sexta-feira, 18 de abril de 2014

André Gomes: a obra de arte no regresso à terra dos sonhos

André Gomes: a obra de arte no regresso à terra dos sonhos

Estreou-se há ano e meio, respondeu ao investimento de 15 milhões de euros e arrombou uma porta para o Mundial

No lançamento do Benfica-FC Porto, o  Maisfutebol apresentou o clássico como uma ponte para o Mundial, a derradeira oportunidade para vários jogadores reclamarem um lugar nas comitivas que viajarão para o Brasil. Caiu o pano na Luz e destacou-se um nome: André Gomes. 
Num encontro com tamanho impacto mediático e grau de exigência, os jogadores em foco teriam direito a sonhar com a atenção dos respetivos selecionadores. André Gomes desafiou as probabilidades e carimbou um triunfo histórico do Benfica com um golo de antologia (3-1). 
A obra de arte foi apresentada em cima da hora mas ainda em tempo útil. O FC Porto sucumbiu no Estádio da Luz e o jovem médio de Vila Nova de Gaia brilhou perante figuras como Michael Platini ou - mais interessante - David Moyes, treinador do Manchester United. 
Com 20 anos, André Gomes volta à terra dos sonhos. Chamado por Paulo Bento em fevereiro de 2013, o jogador viu o selecionador elogiar a sua maturidade. Nessa altura, não saiu do banco de suplentes no trágico encontro particular frente ao Equador (2-3). 
Na fase decisiva da temporada, Jorge Jesus reforçou a aposta no médio e este agigantou-se no clássico. Um bom momento de forma, a comprovar nos próximos jogos, pode alterar o rumo da sua história. A porta foi arrombada com aquele chapéu sobre Fernando antes do remate decisivo.
Quinze milhões de euros em ano e meio 
André Gomes fez a sua estreia pela formação principal do Benfica a 18 de outubro de 2012. Ou seja, há precisamente ano e meio. Dois golos nos primeiros dois jogos aumentaram a cotação do jogador mas nada que se assemelhe aos 15 milhões de euros investidos no seu passe. 
A 28 de junho de 2013, no final da época anterior, a SAD encarnada informou ter cedido 20 por cento dos direitos do médio ao fundo Benfica Stars por 800 mil euros. Ou seja, André Gomes valeria quatro milhões. 
O jovem não arrancou a temporada da melhor forma e concluiu o ano de 2013 com menos de cem minutos de utilização entre o campeonato, a Taça de Portugal e a Liga dos Campeões. 
Encarado como um jogador com grande potencial, André Gomes despertou ainda assim o interesse de agentes ligados ao meio e, no último dia do mercado de transferências de janeiro, viu os seus direitos económicos serem transferidos por 15 milhões de euros para a Meriton Capital Limited. A SAD encarnada lucrou 10,5 milhões com essa operação. Resta descontar os 50 mil euros pagos ao Boavista há três anos. 
A Meriton Capital Limited, controlada por Peter Lim, manteve o jogador no Estádio da Luz até final da presente época. Lim, empresário de Singapura com ligações a Jorge Mendes, alimenta o desejo de investir no futebol através da compra de um clube (o Valência estava na linha do horizonte) mas ainda não concretizou esse objetivo. Também por isso, o destino do médio é incerto. 
Desde o final de janeiro, André Gomes passou a ser utilizado com maior regularidade e a Liga Europa tem sido a principal montra para o médio garantir o futuro de sonho. Nesta quarta-feira, porém, usou a Taça para gritar bem alto.
O maior festejo de um coração que nasceu azul e branco 
Uma ponta de ironia na reta final de um clássico emotivo. Aos 20 anos, o jogador marca o golo mais importante da sua curta carreira e festeja com exuberância, uma manifestação pouco habitual numa personalidade normalmente fechada e tranquila. 
O Benfica, reduzido a dez elementos, operou a reviravolta na eliminatória da Taça de Portugal e chegou ao 3-1 para afastar o FC Porto na final do Jamor. Para André Gomes, foi um momento especial. 
Não é uma grande novidade mas voltará a ser falada por estes dias. O médio nasceu no seio de uma família portista, em Vila Nova de Gaia, e o seu coração era assumidamente azul e branco. Aliás, representou os dragões até 2008 e não esquecerá o cenário de dispensa. 
Rumou ao Boavista, passando o primeiro ano no Pasteleira, até chegar ao Benfica em 2011. «A dispensa do FC Porto custou-nos, mas sobretudo a ele, que estava lá há mais anos e até era capitão», recordou o amigo e ex-colega de equipa Adérito Pedrosa, em conversa com oMaisfutebol. 
Fábio Martins, outro antigo jogador do FC Porto, admitiu mais recentemente a sua estranheza. «Sinceramente, foi estranho para nós, nunca percebi aquilo bem. Na altura pensámos que tinha sido decisão do clube, embora fosse estranho porque ele jogava regularmente nos sub-15. Mas não faço ideia do que aconteceu ao certo.» 
O passado ficou para trás das costas e André Gomes olha em frente, após a obra de arte que permitiu o seu regresso à terra dos sonhos. Aquela celebração eufórica adapta-se às palavras do amigo de longa data. «Antigamente ele era portista, mas à medida que se foi adaptando ao Benfica começou a gostar do clube», disse Adérito Pedrosa. 
Que futuro para o jovem médio? Paulo Bento e Peter Lim têm a palavra. 

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