sábado, 12 de abril de 2014

Benfica em contagem decrescente para o título

Benfica em contagem decrescente para o título

Nota-se no comportamento dos jogadores, no discurso do treinador e, até esta semana, numa certa contenção dos adeptos. A sintonia na Luz faz lembrar a de uma orquestra afinada: o Benfica está à beira do título e quase ninguém quer lançar foguetes antes da festa. Há um ano correu mal.
E, no entanto, a situação é diferente esta época. Bem mais vantajosa. A estocada final no campeonato surge agora como uma inevitabilidade, o que não acontecia em 2013 quando os jogadores começaram aos beijos e abraços após o triunfo na Madeira sobre o Marítimo e os adeptos foram ao Marquês de Pombal anunciar numa tarja quase visível dos Restauradores: ‘Reservado’. Já lá está outra, desde quarta-feira, mas demorou mais a aparecer do que seria de esperar em condições normais.
Após a vitória por 2-1 no terreno do Marítimo, que permitiu segurar dois pontos de avanço para o FC Porto a três jornadas do fim, Jorge Jesus deixou-se contagiar pelo entusiasmo dos jogadores: “Entrámos à campeão na segunda parte. Fizemos um golo e podíamos ter feito mais”.
Já a goleada de 4-0 ao Rio Ave, na passada segunda-feira, e os sete pontos que continuam a marcar a diferença o Sporting, agora com quatro jornadas por disputar, não deram mais do que isto: “É preciso ter cautela, pois ainda faltam quatro jogos. Temos de estar concentrados para sermos melhores do que os nossos adversários. Os jogadores do Benfica mostraram que estão bem”.
Tanto calculismo apenas se compreende à luz dos acontecimentos da última época, com três títulos perdidos numa questão de dias. Mas se em 2013 qualquer deslize deixaria o Benfica à mercê do FC Porto, desta feita nem duas derrotas chegariam para o Sporting roubar a liderança aos ‘encarnados’.
Cinco pontos separam a equipa da Luz do 33.º título de campeão nacional da sua história, o segundo na era Jesus. E até podem bastar os três de uma eventual vitória sobre o Arouca, no domingo, se os ‘leões’ escorregarem amanhã em Alvalade frente ao Gil Vicente. Porque os sete pontos de diferença passariam pelo menos a nove e tudo ficaria decidido, graças à vantagem sobre o rival lisboeta no confronto directo.
O fim-de-semana dará ao Benfica a primeira de quatro oportunidades para sentenciar o campeonato. Vão seguir-se as recepções ao Olhanense e ao Vitória de Setúbal e, a fechar, a visita ao FC Porto.
Futuro de Jesus em aberto
Ao mesmo tempo que a temporada entra na fase de decisões, o futuro de Jorge Jesus volta a ser tema de discussão. Apesar de ter mais um ano de contrato, não é ainda certo que vá cumprir a sexta época na Luz e ultrapassar Janos Biri como o treinador com mais jogos ao serviço do clube.
Com um total de 261 partidas nacionais e internacionais em representação dos ‘encarnados’, o técnico português já deixou para trás nomes como Otto Glória (249), Eriksson (234), Toni (216) e Mortimore (200). E vai terminar a época colado ao recorde que o húngaro estabeleceu de 1939 a 1947 (272). Se ficar, é garantido que ainda este ano se tornará o número um.
“Esse assunto não é mais importante do que o Benfica e é neste que vou continuar a focar-me”, respondeu após o embate com o Rio Ave, sem desfazer a dúvida.
Já ninguém lhe tira um lugar na história do Benfica, isso é um dado consumado. Com o título que se avizinha, Jorge Jesus entra numa lista de ilustres que foram campeões por mais do que uma vez ao leme do Benfica.
Dela constam Lippo Hertzka, Janos Biri, Otto Glória, Jimmy Hagan e Sven-Goran Eriksson, todos com três campeonatos ganhos, e ainda Béla Guttmann, Fernando Riera, John Mortimore e Toni, com dois.
Se Jesus vai rumar a outras paragens ao lado destes últimos ou se vai tentar igualar os primeiros na próxima época é um tabu para desfazer lá mais para a frente. Segundo o SOL apurou, o treinador está a ponderar todos os cenários e, como sempre acontece, os resultados e as conquistas na recta final da temporada também vão pesar.

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