sábado, 30 de novembro de 2013

António Varela: Benfica e Porto vão vegetando na mais absoluta mediocridade na Champions

António Varela: Benfica e Porto vão vegetando na mais absoluta mediocridade na Champions



A organização da final da Liga dos Campeões atribuída a Portugal foi uma prenda que a UEFA achou justo oferecer no ano do centenário de uma federação que alberga alguns dos figurantes mais animados das competições europeias, que episodicamente conseguem romper com o gigantismo dos poderosos, mas esta época vão vegetando na mais absoluta mediocridade. 

Entre crises de identidade ou decisões estratégicas mal avaliadas, os dois participantes portugueses na fase de grupos da Champions estão em vias de perder a oportunidade histórica de fazer valer o potencial das suas marcas, tipo "portuguese do it better". E não será por falta de vontade dos presidentes que isso acontecerá. Luís Filipe Vieira fez da presença do Benfica na final do Estádio da Luz uma das suas bandeiras mais recentes - tirada entendida como populista e que lhe valeu muitas críticas, agravadas pelo gozo do rival Pinto da Costa, disponível para exigir a presença do FC Porto no jogo decisivo com direito a vitória.


Mesmo relevando a ausência de realismo na projeção vieirista e a brincadeira deslocada do pintismo, a verdade é que os factos são um pesadelo para quem possa alguma vez ter pretensões quanto à definição de objetivos numa Europa futebolística agora a três, quatro ou cinco velocidades.

O Benfica venceu ontem num estádio onde o seu melhor resultado fora um empate e confirmou a participação na fase eliminatória da Liga Europa, mas o apuramento para da Liga dos Campeões depende da influência de terceiros (Anderlecht a roubar pontos ao Olympiacos), para além de um jogo bem-sucedido com o líder ao grupo, Paris Saint-Germain. Cenário mais gravoso se coloca a FC Porto (também já com a Liga Europa garantida), obrigado a ganhar em Madrid e esperar por um desaire do Zenit. Para quem queria uma festa portuguesa no Estádio da Luz, o cenário dificilmente poderia ser mais descoroçoante.

Ilustrativo da penúria portuguesa nas competições europeias desta época é também o facto de o triunfo do Benfica ontem ter significado acabar com um jejum de vitórias que já durava desde 19 de setembro, quando o V. Guimarães derrotou os croatas do Rijeka na 1.ª jornada da fase de grupos da Liga Europa. 


Desde esse dia, as equipas portuguesas disputaram 18 jogos e não venceram nenhum. Até à jornada de Bruxelas, onde acabou uma série negra que reduz a imagem de força do futebol português ao pretensiosismo pequeno-burguês de quem não tem meios para se meter em tão altas cavalarias. 

- António Varela, jornal Record, 28 de Novembro de 2013

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