Benfica tenta virar tendência no clássico 21 anos depois

Encarnados não vencem o FC Porto duas vezes no mesmo ano desde 1993. Na quarta-feira têm a hipótese de virar a página e repetir o feito. Há duas décadas a equipa orientada por Toni tinha Isaías, Vítor Paneira, João Vieira Pinto e Rui Águas

Há 21 anos que o Benfica não vence o FC Porto duas vezes no mesmo ano civil. A última vez que isso aconteceu foi em 1993, quando os dragões mudaram de treinador, Carlos Alberto Silva para Ivic, e Toni procurava o sucesso na Luz. Agora, a equipa de Jorge Jesus tem a oportunidade de repetir o feito, caso vença a formação de Luís Castro esta quarta-feira, na segunda mão das meias-finais da Taça de Portugal.

E foi curiosamente num jogo da Taça que essa dupla vitória começou. Mais concretamente em janeiro de 1993, no mesmo dia em que Paulo Futre foi apresentado aos adeptos como reforço encarnado. Desviado por Jorge de Brito ao Sporting, o avançado trocou o Atlético de Madrid pelo Benfica, num negócio que ficou marcado pelo polémico apoio da RTP na contratação por 600 mil contos.

Há dois anos, no programa «Futrebol», da TVI24, Paulo Futre contou na primeira pessoa o que se passou naqueles dias e como ainda continua à espera de Sousa Cintra no aeroporto. 
Naquela tarde de janeiro Futre viu o jogo da bancada e parece ter dado sorte, uma vez que a sua nova equipa venceu o campeão FC Porto por 2-0. Um dia de grande inspiração do brasileiro Isaías, que marcou um dos golos, viu-se envolvido na expulsão de Aloísio (um dos raros cartões vermelhos diretos do defesa, que deu uma cabeçada no compatriota) e ainda sofreu o penálti que viria a dar o segundo golo, apontado por Yuran, já nos últimos minutos da partida.

 Na equipa de Toni figuravam jogadores tão importantes como Mozer, Veloso, Kulkov, Vítor Paneira, João Vieira Pinto, Rui Águas, Isaías, Schwarz e Paulo Sousa. Do outro lado estavam Vítor Baía, João Pinto, Fernando Couto, Aloísio, Timofte, Kostadinov, Jorge Costa e Domingos. 

Ultrapassado o FC Porto nos oitavos-de-final da Taça de Portugal, curiosamente os encarnados viriam a receber o Amora, treinado por Jorge Jesus, que golearam por 5-0. O troféu seria conquistado na final perante o Boavista, num jogo fantástico de Paulo Futre, o melhor que fez pelo Benfica, em que apontou dois golos na vitória por 5-2. 

Já no início da época seguinte, os dois clubes encontraram-se na primeira mão da Supertaça, novamente na Luz, e o Benfica voltou a vencer, mas pela vantagem mínima (1-0). O autor do golo foi Rui Águas, aos 84 minutos, num cabeceamento fantástico após cruzamento da direita de Vítor Paneira. Os dragões apareceram na Luz com três centrais e foram massacrados, salvando-lhes a exibição segura de Vítor Baía. Tomislav Ivic começava com o pé esquerdo uma temporada em que viria a ser substituído por Bobby Robson.

Os encarnados, ainda orientados por Toni, viriam a conquistar o título, e arrancavam para uma época fulgurante, contando basicamente com os nomes do ano anterior, menos Paulo Futre, que tinha sido vendido ao Marselha.
É este o legado que o atual plantel do Benfica vai procurar seguir, sendo certo que há dois registos positivos mais recentes, mas que não foram conseguidos no mesmo ano. Em 2005/06 Ronald Koeman conseguiu vencer dois jogos a Co Adriaanse (ambos na Liga: 1-0 na Luz e 2-0 no Dragão), mas de pouco lhe valeu, porque não venceu qualquer troféu.
Mais recentemente, já com Jorge Jesus, dois triunfos na época de 2009/10, primeiro no campeonato, por 1-0 (dezembro de 2009), e posteriormente na final da Taça da Liga (março de 2010), com triunfo por 3-0. Este foi um dos cinco triunfos do atual técnico do Benfica sobre o FC Porto, sabendo-se que o registo que possui perante os dragões é negativo. 

Desde que é treinador da equipa da Luz, Jesus venceu cinco vezes o FC Porto, empatou em duas ocasiões e somou sete derrotas (a última na primeira mão da meia-final). Depois do trauma da época passada, em 2014 já conseguiu triunfar no jogo da Liga realizado na Luz e tem agora a oportunidade de fechar um ciclo, afastando um dos papões pessoais. Quando chegou ao Benfica venceu os dois primeiros jogos aos rivais da Invicta e a partir daí somou muitos desgostos, mas este ano pode mudar a tendência.
Ainda assim, no total da carreira, em 31 desafios disputados antes os dragões, Jesus venceu cinco (sempre pelo Benfica), empatou sete e perdeu 19. Quanto aos embates entre FC Porto e encarnados já se sabe que têm sempre dimensões épicas e este dá entrada direta na final da Taça de Portugal.