segunda-feira, 14 de abril de 2014

O melhor Rodrigo de sempre embala o Benfica

O melhor Rodrigo de sempre embala o Benfica


Melhor registo do 19 da Luz, que inverteu o destino em Bruxelas

Naquela noite fria passou quase todo o encontro a olhar para dentro de campo. Viu a equipa a perder e Matic a empatar. Ainda pela linha lateral, observou um pormenor de Gaitán desviar num defesa e terminar na baliza contrária. Sofreu ainda com o 2-2.

Mas naquela noite fria, Rodrigo ainda tinha uma corrida louca para fazer, ainda tinha de cair com a emoção e levar as mãos à cara. O camisola 19 teve pouco tempo em campo para tudo aquilo que se passou de seguida. Pisou o relvado aos 87 minutos e, aos 90, deu uma vitória frente ao Anderlecht, na Bélgica.

Para o Benfica, aquele golo podia ter significado apenas a continuação nas provas europeias. Mas não. Naquele gesto, de um finalmente demasiado sofrido, Rodrigo acabou com todas as dúvidas, incluindo as que ele próprio tinha, e seguiu para a melhor época de sempre.  Neste domingo, frente ao Arouca, chegou aos 17 golos numa época. Nunca o tinha conseguido. Pelo meio, espante-se, assumiu-se como homem de área (ver gráfico interativo) e levou o Benfica com ele…

Contratado ao Real Madrid na mesma altura em que o Benfica vendeu Di María ao colosso espanhol, Rodrigo, um miúdo com 19 anos, deu boas indicações no primeiro treino aberto, no Seixal. Poucos dias depois, ficou perto de grandes clubes da Premier League, uma vez que rumou para a Grande Manchester. O nome do emblema é que era o do modesto Bolton, onde passou uma temporada e apontou um golo.

A história foi diferente na época 2011/12. Até Aveiro, neste domingo, essa tinha sido a melhor temporada de Rodrigo. No total, 16 golos assim divididos: nove na Liga, dois na Taça de Portugal, quatro na Taça da Liga e outro na Champions. Ótimo para quem tinha a concorrência de Óscar Cardozo e de Javier Saviola.

Rodrigo tinha chegado à Luz como um 9. Jorge Jesus começou a moldá-lo para ser mais 9,5. É no meio caminho entre o 10 e o 9 que Rodrigo tem jogado, mas um olhar atento aos golos do internacional sub-21 espanhol fazem dele muito mais ponta de lança do que um avançado que joga no apoio a outro.

Antes disso, recordemos aquele gesto em Bruxelas. Contrastante com outro na Liga dos Campeões. Dessa vez, Rodrigo caiu no relvado também. Mas tombado sobre o lado esquerdo, com a mão direita no ar e uma expressão de enorme dor. Um lance com Bruno Alves, num Zenit-Benfica, lesionou-o. E durante muito tempo o Benfica suspirou por aquele Rodrigo que entre 14 de outubro e 15 de fevereiro de 2012 tinha apontado 14 golos.

Esse Rodrigo só em 2014 voltou. O verão quente de 2013 na Luz podia ter sido o fator de mudança na história de Rodrigo no Benfica. Óscar Cardozo foi tema escaldante que se prolongou para lá do fecho de mercado em Portugal. Se o paraguaio ficasse, depois da época anterior, Rodrigo seria sempre a terceira opção.

A primeira jornada mostrou-nos que era pior do que isso. Na Madeira, sem Cardozo, foi Djuricic quem saltou para o onze ao lado de Lima. Rodrigo começava como quarta opção. Nesse jogo, porém, entrou ao intervalo e fez o primeiro golo da época encarnada. Um ponto para o hispano-brasileiro, nenhum para os encarnados que perderam na Liga como nunca mais aconteceu até então. Era 18 de agosto, próximo golo apenas a 27 de novembro: o tal de Bruxelas…

Cruzamento, bola na pequena área, má intervenção defensiva e golo de Rodrigo, na pequena área. Podia ser o golo deste domingo em Arouca, ou aquele que marcou em Vila do Conde. Num só jogo: cruzamento da direita para o segundo poste, de Salvio, e Rodrigo encosta de pé esquerdo, na pequena área - o 1-0 ou o 2-0 ao AZ?Rodrigo lançado em velocidade, com terreno à frente. Entra na área e remata perante o guarda-redes. Bruxelas ou Londres?

Rodrigo já marcou vários golos «iguais» nesta época. Fez dois de cabeça e somente um de pé direito. Apontou um golo num remate de longe. Não tem nenhum de penálti [Lima tem 18 golos, quatro de grande penalidade]. Ou seja, é na área que ele decide. Com uma versatilidade maior do que qualquer outro avançado do plantel, o 19 da Luz evoluiu no jogo entre linhas adversárias. O suor gasto na pressão equilibrou a equipa também, mas é a quantidade de festejos que definem quem joga ali: por isso alguém pagou 30 milhões por ele.

Ao todo, são agora 17 golos: 11 na Liga, dois na Taça de Portugal, um na Champions e um bis na Liga Europa.

Em Bruxelas, Rodrigo respirou a confiança que lhe tinha ficado no relvado do Petrovsky, como ficou a de Cardozo num problema lombar depois de três golos ao Sporting. Aquela corrida louca foi poucos dias depois desse dérbi e, parecendo à primeira vista que não, embalou o Benfica para um título que está cada vez mais perto, como cada vez mais perto anda Rodrigo do golo…

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