quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Manuel Machado: «Não é agora que vou contribuir para criar mais problemas ao Jorge Jesus»

Manuel Machado: «Não é agora que vou contribuir para criar mais problemas ao Jorge Jesus»

Madeirenses desloca-se à Luz na próxima jornada com a oportunidade de ultrapassar encarnados na classificação

O Nacional da Madeira nunca venceu no Estádio da Luz e o melhor que conseguiu foi não perder em quatro ocasiões. Três dessas exceções foram alcançados com as indicações de Manuel Machado no banco de suplentes alvinegro. Este é lado bom da questão. Mas também há noites negras para o professor na casa das águias. Um dos resultados mais pesados da sua carreira verificou-se, precisamente, na Luz, com o Benfica em a aplicar chapa seis (6-1) ao conjunto da Choupana. Sim, foi nessa noite que Jesus acenou e Machado respondeu na flash interview.

O Nacional desloca-se à Luz no melhor momento da época para um jogo que encaixa, que nem uma luva, no ADN da equipa. Sente há boas hipóteses de um resultado positivo?
«Muita gente fala do Nacional e das suas transições porque adivinha um Benfica alto no terreno a conceder espaço nas costas. Mas é preciso sair daquele sufoco que o Benfica provoca. É uma equipa muito pressionante, com praticantes de alto nível, mesmo não tendo começado o campeonato da melhor maneira e de haver muito ruído à volta».

Sente que a sua equipa pode tirar proveito de todo ruído que envolve o Benfica?
«A partir do momento em que o árbitro apita todo esse ruído desaparece da cabeça dos jogadores. A concentração é total e, por isso, não me parece que esses fatores possam ser medidos. Este tipo de jogos têm uma envolvência muito grande e são janelas de visibilidade fantásticas para os jogadores».

Isso implica algum tipo de trabalho diferente com os jogadores?
«Preparo os jogos sempre da mesma maneira, às vezes, até, subtraindo tensão ao grupo de trabalho. O jogo realiza-se num grande palco, com gente nas bancadas e muita comunicação social que confere exposição para o exterior. Por isso, há um acréscimo de trabalho no plano psicológico no sentido de sensibilizar o jogador para a oportunidade que tem de se mostrar ao Mundo inteiro».

Não o preocupa, portanto, o fato de os jogadores mais jovens poderem tremer num ambiente tão envolvente com o que é característico do Estádio da Luz?
«Não, porque mesmo mais jovens têm já alguma experiência acumulada, inclusivamente ao serviço das seleções jovens. Julgo que não será por jogarem num estádio com 40 ou 50 mil adeptos que ficarão, de alguma forma, inibidos, muito pelo contrário. Vão estar motivados e com os índices todos no máximo».

Além de opor Benfica e Nacional da Madeira, terceiro e quarto classificado da Liga, a próxima jornada coloca, também, frente a frente, Jorge Jesus e Manuel Machado, técnicos que têm uma forma diferente de olhar para o jogo e para a profissão. Tudo o que está para trás cria alguma tensão na forma como vai para banco de suplentes nesse jogo?
«Eu estou na vida e no futebol de acordo com um conjunto de fatores que me foram incutidos. Sou filho de uma família estruturada, humilde, mas com valores. Foi-me passada uma educação com princípios e eles servem para a minha vida toda. Não sou perfeito, mas também não deixo que as coisas descambem. Esta minha forma de estar não é única, existem outras, e não me cabe a mim dizer se é mais ou menos correta. Percebido isto, o resto é do fácil entendimento. As minhas diferenças para com os outros colegas têm muito a ver com este conjunto de valores que não são universais. Não me identifico com determinado tipo de conduta, que, para mim, é abjeta. O que eu quero é que nunca me misturem com a tribo do atropelo. Aí não entro. Quero que o Jorge Jesus tenha, na sua vida familiar, social e desportiva, o maior dos sucessos. E não é agora, que o técnico vive momentos mais delicados ao nível de chefia, que uma pessoa que se rege pelos valores que eu defendo vai contribuir para criar mais problemas aos que o Jorge já tem.

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