domingo, 1 de junho de 2014

Confira todos os temas abordados na entrevista à SIC Notícias programa Playof

Tudo o que foi dito por Jesus na entrevista



Jorge Jesus analisa este domingo, ao programa "Playoff" da SIC, aquilo que foi a época do Benfica assim como a continuidade à frente do comando técnico das águias em 2014/15, entre outros assuntos relevantes.

Auge: "Posso estar no auge em função dos títulos que se têm conquistado no último ano. Tenho muito para conquistar e muito para aprender. Estou longe daquilo que posso ser ainda como treinador. Sou melhor treinador do que há cinco anos, nisso não há dúvidas. Cheguei ao Benfica já numa fase avançada de maturação. Estou num grande clube e é muito mais fácil dizer que me sinto como um dos melhores treinadores portugueses"

Milan: "Temos de ter algum cuidado porque estamos a falar de um grande clube. Não é qualquer treinador que pode dizer que rejeitou o Milan. Jantei duas vezes com dirigentes do Milan. Conversámos sobre muita coisa e as decisões seguiram o curso que se sabe. A minha convicção foi sempre ficar no Benfica. Eu não penso que o que é hoje verdade, amanhã é mentira. Não queria dizer que não iria sair do Benfica porque não quis passar por mentiroso"

Contrato com o Benfica: "Ficou em aberto renovar por mais tempo. Vieira, para além de ser presidente de uma grande instituição, tem uma relação muito particular comigo. Temos uma linguagem semelhante. Quando ele quiser colocar essa situação, será resolvida".

Desgaste pelos 5 anos na Luz: "Os adeptos do Benfica são a maioria no país. É normal que nem todos os adeptos gostem de mim. Eles estarão sempre mais ligados ao treinador pelos êxitos. Todas épocas, tirando a segunda, senti que a equipa cresceu de ano para ano após a minha chegada e encurtar a vantagem para quem ganhava sempre: o FC Porto. Este trabalho não se faz de um momento para o outro. A estrutura foi muito importante neste caminho".

Comparação com Wenger: "Em Portugal é difícil [acontecer algo igual]. Em Inglaterra, as pessoas valorizam o trabalho do treinador por vários parâmetros. Em Portugal, valorizam os títulos. Em Inglaterra é diferente. Wenger ganhou agora uma FA Cup e em outros anos fez um trabalho de qualidade e colocou o Arsenal a lutar sempre pelos primeiros lugares. É um treinador que é vendedor, tal como o Benfica o é. Nós discutimos sempre os títulos, mesmo sendo obrigados a vender os melhores jogadores. Tenho uma grande paixão pela minha profissão. Hoje estou muito satisfeito com o Benfica mas a minha carreira não acaba amanhã por isso não sei o que vai ser o meu futuro. Um treinador tem de estar mentalizado para os períodos negativos e positivos."

Prioridade a seguir ao sucesso: "É mais difícil trabalhar o sucesso que o insucesso. O problema está em conseguir alertar toda uma estrutura de que o que se ganhou já faz parte do passado. Não há direitos adquiridos. É um bom problema. Na próxima época temos de ser mais exigentes e responsáveis. Se não ganharmos três títulos vão sempre comparar com o que já foi feito. É preciso fazer crescer os jogadores mentalmente."

Propostas: "Nestes cinco anos, antes de chegar ao Benfica, não era conhecido internacionalmente. Chegar longe nas provas da UEFA fez com que fosse conhecido na Europa. Sei o quanto isso é vantajoso para mim. Não poderia entrar numa equipa que não estivesse nas competições europeias. Tive propostas que me davam num ano, aquilo que ganharia em 10 no Benfica. Antes de ganhar ao Benfica, ganhei tostões. O presidente Vieira sempre me manteve informado relativamente a todas as situações. A gratidão é muito bonita no ser humano mas isso não me vai fazer refém, toda a vida, no Benfica. Neste caso isso aconteceu."

Contrato oferecido por Sporting e FC Porto: "Confirmo a proposta do Sporting, de um presidente que já não o é: Godinho Lopes. Do outro clube [FC Porto], não me fica bem falar. Tive propostas da Rússia e Turquia."

Semelhanças com outras equipas: "O FC Porto tinha caraterísticas ao nível dos jogadores das quais poderia partilhar. O Jardim tentou no Benfica-Sporting com dois avançados para tentar fazer uma pressão alta de forma a criar problemas ao Benfica. Nós já sabíamos que podiam jogar Slimani e Montero."

Pré-época após um Mundial: "No primeiro ano, em que ganhei o campeonato, tivesse problema. Temos de dar férias aos jogadores e eles, em 2010, foram chegando a pouco e pouco. Tive de optar entre pôr a jogar os jogadores nucleares ou não. Esta época não vai acontecer tanto porque se calhar alguns jogadores que vão ao Mundial... não voltarão. Nada disto é novidade para mim mas tenho de arranjar soluções para podermos fazer face a este problema."

