domingo, 10 de novembro de 2013

Análise ao dérbi Benfica/Sporting feito pela Universidade Lusófona

Leonardo Jardim lamentou no final do jogo a eficácia do adversário. Segundo o treinador do Sporting, essa seria parte da explicação para a derrota na Luz. «Nos três remates que fez na primeira parte foi altamente eficaz», afirmou. Os números, no entanto, dizem que a equipa visitante foi mais eficaz na hora de transformar remates em golos.

Adrien chegou mesmo a dizer que o Benfica tinha conseguido os quatro golos «sem atacar mais nenhuma vez». De acordo com a análise feita pelo Centro de Estudos do Futebol (Universidade Lusófona), o Benfica rematou 18 vezes nos 120 minutos, mais descontos. Desses remates resultaram os quatro golos (22 por cento). Por curiosidade, foram todos concluídos sobre a direita.


O Sporting rematou bastante menos, apenas onze vezes, mas ficou perto no número de golos: três (27 por cento). Ou seja, ao contrário do que afirmou o treinador do Sporting, a sua equipa foi mais eficaz a aproveitar as aproximações à baliza do rival.

A análise de treinador e jogador do Sporting podem estar influenciadas pelo que sucedeu na primeira parte. Nesse período, o Benfica conseguiu golo em três dos seis remates, um pouco comum aproveitamento de 50 por cento. Nesse período, o Sporting só festejou numa ocasião, apesar de ter rematado quatro vezes.

A segunda parte foi bem diferente. O Sporting imitou o Benfica e transformou em golo dois dos quatro remates, devolvendo a eficácia de 50 por cento. Neste período, a equipa de Jesus aproximou-se do que fizeram em Atenas: seis remates (tal como no primeiro período…), todos sem sucesso


No prolongamento, três remates para o Sporting, outros seis para o Benfica. E um golo, de Luisão, a decidir. Provavelmente por ter ficado com menos um jogador (expulsão de Rojo, 114 minutos) e por necessitar de recuperar a desvantagem consentida a partir do minuto 97, o Sporting permitiu que o rival rematasse o mesmo número de vezes, em apenas 30 minutos. Aproveitou o adiantamento do adversário na tentativa de chegar à igualdade.


Centro de Estudos de Futebol da Lusófona analisou também os locais onde as duas equipas perderam mais vezes a bola. Durante os 90 minutos não se registaram grandes diferenças. A maior concentração de perdas de bola dá-se na zona 4 (perto da grande área do adversário). O que se compreende. Afinal, é nessa zona que há maior concentração de jogadores rivais e onde é preciso fazer passes de risco. 

O prolongamento mostra algo diferente. O Benfica perdeu mais vezes a bola do que o Sporting nas zonas 2 e 3. Os leões passaram a ser muito menos capazes de jogar perto da grande área vermelha, explicam os números: 57 por cento das perdas de bola dos leões sucederam aí, contra apenas 22 do Benfica.

As análises do jogo demonstram que o Sporting na primeira parte terminou as suas ações ofensivas mais perto da baliza do adversário (32 por cento) e recuperou mais bolas na zona defensiva do Benfica (2 por cento). Na segunda parte o Benfica melhorou as suas percentagens de perda e recuperação de posse de bola, o que determinou no final do jogo um elevado equilíbrio entre os valores atingidos pelas duas equipas.

No prolongamento, metade das recuperações de ambas as equipas ocorreram nas zonas 1 e 2. Dito de outra forma, já não existia força para pressionar a fase de construção do adversário. Um facto resulta desta análise: por incapacidade ou estratégia, o Sporting recuperou poucas bolas no meio-campo do Benfica.



Sem surpresa, o Benfica apostou mais nas transições rápidas. Dos 18 remates que fez, quatro resultaram deste tipo de ação. Um deles deu golo. Do lado leonino, apenas um remate a partir de transições rápidas.


As bolas paradas foram essenciais para definir o resultado final. Mais de 50 por cento dos golos da partida foram conseguidos a partir de bolas paradas (livres, cantos e lançamentos de linha lateral).

O Benfica teve 16 situações de bola parada. Criou quatro situações claras de finalizações, cinco remates e dois golos. Ou Sporting teve onze situações deste género. Teve cinco oportunidades de golo, dois remates e dois golos. Ou seja, cem por cento de eficácia. Tudo o que rematou entrou na baliza de Artur. 

Quanto tempo se perdeu no jogo?

A análise da Lusófona esclarece qual a equipa que teve mais tempo a bola em seu poder. No total, o Benfica teve 52 contra 48 por cento do Sorting.

O Benfica não oscilou entre a primeira e a segunda partes: a bola foi sua durante doze minutos.

Os números do Sporting são um pouco diferentes: dez minutos na primeira parte, 12 na segunda. Números que traduzem o que se viu, a equipa de Leonardo Jardim a fazer pela vida, a tentar recuperar do 3-1 ao intervalo.

O tempo efetivo de jogo foi de 46 minutos, em 95 possíveis (o prolongamento não foi analisado).

O tempo efetivo de jogo subiu dois minutos na segunda parte. Curiosamente, também se registou mais um minuto de paragens, o que se explica devido ao tempo de desconto (quatro minutos, contra um na primeira parte).

O estudo permite ver, em detalhe, em que situações de jogo é que se gasta o tempo inútil do jogo.

Lançamentos laterais: onze minutos (54 lançamentos). 

Pontapés livres: 23 minutos (43 livres)

Pontapés de canto: cinco minutos (dez cantos).

Pontapés de baliza: quatro minutos (doze pontapés de baliza).

Golos: seis minutos. Quase um minuto para cada festa.

No total, Duarte Gomes deu cinco minutos de descontos. Só isso foi desperdiçado em pontapés de canto.

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