há pouco menos de um ano, em Camp Nou, falhou na cara do guarda-redes do Barça um golo que poderia ter deixado os encarnados nos oitavos de final da Liga dos Campeões.

Nesta noite, Rodrigo não falhou. Isolado pelo suplente sérvio Sulejmani (o tal mais esclarecido que Markovic) bateu Proto. O 3-2 foi o choque elétrico que ressuscitou as contas da Champions, com Cavani a dar a ajuda possível em Paris.

O Benfica fez história nesta noite ao vencer o Anderlecht em Bruxelas pela primeira vez. Mas abusou da sorte e do coração. Maltratou-o, mesmo. Tem de mudar de hábitos, se não, a Liga dos Campeões, e não só, podem não ter cura. 

As contas continuam abertas: é preciso fazer melhor que o Olympiakos na última jornada. Para isso, poderá ser preciso bater o PSG em casa. Impossível de fazer se repetir a exibição de Bruxelas. Ou alguém tem dúvidas?

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