terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Ruben Amorim fez de voluntário por uma noite na associação Vida e Paz

FUTEBOLISTA ACEITOU DESAFIO E JUNTOU-SE A RECORD PARA FAZER UMA RONDA PELOS SEM-ABRIGO DE LISBOA
Voluntário de coração cheio
Primeiro a recusa. Um assunto demasiado delicado, que podia levar as pessoas a pensarem num aproveitamento de imagem.Depois, a vontade de viver, aos 28 anos, esta experiência, de ajudar, de esquecer por algumas horas o futebol.Foi assim que Ruben Amorim reagiu ao convite para, juntamente com os jornalistas de Record, e com o consentimento do Benfica, ser voluntário por uma noite na Comunidade Vida e Paz. Encheu o coração e foi esvaziando a alma ao ser confrontado com a realidade daqueles que não têm casa ou comida.





FUTEBOLISTA FALA NUMA NOITE DE EMOÇÕES FORTES
«Não estamos preparados para isto»
A escuridão da noite camufla muita coisa, disfarça olhares e sorrisos, mas não esconde a solidão de quem dorme na rua. Sacos no chão, estendidos em alpendres e roupa a pedir reforma. Foi no “barracão”, atrás descrito, que Ruben Amorim sentiu os primeiros murros no estômago. O futebolista estava avisado pelos “companheiros de missão” que aquele seria o ponto crítico da volta, “a parte mais difícil”. De pouco serviu.
O corrupio de pessoas ávidas por beber um copo e dançar pela noite dentro contrasta com a realidade, duríssima, que ali se vive a poucos metros. Perto – demasiado, talvez – doUrban Beach, um dos espaços mais em voga da capital, vivem pessoas em condições de extrema dificuldade. É naquele local que as tendas se acumulam, ao lado de sacos de lixo, e de “casas” feitas com papelão. Para quem tem tão pouco, qualquer espaço serve para construir uma “casa”,onde existe um cabide ou até um escorredor de louça. Vivemos aqui o momento mais pesado desta volta D.

JOGADOR TEVE SEMPRE UM SORRISO NA CARA PARA QUEM VIVE NA RUA
«Olha o Ruben Amorim»... no Casal Ventoso
O relógio já passava da meia-noite quando a volta D acabou. Para trás ficavam quatro horas intensas, devidamente resumidas no relatório da Comunidade. Eram 21 horas, 30 minutos depois do arranque desta noite, quando o médio foi reconhecido. “Olha, olha... oRuben Amorim”, ouviu-se na Meia Laranja, coração do Casal Ventoso, no início de uma volta que nem foi das piores.



PROCESSO COMPLICADO DE REABILITAR QUEM VIVE NA RUA
Mais do que apenas alimentar o número crescente de pessoas que aparecem na rua, a Comunidade Vida e Paz debruça-se muito sobre o acolhimento de sem-abrigo. A maior vitória destes voluntários acontece nas raras vezes que conseguem fazer com que alguém troque o alcatrão por uma das quintas terapêuticas ou de reinserção. Parece fácil trocar a rua por uma casa, mas não é, especialmente em casos de alcoolismo e droga. “Não temos resultados tão positivos como queríamos”, confessou António Silva, coordenador da volta D. Golos permanentemente adiados.

Sem comentários:

Enviar um comentário