Esquema com dois avançados: "Quando uma equipa joga com dois avançados na frente, as ideias são diferentes a atacar e a defender. No primeiro ano, joguei com Cardozo e Saviola, sendo o Cardozo mais fixo. Fui à procura das características dele, que é forte na finalização no corredor central. É um jogador que não dá muita agressividade na frente, na hora de defender. Sacrificava muito mais o Saviola. Ele e o Aimar jogavam de olhos fechados. Esta época invertemos o posicionamento da primeira linha de pressão ofensiva, algo que teve a ver com a lesão do Cardozo. Já antes, estávamos a trabalhar isso. Isto vai ser para continuar. Quando tu partes para um sistema tático, sabes que aquilo é o princípio de tudo. A ideia do treinador tem de ser partilhada pelas ideias ofensivas e defensivas. Quando começámos a jogar com Lima e Rodrigo na vertical, começámos a pressionar alto, algo que apenas o Barcelona fazia na Europa. O Cardozo uma vez disse que o selecionador do Paraguai dizia que eu era louco por estar a pressionar alto desta maneira. Custa-me ver pessoas que são médicos, advogados e com outras profissões a falar sobre futebol."

Táticas: "Há a tendência de dizer que uma equipa está mal fisicamente. A equipa está mal fisicamente quando taticamente está mal. Estas duas componentes têm relação. O jogador quando não está bem taticamente cansa-se com maior facilidade".

Scouting e o 4x4x2: "Acho bem que a formação do Benfica jogue em vários sistemas. O Ajax também o fez, uma das melhores escolas do Mundo. Quanto mais vezes uma criança experimentar vários sistemas, mais evolui. O presidente sabe que nós elaborámos um perfil de jogador por posição e os olheiros procuram futebolistas dentro do que se pede. O Benfica faz contratações de jogadores de 19 e 20 anos e não posso perder tempo com esses miúdos. São jogadores para serem trabalhados. São todos analisados face ao perfil que têm. Rui Costa tem um conhecimento muito profundo das minhas ideias."

Candeias: "O Candeias é um jogador, que quando jogávamos contra ele, realçava sempre o perigo que criava. À partida tinha de gostar do jogador, como é óbvio. Todos os jogadores que vêm para o Benfica, vêm com a ideia e com o sonho de jogarem no Benfica e percebem que os colegas têm muito valor e poderão tem dificuldades de adaptação. Percebem que não será fácil dar luta."

Metodologia de treino: "Não há uma escola Jorge Jesus. Um treinador tem de ter uma ideia de jogo. O treinador não mete 11 jogadores a jogar e cada um faz o que quer. Isso não faz uma equipa. Há uma ideia técnica e tática daquilo que eu quero mas depois disso, há uma metodologia de treino. Ao longo dos anos criei uma bateria de treinos e as tecnologias ajudam a isso. Achamos que estamos no caminho certo porque os resultados têm indicado isso. A prática é o critério da verdade. Se tu só repetires, também não evoluis. O treinador tem de evoluir todos os dias e os jogadores praticam arte. O futebol é o desporto mais difícil no Mundo. O treinador tem de saber acompanhar esta arte e ser um criador. Todas as nuances, seja da ciência ou das tecnologias, têm de ajudar o treinador, tal como uma boa equipa técnica".

Componente preferida do futebol: "Há o trabalho coletivo, individual e sectorial mas pôr isso na prática não vem nos livros. É um trabalho apaixonante. Não diferencio nada porque tudo está ligado. Trabalhar um posicionamento tático dá-me um certo gozo e ver isso aplicado nos jogos. Para dominar o jogo, há que dominar o espaço."

Eusébio: "Muitos dos jogadores do Benfica, no dia da morte do Eusébio, perceberam o que é a cultura do Benfica. Não creio que foi por isso que ganhámos o campeonato. Foi pelo trabalho.  No clube há uma pressão constante para ganhar. Entrámos para o jogo com o FC Porto com uma crença muito forte porque já vínhamos também a recuperar pontualmente. Esse foi o jogo que deu o clique à equipa. Foi um jogo fundalmente para toda a gente, até para os próprios adeptos acreditaram mais na equipa."

Adaptações: "Todos jogadores são nossos mas aqueles que dizemos que é o jogador do treinador, é aquele que muda de posição connosco, algo que aconteceu com o Fábio Coentrão. Esse é o jogador do treinador como o Enzo e o Matic. Nesses casos, houve o olhar e o criar do treinador."

