terça-feira, 3 de junho de 2014

Época 2013/2014 – Balanços e conclusões (os 3 grandes)

Época 2013/2014 – Balanços e conclusões  (os 3 grandes)

Findada mais uma época futebolística em Portugal, é hora de se realizarem as análises, balanços e dar relevo a quem mais merece destaque. Principiemos então pelos três principais clubes do nosso futebol.
Sport Lisboa e Benfica :

Merece obviamente o maior destaque, ou não fosse o novo campeão nacional, após mais um ciclo de hegemonia portista (tricampeonato). Numa época em que, contra todas as expetativas e contra a geral opinião da massa adepta, Luís Filipe Vieira apostou na continuidade da equipa técnica, Jorge Jesus mostrou ter evoluído com os erros anteriormente cometidos, tendo para tal contado também com uma época bastante incomum do seu principal rival, o Futebol Clube do Porto. Quanto a isto, lá iremos mais adiante.

Para já, é importante destacar aquilo que de positivo JJ conseguiu na presente época, na qual preferiu preterir da “nota artística” e consolidar uma equipa mais consciente, mais segura, algo que se tornou notório fundamentalmente após o momento em que a equipa se encontrou na liderança isolada do campeonato. Com os índices anímicos no máximo, a equipa revelou bastante tranquilidade e maturidade, bem como uma condição física que lhe permitiu não quebrar na reta final da corrida, contrariamente às pretéritas temporadas.

Se analisarmos a época do Benfica com frieza, veremos que foi muito boa em quase todas as frentes. Na Liga, obteve 24 vitórias, 4 empates e apenas 2 derrotas, sendo que uma delas não teve qualquer significado prático (a do Dragão).
A percentagem de vitórias no campeonato (um empate vale metade da vitória), é pois de 86,6%, com a grande importância de ter sido campeão com 7 pontos de avanço sobre o segundo classificado.
Na Taça de Portugal, o registo também é excelente.
Em 7 jogos, o Benfica obteve 6 vitórias e apenas 1 derrota, na primeira mão da meia-final.
Ou seja, obteve uma percentagem de vitórias de 85,7%, tendo também conquistado este troféu, no jogo de ontem com o Rio Ave.
E na Taça da Liga, o registo é ainda melhor: em 5 jogos, 4 vitórias e 1 empate, também no Dragão. É aqui que o clube ontém a sua mais alta percentagem de vitórias: 90%.
Nas competições europeias, as coisas não correram tão bem, sobretudo na Champions.
Em 6 jogos, o Benfica obteve 3 vitórias, 1 empate e 2 derrotas, fez 10 pontos mas não passou da fase de grupos.
A percentagem de vitórias na Champions foi a mais baixa de todas as competições: 58,3%, o que é abaixo do que se pretende para um clube como o Benfica.
Porém, na liga Europa os resultados foram bem melhores, o que também era de esperar.
Em 9 jogos, o Benfica venceu 6 e empatou 3, sendo apenas derrotado pelo Sevilha nos penalties.
A percentagem de vitórias foi bastante boa, 83,3%, mas o sabor final foi amargo, pois a taça não veio para Lisboa. Se juntarmos todas as competições em jeito de balanço, podemos dizer que a equipa fez um total de 57 jogos oficiais, tendo obtido 43 vitórias, 9 empates e apenas 5 derrotas, o que dá uma percentagem global de vitórias de 83,3%, o que é notável, tendo ainda vencido 3 das 5 competições em que participou.
A época podia ainda ter sido mais brilhante?
Sim, a derrota na final europeia foi pena, mas não apaga os excelentes resultados conseguidos.
Além disso, esta época o Benfica conseguiu chegar a um local inédito, o 5º lugar no ranking de clubes da UEFA, que diz respeito aos últimos 5 anos, e apenas atrás de Real Madrid, Barcelona, Bayern e Chelsea.
Isso significa que mais uma vez será cabeça de série na próxima Champions, pelo segundo ano consecutivo, o que é excelente.
 Mas, que ninguém pense que esta foi uma época fácil.
Em Agosto do ano passado, o Benfica estava em depressão, depois das derrotas cruéis de Maio. No entanto, cerrou os dentes e prosseguiu a trabalhar, e conseguiu vencer as tristezas e as dores, e levantar-se para um grande ano.
Isto apesar de mais contrariedades.
Há muito tempo que não me lembrava de uma equipa tão massacrada por lesões.
Salvio, Cardozo, Ruben Amorim, Fejsa, Sílvio, Sálvio outra vez, Suleimani, Siqueira, todos eles passaram momentos dolorosos, e a equipa perdeu alguns mesmo quando precisava tanto deles... O azar dos castigos também foi cruel, e na final de Turim ficaram de fora Enzo, Markovic e Salvio, o que muito prejudicou.
Mas, o futebol é mesmo assim, as lesões e os castigos fazem parte da vida das equipas, e embora seja duro perder tanta gente em momentos tão em importantes, a verdade é que mesmo assim o Benfica conseguiu resultados muito bons.
É tempo pois de dar parabéns.
A Luís Filipe Vieira pela coragem e firmeza de ter acreditado no treinador.
A Jorge Jesus pela forma como montou a equipa, e como a manteve sempre competitiva e motivada o ano todo.
E aos jogadores, a todos, pela forma espantosa como se bateram sempre, mesmo quando as contrariedades eram muitas e quando poucos acreditavam neles.
E por fim aos adeptos, a todos, mesmo os que no início não acreditaram.
Por vezes, como na vida, é preciso cairmos para depois nos levantarmos, mais fortes e ainda mais empenhados, e só por fim vencer. 

