terça-feira, 15 de abril de 2014

Gaitan o pequeno génio

Gaitan o pequeno génio

Em La Boca, primeiro. Nas ruas. Depois no rinque do José Paz. Gaitán teve de lutar com essa sentença de que era pequeno, magro, frágil de mais para ser craque. E a dúvida entranhou-se em tudo até pisar a Bombonera, até marcar os primeiros golos. Até festejarem com ele as primeiras vitórias. Antes, chorava quando perdia, mesmo que tivesse feito o hat-trick com que todos sonham. E prometia não voltar no dia seguinte, sentindo o peso de toda a injustiça do mundo. Ainda de ranho no nariz, ainda pequeno e frágil, com um programa individual de fortalecimento à espera e a promessa de que seria um dos melhores da bela Argentina, que Centenera cantou pela primeira vez.

Nico ainda joga assim. De ranho no nariz, vermelhão como chico rebelde. Aquele pé esquerdo a combater a gravidade em fintas, livres – será que esqueceremos alguma vez aquela panenkada de fora da área?   , cruzamentos ou bolas picadas sobre o guarda-redes. A jogar como se fosse o futsal dos velhos tempos mas sobre a cancha, esta com menos papelinhos no seu caminho. Cresceu e o seu futebol ficou ainda mais puro, natural, imprevisível. E sem a bola tornou-se adulto, preocupado com a sua baliza como um verdadeiro europeu. Esteve perdido, sim, algures, a certa altura, mas reencontrou-se ou reencontraram-no, fez-se homem e rejuvenesceu, por mais antagónico que isso possa parecer.
 
Nós, felizes da vida por termos à frente o melhor Gaitán de sempre. Este sim, génio. E, agora que nos apercebemos de tudo isso, temos pouco para oferecer-lhe, para que fique connosco por mais um bocado. Para que beba mais um copo e nos conte mais uma história com outro golaço, já que achamos escasso o tempo que passou connosco a divertir-nos. Não chores mais, porque choraremos por ti, argentino! 

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