Jogadores de FC Porto e Sporting: "O FC Porto tem excelentes jogadores. O FC Porto tem dois jogadores que jogam em qualquer equipa do Mundo. É o Mangala e o outro é o Jackson. No Sporting, há também alguns jogadores de nível elevado, principalmente William Carvalho face às qualidades físicas que ele tem. Aquilo que eu trabalho para uma posição, os jogadores têm de saber fazer. Agora podem fazer melhor ou pior."

Sherwood: "Fiquei a apreciar o treinador. Naquela altura, aquilo foi instantâneo. Não gostei da maneira como ele me falou. Os ingleses têm complexos de superioridade e eu esperei ter uma oportunidade para responder. Quando olho para as imagens farto-me de rir. Ele quando chegou ao pé do meu ouvido, disse-me tanta coisa, tanta coisa... Eu gosto de gente diferente. Fiquei a gostar de Sherwood".

Derrota em Turim: "Disse-me que tinha muito orgulho na equipa e naquilo que tinha feito. Foi um momento doloroso. Todos os benfiquistas queriam ganhar. Foi um conforto muito grande ouvir o presidente dizer que tinha um orgulho muito grande na equipa."

Jogador mais difícil de substituir: "Para nós, é sempre o pensador do jogo quando uma equipa o tem. É o Enzo, o pensador. Há jogadores que têm essa aptidão. Quando tu falas para eles, eles sabem o que está a dizer e sabem passar para os outros. O Enzo sabe passar para os outros as ideias dos movimentos ofensivos e defensivos. Tem um caráter muito forte. É muito forte quando a equipa não tem bola. O grande problema de um treinador é pôr o Ronaldo a defender, o Messi a defender, ou o Nico Gaitán ou o Saviola a defender."

Estrutura: "Lourenço Coelho voltou a ser o responsável pela estrutura do futebol, com o Rui Costa mais próximo da equipa. Ele é elemento da SAD mas é como se fizesse parte da equipa técnica. O presidente percebeu que era preciso pôr a estrutura do futebol a defender os interesses do treinador. Todos os setores davam notas de informação".

Cardozo: "O que se passou com ele ficou sempre na minha mente. O Cardozo e eu, percebemos que a instituição Benfica era mais importante. Disse também ao Cardozo que ele era o jogador e eu o treinador. Disse-lhe que nunca o ia prejudicar se merecesse ser convocado ou ser titular. Tive de perceber que o Cardozo é um ativo do Benfica.

Ausência de Fejsa: "Com a operação que fez, seguramente que não estará apto antes de janeiro. Temos de ir à procura de soluções. Danilo Pereira já jogou no Benfica e tem qualidade nessa posição mas há outros. Temos de ir à procura de jogadores para essa posição. Todos com qualidade são viáveis. Danilo e Gonçalo Santos têm muito valor."

Saída em bloco do plantel: "Os titulares têm grande peso nos movimentos da equipa. Os jogadores, quando percebem que têm espaço, é muito difícil pará-los. Vieira sempre soube o que é o melhor para o Benfica."

Treinar a Seleção: "Um treinador de Seleção não é treinador. Quando chega às fases finais, aí trabalha como uma equipa mas durante a maior parte do tempo, seleciona e põe os jogadores a jogar. Não me vejo a treinar nenhuma seleção".

Treinar o Sporting: "O importante é que sou treinador de futebol. Estou contente no Benfica mas antes de chegar ao clube, treinei outras equipas. Nunca se sabe o dia de amanhã. O facto do meu pai ter jogado no Sporting assim como eu, nós, enquanto miúdos, ficámos com algum sentimento em relação às equipas por onde passámos. Joguei em 18 equipas enquanto jogadores. É como quando conhecemos uma namorada."

Seleção e o duplo pivô: "Não sei as ideias de Paulo Bento. Ele tem tempo de trabalhar a equipa até começar o Mundial. É neste particulares que o Paulo Bento tem de arriscar. Não pode ir para o Brasil fazer experiências. Agora tentou fazê-las com a Grécia e muito bem. Só consegue refleter em cima dessa ideia depois de ter feito as coisas. Está a pensar levar para o Brasil mais que um sistema mas jogar em 4x3x3 ou 4x4x2 é totalmente diferente e não tem tempo. Ele vai fazendo experiências até tirar conclusões. Quando chegar ao jogo com a Alemanha, deixará de ter dúvidas. Todos temos de saber viver com a condição de Ronaldo. Eu colocava-o, no sistema, como jogou no Real Madrid. Para mim, nunca poderia jogar num corredor. Ali, teria de fazer movimentos defensivos. Ele tem de estar sempre como o Messi. Tem fazer o posicionamento igual ao de Messi porque ele é um sobredotado. Para dar mais equilíbrio à posição de Coentrão, ele tem de jogar por dentro."Ele é um dos melhores porque criar para eles e para os outros."

Lopetegui: "Conhecia-o [antes de assinar] mas não pessoalmente. Ele era treinador do Rodrigo. Não conhecia o trabalho dele."

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