Aposta ganha portanto, tendo somado ao campeonato mais duas taças nacionais. Segue-se agora um novo desafio, tentar alcançar aquilo que há várias décadas escapa da Luz, a conquista de um Bicampeonato.

Futebol Clube do Porto:
Após mais um ciclo vitorioso, a equipa portista realizou uma época para esquecer, alcançando a conquista de apenas um único trofeu, a Supertaça logo ao inaugurar da época. O bom arranque da equipa, no qual alcançou uma motivante vantagem pontual sobre o Benfica, fazia prever mais uma época de sucesso, o que acabou por não acontecer, de todo… A equipa revelou-se incapaz de reagir aos primeiros resultados negativos, e acabou por decair em catadupa, terminando a época com um saldo de apenas 19 vitórias nos 30 jogos realizados.
As alterações táticas impostas por Paulo Fonseca não se mostraram eficientes, ao que se juntou uma deficiente gestão física de alguns elementos do plantel. A mudança no corpo técnico com a aposta no treinador “da casa” Luís Castro, trouxe algumas melhorias à equipa, retomando o figurino tático habitual das últimas épocas, mas não possuindo obviamente tempo para trabalhar na equipa os princípios de jogo que pretenderia, devido ao calendário apertado pela presença na Liga Europa e nas meias-finais das taças nacionais. O estado anímico bastante frágil da equipa nessa fase foi também difícil de contrariar, não conseguindo esta dar a resposta pretendida.
Somando todos os fatores, o resultado foi um terceiro lugar, algo que já não se verificava desde há quatro épocas atrás. Segue-se agora o desafio de provar que raramente se sucedem duas épocas negativas consecutivamente no Dragão, pelo que para tal o clube terá que analisar friamente os erros cometidos na presente época, e retirar deles importantes ilações.
Sporting Clube de Portugal:
A atual época desportiva representou para o Sporting uma saída do “inferno”, sem conseguir no entanto “tocar o céu”. Após uma época completamente calamitosa, o novo presidente demonstrou estar a realizar um trabalho sério, “arrumando a casa” e construindo as bases para um futuro que será certamente mais positivo. A aposta em Leonardo Jardim para técnico da equipa revelou-se plenamente assertiva, tendo este formado uma equipa sólida que praticou um bom futebol ao longo da época, e conseguiu unir de novo a massa adepta em seu torno. Um plantel bastante jovem que mostrou evolução e maturação ao longo da época e que ameaça estar agora mais preparado para uma verdadeira luta pelo título nacional.
No entanto, os Leões terminaram mais uma época sem alcançarem a conquista de qualquer título oficial, adiando por agora o sonho dos seus adeptos. Numa época em que não disputou qualquer competição europeia, o Sporting foi incapaz de aproveitar um maior desafogo no calendário para superar os seus rivais num dos três títulos nacionais disputados. Será este o grande desafio do clube para a próxima época, partir dos alicerces construídos por Leonardo Jardim na tentativa de voltar a devolver aos seus adeptos as alegrias que há tantos anos lhes escapam.

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