quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

José António Saraiva: Jesus renasceu das cinzas e Paulo Fonseca parece moribundo

Jesus renasceu das cinzas e Paulo Fonseca parece moribundo
Esta jornada da Liga assistiu a duas ressurreições, a uma semirreconciliação, a uma confirmação e à preparação de um funeral. As ressurreições foram de Lima e de Rodrigo, a semirreconciliação foi dos adeptos do Benfica com Jesus, a confirmação foi o Sporting e a preparação do funeral envolveu Paulo Fonseca.

Lima marcou dois grandes golos, um deles num livre direto portentoso, o que levanta uma dúvida: por que não marca mais vezes esses livres? Quanto a Rodrigo, o golo em Vila do Conde (depois de outro em Bruxelas) é um raio de esperança após o apagão iniciado em S. Petersburgo.

As duas vitórias do Benfica também contribuíram para a reaproximação entre os adeptos e Jorge Jesus. Olhado com desconfiança desde o final infeliz da época passada, Jesus tornou-se no domingo o melhor técnico da história do clube - excetuando o mítico Janos Biri - com 160 vitórias em 233 jogos. A seguir vem Eriksson, com 159 êxitos nos mesmos jogos. E Jesus tem enfrentado uma época dificílima, pois não consegue manter a mesma equipa (e o mesmo modelo) de um jogo para outro. 

Quando as coisas parecem estabilizar, lá vêm mais umas lesões que estragam tudo. Cardozo, Salvio, Siqueira, Sílvio, Enzo, Gaitán, Amorim, Markovic, Sulejmani, Fejsa - todos já se lesionaram esta época com alguma (ou muita) gravidade. É de mais!

De qualquer modo, penso que o modelo ensaiado nos últimos jogos, com três jogadores no meio-campo (Matic, Enzo e um terceiro - seja Fejsa, Amorim ou um dos Andrés), torna a equipa muito mais equilibrada, aumentando as hipóteses de ser campeã. Quanto a Paulo Fonseca, não tem tido sorte. Mas desceu tão baixo na cotação dos adeptos portistas que estes já começaram a preparar-lhe o enterro. Se Jesus renasceu das cinzas, Fonseca parece moribundo. Mas, no futebol, as mortes e as ressurreições são muitas vezes temporárias.

O Sporting voltou a mostrar que é a melhor equipa, a mais estável, a mais agressiva, a mais confiante, e goleou com naturalidade a grande desilusão desta época, o Paços de Ferreira.

Depois de um período longo de hegemonia do Porto, seria interessante ver um campeonato disputado a dois entre o Benfica e o Sporting. Reviver-se-iam velhos tempos. 

- José António Saraiva ao jornal Record

Sem comentários:

Enviar um comentário