segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Bernardo Ribeiro: No FC Porto Cardozo não teria ficado

Bernardo Ribeiro: No FC Porto Cardozo não teria ficado


Cardozo é um jogador com um peso enorme no plantel do Benfica. Não só por estar a realizar a sétima temporada de águia ao peito, o que por si só já levaria a ser visto de forma diferente, mas pelos golos que marca e que muito têm contribuído para a felicidade dos adeptos encarnados. 

É curioso verificar como um ponta-de-lança com os números que o paraguaio exibe não recolhe, ainda assim, a unanimidade da tribo encarnada. Nem nas bancadas na Luz nem sequer aqui na redação. Os motivos poderão ser muitos desde o feitio por vezes pouco simpático à forma de jogar, que dá a ideia de quem tem pouca vontade de se esforçar quando a bola não lhe vai parar ao pé. A verdade é que os que não gostam recolhem trunfos na seleção paraguaia, pois apesar do que faz no Benfica, aí Tacuara não tem presença garantida.

Cardozo é hoje um jogador vital para Jorge Jesus. Foi o regresso do goleador que deu nova vida a uma equipa que parecia caminhar para a sua desintegração. Foram os seus 9 golos em 12 jogos que ajudaram o Benfica a sair da crise e a manter-se vivo em todas as frentes. Valeu então a pena a manutenção do avançado, apesar das tristes cenas protagonizadas no Jamor a temporada passada?

Todos os que olharem para o fenómeno futebolístico apenas como um momento dirão logo que sim. E mesmo outros que percam mais algum tempo a pensar na coisa. Porque não há verdades imutáveis nisto das opiniões, por muito que nos tentem vender que sim. Neste momento todas as leituras são possíveis. Mas poderá dizer-se que um treinador com outra personalidade nunca teria aceite ficar com Cardozo. Mourinho, por exemplo, teria corrido com ele. Por muito menos Balotelli foi a andar, mas acabou perdoado mil e uma vezes por Mancini. Bento seria outro que nunca aturaria a permanência do paraguaio. Há quem lhe chame teimoso, mas onde andam hoje Vukcevic, Stojkovic ou mesmo Carlos Martins? Pois.

O problema não está na permanência de Cardozo. Nenhum jogador é obrigado a sair de um clube por ter problemas disciplinares. Grave é a forma como todo o processo se passou, desde a conduta presidencial às palavras do treinador. Jesus fez saber mais do que uma vez que esperava a resolução do problema. 

Ela não apareceu, não porque Vieira ou o técnico não tenham tentado vendê-lo, mas porque à Luz não chegou nenhuma proposta que justificasse. E o técnico engoliu o que não terá sido fácil de engolir. Tudo está bem quando acaba bem: Resta saber se acaba bem. Por agora vai andando. 

No FC Porto teria ficado? Penso que não. 

- Bernardo Ribeiro, jornal Record, 17 de Novembro de 2013

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