sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Para onde caminhas tu meu querido Benfica

Para onde caminhas tu meu querido Benfica

Durante anos, anos a fio, fui acreditando que o Benfica tinha um rumo, que a falta de títulos era o preço a pagar pelas dificuldades que se viviam e pelo futuro que se estava a construir...

Durante anos aqui defendi Luís Filipe Vieira e os seus mandatos, rejubilei com bandeiras reconquistadas, como a credibilidade, as infra estruturas criadas, os meios por vezes penosos que eram necessários para alcançar os fins, para levar o barco a bom porto...

Durante anos aceitei as derrotas desportivas como parte do processo, como fruto da incapacidade de financeiramente competirmos com um clube que desportivamente e financeiramente era mais pujante que o nosso...

Até que... Até que... Até que há cinco anos atrás o Benfica finalmente assumiu de caras uma política que visava o sucesso desportivo, sustentada, não por meros caprichos e desejos e palavras de circunstância mas, com atos, com investimento no futebol, com a aquisição de ativos desportivos de inegável valor que se iniciaram no primeiro ano de Quique Flores, e que sustentavam a nossa renovada ambição...

Agora é que era... Foi aquilo que quis acreditar... Agora acabavam-se as desculpas... Tínhamos de novo o Benfica pujante, o Benfica financeiramente reestruturado, o Benfica sem medo, preparado para voar bem alto, a lutar palmo a palmo pelas grandes vitórias e pela glória perdida...

O primeiro ano de Quique Flores foi o ano zero do novo Benfica... E no ano seguinte Jorge Jesus levou o Benfica ao Olimpo, um campeonato nacional, estádios cheios e bom futebol, e pela primeira vez em muitos anos, vários jogadores do nosso clube a serem disputados pelos grandes colossos europeus a 25 e 30 milhões por cabeça, e o Benfica capaz de discutir com o FCPorto também no campeonato dos euros... 

E esse é para mim o momento chave da história do clube dos últimos anos, o momento que poderia ter marcado a viragem que nunca aconteceu, o momento de um clube recuperado desportivamente, com a força dos estádios cheios e de 6 milhões de adeptos ressuscitados e a ter o céu como limite, o momento de um clube financeiramente pujante com dinheiro a entrar em catadupa... porque esse era o momento... o momento em que a única coisa que o Benfica precisava era de uma política desportiva capaz que garantisse o futuro para que a vitória de um campeonato não passasse de um acontecimento esporádico...

Infelizmente, o homem que Luís Filipe Vieira encontrou para gerir a renovada ambição, os novos milhões e a política desportiva do clube foi ele próprio... e o acumular de erros próprios de alguém que percebe tanto de futebol como eu do negócio de pneus, foi (tem sido) de bradar aos céus! 

Pinto da Costa pode ser um mafioso, o clube que lidera pode ter (e tem seguramente) mãos cheias de taças nas vitrinas que lhe foram garantidas bem antes das competições se iniciarem e que seriam sempre suas independentemente dos seus méritos e do futebol praticado...

...podemos até andar aqui a perder tempo, a discutir entre o treinador A ou o treinador B, entre o Lima ou o Rodrigo, quando, na verdade, disputamos competições viciadas com um clube que ganha sempre, quer jogue bem quer jogue mal, com um clube protegido pelos Deuses, com um clube que não sofre abaixamentos de forma, com um clube que não sofre pressão porque os 3 pontos aparecem sempre na conta, com um clube para quem as bolas nunca batem nos postes, para quem não há noites de azar nem noites em que a bola não quer entrar por mais vezes que se remate à baliza, com um clube que não sofre golos em fora de jogo nem fruto de grandes penalidades mal assinaladas, com um clube que, enfim, não perde um jogo internamente há quase 3 anos, acho que isso diz tudo... 

...mas, entre Pinto da Costa e Luís Filipe Vieira haverá sempre uma diferença enorme, enormíssima: é que em matéria de conhecimentos de futebol, o “core-business” do negócio dos clubes que lideram, Pinto da Costa dá 10-0 ao líder do nosso clube... e isso TAMBÉM tem feito toda a diferença. 

O Porto vende bem e compra bem... Quando precisa de um defesa esquerdo, acerta à primeira e não precisa de dez tiros no escuro; quando vende Hulk tem James para pegar de estaca; quando vende James chega Quintero; quando vende Falcão e percebe que Kleber não dá conta do recado, rapidamente contrata Jackson e resolve o problema; quando o setor mais fraco é a defesa não investe em avançados...

Já nós... Enfim... Lembrar-me da venda de Javi Garcia e Witsel o ano passado a dois dias do fim do mercado continua a dar-me náuseas...

