quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Sulejmani, o opositor ao mandato da distração

Sulejmani, o opositor ao mandato da 

distração

A noite de Miralem Sulejmani. Um pontapé - rasteiro e colocado, a seis minutos do fim - desviou o extremo sérvio do choque frontal e imediato com um monte rochoso chamado desilusão. O ex-Ajax colocou o Benfica nas meias-finais da Taça de Portugal, resolveu um problema intrincado em Penafiel e recolocou o seu nome nas boas graças do adepto benfiquista. 
Não foi fácil, já se percebeu, o voo da águia no 25 de abril. Jesus quis ganhar dois jogos de uma só vez e terá, a meio da segunda parte, pensado uma e outra vez se essa terá sido uma boa medida. 
O treinador mudou nove peças na engrenagem, já preocupado com o dérbi do próximo fim-de-semana, lançou demasiados nomes sem rodagem para a luta e o Penafiel discutiu o resultado até ao apito final de um trapalhão João Capela. 

FICHA DE JOGO DO PENAFIEL-BENFICA
Não é preciso decorar o código da estrada e ter todas as regras de condução na ponta da língua para se saber que a distração é a causa de grande parte dos acidentes. 
O Benfica experimentou isso em Penafiel, ao deixar cair abruptamente o nível exibicional, após uma entrada francamente boa, e a expor-se aos perigos da estrada nortenha na Taça de Portugal. 
É verdade também que só em circunstâncias extraordinárias o Penafiel poderia ter vencido o jogo. É um conjunto consistente, organizado, conhece a parte teórica do jogo e recita-a de memória, mas na frente tem muitas limitações. Artur só se apoquentou com um erro próprio e pouco mais. 
O Penafiel foi, pois, curto na capacidade, mas grande na ambição. Duríssimo nos choques, comovente na entrega, concentradíssimo no quarteto mais recuado, o clube duriense teve o mérito de adiar até às escrituras finais a tal sentença proferida pelo inspirado Sulejmani. 

OS DESTAQUES DO JOGO: André Gomes, mais minutos para ele


A intriga, desde o início, foi linear. Mais Benfica, forte na posse de bola, com um André Gomes a lançar sempre com competência Ivan Cavaleiro e Sulejmani nas alas. E o Penafiel, lá está, a defender como podia, compenetrado quase sempre, atabalhoado uma e outra vez. 
Nos primeiros 15 minutos, os homens de Jesus criaram três boas ocasiões para marcar. Cardozo, Jardel e André Gomes rondaram o primeiro golo, confirmando a superioridade do Benfica a todos os níveis. 
Até aos 25/30, aliás, o Benfica foi fortíssimo e sério. Depois, num misto de algum desleixo com uns pozinhos de distração, os lisboetas deixaram-se enredar no futebol que mais interessava ao Penafiel e o recurso ao prolongamento chegou a parecer inevitável. 
Mas não. Sulejmani, um dos mais esclarecidos do princípio ao fim, quis voltar à capital mais cedo. Por esses minutos, de alguma aflição, já Jesus lançara Lima, Rodrigo e Markovic, convencido de que os jogos só se ganham um de cada vez, com dedicação e discernimento. 
O Benfica está nas meias-finais da Taça de Portugal, justa e logicamente. E agora sim, pode tratar da receção ao Sporting sem amarras no pensamento. Cada problema no seu lugar.

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