sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Stromberg voltou à Luz e sentiu-se uma criança de sete anos


Stromberg voltou à Luz e sentiu-se uma criança de sete anos

O sueco original foi um jogador alto e loiro que encheu o meio campo do Benfica no início dos anos 80. Esta tarde falou com o Maisfutebol e confessou como é feliz em cada regresso

Glenn Stromberg é mais do que apenas um sueco: é o sueco original. Chegou a Lisboa em 1982 e deu início a um fluxo interessante de jogadores altos e loiros entre Estocolmo e o Estádio da Luz. Mais de trinta anos depois, o Maisfutebol descobriu o sueco original outra vez na Luz.

Naturalmente mais velho, mas tão elegante como quando era jogador. Anda eufórico: quase emocionado. Sorri, fala com toda a gente, não para quieto muito tempo.

«Hoje dei um passeio por fora do estádio e parecia um miúdo de sete anos. Tirei fotos à águia, sentei-me ao lado da estátua do Eusébio, parecia uma criança encantada.»

O estádio antigo trazia-lhe melhores recordações, mas Lisboa continua a ser Lisboa e o Benfica continua a ser o Benfica. Tanto encarnado enche-lhe a alma. «É um estádio lindo.Vejo-o muitas vezes durante o ano, porque vejo o Arsenal jogar muitas vezes em casa e o estádio é igual», sorri. «Estou a falar a sério: foi o mesmo artiqueto que o construiu e é igual. É um estádio ótimo.»

Não é a primeira vez que está na nova Luz: mas sente que cada vez é como se fosse a primeira. «Quando venho cá por causa dos jogos da Liga dos Campeões, ficamos no Marriot, que é perto daqui, e eu insisto sempre em vir a pé até ao estádio, olhar e sentir Lisboa.»

Nessas alturas é um lisboeta misturado na multidão: insiste em sê-lo, aliás. «Às vezes vou comprar um frango do churrasco e vou pelas ruas com ele na mão para o comer mais tarde.»

Ele é afinal de contas o primeiro sueco do Benfica: foi por ali que tudo começou. Esta também é a casa dele. 

«Sentia muitas saudades de Lisboa. Uma coisa é verdade, e também é estranho: quando saí do avião e meti o pé no chão, senti-me em casa. É inacreditável», revela. «Acontece-me sempre que venho.»

«Tenho um amigo que está cá agora, era suposto ter vindo na segunda-feira para ficar por cá uns dias em férias, mas não consegui. Quando cheguei ao hotel tive de lhe ligar e dizer: oh meu Deus, como me sinto bem, estou em casa. E olhe que venho a Lisboa quatro ou cinco vezes por ano.» 

A conversa segue fluída sem parar: não há bem perguntas, há um discurso imparável de Stromberg a contar como se sente bem em Portugal, como gosta de voltar, como se sente em casa aqui. O Maisfutebol limita-se a alimentar o assunto com pequenos comentários.

«Adoro a comida, o tempo, as pessoas, tudo é ótimo aqui. É importante voltar todos os anos, porque este é um sítio especial: foi aqui que tudo começou.» Ele volta quatro a cinco vezes por ano. «Vim quando tinha 22 anos e nunca mais voltei à Suécia enquanto não me reformei. Comecei aqui e depois joguei em Itália. Lisboa, e o Benfica, foi o início de tudo.»

Passaram muitos anos desde então, Stromberg deixou de jogar à bola e ganhou até o que não tinha antes. Sinal dos tempos. «Agora já sou avô, sabia?». Não, claro que não. «É verdade. O meu neto nasceu há cinco dias e tenho tido muitas coisas para fazer.»

Deixou de jogar futebol mas mantém-se ligado à modalidade: tem um site de futebol. É jornalista, agora?, pergunta-se. «Não sou jornalista, não escrevo, eu dou indicações, dou ideias e depois os jornalistas fazem o trabalho deles», responde. 

«Não sou tão bom a escrever. Mas comento para uma televisão. Faço mais de 300 jogos por ano, incluindo Liga dos Campeões. Esse site é meu, existe há um ano e funciona em cinco línguas. Até ao Natal vai arrancar a versão em alemão e depois será em polaco e em português.»

Nesta altura pensa-se que a versão em português servirá como uma bela desculpa para Stromberg vir mais vezes a Portugal: o sueco garante que não é preciso.

«Um amigo meu sueco tem casa aqui, num sítio que começaram a construir quando eu vim para Portugal: a Quinta da Marinha. Quando eu vim para Portugal, não havia lá nada, não havia golfe, não havia casas, não havia nada. E agora é um sítio lindo», explica. 

«A Quinta da Marinha nasceu em Portugal ao mesmo tempo que eu. Sempre que posso, ligo a esse meu amigo e pergunto: Quando vais? Ele lá diz quando vem e eu respondo Então vou contigo.»

A conversa vai longa e quase só se falou de Portugal, Lisboa e as saudades que o nosso país deixa num homem sueco. Falta falar do essencial, claro: o Portugal-Suécia. Afinal de contas a razão que trouxe desta vez Stromberg a Lisboa.

«Vai ser um jogo disputado. Basta ver os últimos jogos entre Portugal e Suécia: 0-0, 0-0 e 2-2. É muito importante não se cometer erros, quem cometer um erro pode ficar de fora do Mundial», diz. 

«Depois, claro, é preciso ver como vão estar Ibrahimovic e Ronaldo: qualquer um deles pode decidir um jogo da importância deste num dia inspirado. Claro que as equipas são importantes, mas estes dois, bem... Não há muitos como eles no mundo. O Messi, sim, talvez o Falcao, mas mais ninguém.» 

E qual dos dois vai decidir?, pergunta-se. «Deixe-me ver dez minutos do jogo amanhã. Em dez minutos vejo logo qual deles está com a disposição naquele dia para decidir o jogo.»

Stromberg espera naturalmente que seja Ibrahimovic, mas garante não ficar chateado se for Portugal. Não iria ver a Suécia ao Brasil, o que considera uma pena. Mas terá sempre Portugal, e a Quinta da Marinha. «Aqui ando sempre de sorriso nos lábios.»

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