Quantos defesas esquerdos foi preciso contratar desde a saída de Fábio Coentrão, para que se acerte finalmente num?

Como é possível que um líder ao fim de 12 anos de clube não tenha percebido que o ciclo de Jorge Jesus tinha chegado ao fim? Como não percebeu ele que a partir daquela final do Jamor, JJ seria sempre mais problema que solução? Que a imprensa não lhe daria tréguas?! Caramba, eu que sempre aqui defendi Jorge Jesus (e continuarei a defender a sua competência), percebi (e aqui escrevi) isso, e o presidente não percebe?!

Como é possível tratar o assunto Cardozo com a leviandade com que foi tratado? Como é possível que se deixe que um treinador ande a estruturar um plantel para jogar sem Cardozo, e de repente tenha de repensar toda a estratégia, e tenha de “queimar” Markovic, Rodrigo e Djuricic, porque a permanência do paraguaio tudo alterou, e por consequência até a importância e a motivação de alguns membros do atual plantel? 

Como é possível alguém que assumidamente não percebe nada de futebol vá à televisão garantir que Oblak é a alternativa a Artur e que Pizzi fará parte do plantel do próximo ano, plantel esse em que o que não faltam são extremos?

Como é possível que a um plantel cheguem três (!!) defesas centrais numa só época para não sair nenhum? Que motivação? Que papel para toda aquela gente?

Como é possível que os grandes reforços do clube venham para o setor que já era o mais forte da equipa? Que para o setor mais forte cheguem os reforços dos milhões e para o mais fraco os reforços dos tostões?

Como é possível este despesismo, tanto dinheiro mal gasto, esta figura de novos ricos, dinheiro à farta e 80 ordenados pagos a tempo e horas, que juntos fazem um plantel fraco, sem ideias, coesão nem com grande vontade de estar ali?

Como é possível matar assim Cortez (apesar do enorme erro de casting), e deixá-lo fora da Liga dos Campeões? Porque se constroem planteis de forma a deixar-se chegar a essa situação?! Morto um mês depois de ter chegado, que mais se pode esperar dele?

Como é possível que se fale (e se permita falar) em finais de Liga dos Campeões, numa equipa que joga mal, e com tamanhas fissuras em termos de motivação, confiança e auto estima?

E como é possível, que numa altura em que a pressão no treinador é enorme, se venha falar em melhor plantel dos últimos 30 anos?! Será este o regresso do slogan da “equipa maravilha” dos Zahovics, Drulovics e Argéis?!

WHAT MISTER LUÍS FILIPE VIEIRA?!

Para mim esta frase é o fim das minhas ilusões, e em 3 ou 4 pontos resumirei o que penso sobre este assunto:

1º Mesmo que fosse verdade, LFV nunca o deveria ter dito numa fase de tamanha fragilidade do treinador... Mostrou a matéria de que é feito.

2º Melhor plantel dos últimos 30 anos?! Pergunto eu: Quim ou Artur? Este Maxi ou o Maxi de há 4 anos? Siqueira ou Coentrão? Este Luisão ou o Luisão 4 anos mais novo? Garay ou David Luís? Matic ou Javi? Enzo ou Witsel? Sálvio ou Ramirez? Gaitan ou Di Maria? Saviola ou Lima? Cardozo ou... Cardozo? E este é o plantel mais forte dos últimos 30 anos?! Porquê? Porque temos 6 ou 7 extremos, 3 ou 4 deles completamente desmotivados? Mas passámos a jogar com 15 jogadores em vez de 11?! O melhor plantel é um amontoado de jogadores, contratados sem qualquer rigor nem critério?!

3º O que LFV fez foi ir à televisão lavar a cara e as mãos e os pés de qualquer responsabilidade... Foi em suma anunciar nas entrelinhas a época trágica que ele próprio adivinha... Em primeiro lugar assume que não é ele que marca os golos e que nunca poderá ser responsabilizado pelos insucessos da equipa; depois responsabiliza Jorge Jesus com a mentira do melhor plantel dos últimos 30 anos; e por último, e depois de anos sem nunca falar de Rui Costa, aparece finalmente para o responsabilizar pelos reforços que chegam... Qual é então o papel de Luís Filipe Vieira no meio disto tudo?! O de presidente que gosta de assumir a pasta de futebol mas que só serve, em suma, para entrar com a guita! Brilhante! É este o presidente que temos!

E ainda a gente se admira do amadorismo que se vai vendo!... E dos estádios vazios... As vitórias poucas... E da completa falta de entusiasmo e fé nos olhos dos adeptos... Numa altura da vida do clube que podia (e devia) ser de pujança, conquistas e estádios cheios à moda antiga.


Para onde caminhas tu meu querido Benfica

.PUBLICADA POR: REDMOON geracaobenfica

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