Entrevista a Bernardo Silva:
"Jorge Jesus é um treinador exigente"
Nova estrela em ascensão no Benfica em entrevista exclusiva ao CM.
Bernardo Silva (19 anos) é a nova estrela em ascensão no Benfica. Apesar de estar na equipa B, o médio criativo - a quem já apelidam de novo ‘Maestro' - sonha seguir as pisadas de Rui Costa, a sua principal referência no clube.
Correio Sport - Com que idade começou no Benfica?
Bernardo Silva - Tinha sete anos e nunca tinha jogado em mais lado nenhum. O meu avô inscreveu-me nas escolas do Benfica nos Olivais, que eram pagas. Passadas duas ou três semanas fui para a competição. Estou a fazer o 12º ano no Benfica.
- Ser de baixa estatura quando era mais jovem foi um obstáculo?
- A partir dos iniciados, sim. Perdi uma certa preponderância nas equipas onde jogava. Só voltei a ganhar peso no ano passado, no último ano de júnior.
- O que o levou a não deixar o futebol?
- Foi o apoio familiar e de certas pessoas no Benfica. Mas as coisas nem sempre correram bem. Estava chateado e queria sair para jogar e no Benfica não me davam isso. Mas, felizmente, as coisas correram pelo melhor.
- Alcunha de ‘Messizinho do Seixal' é real?
- Foi a comunicação social... há um certo exagero. Tenho uma que não gosto muito, ‘Cabeças'.
- A sua forma de jogar é parecida com a de Messi?
- Acho que não. Talvez seja parecido com David Silva [Man. City]. E Pablo Aimar era também uma referência. Tive o prazer de treinar algumas vezes com ele. Tem uma enorme alegria no treino, a forma como toca na bola e a inteligência com que joga impressionam-me.
- Foi apanha-bolas na equipa principal. Tinha algum ídolo na altura?
- No ano em que o míster Chalana foi treinador principal ficava sempre ao lado do banco de suplentes. Adorava o Mantorras pela mística. Só por entrar ou ir aquecer levantava o estádio e levava alegria às pessoas.
- Mais tarde foi Rui Costa?
- É uma referência. Era um dos meus jogadores preferidos, até porque fez a formação no Benfica igual a todos nós. Está sempre presente e no fim dos jogos fala muito connosco e diz-nos o que devíamos ter feito de forma diferente e aquilo que fizemos bem. Tento absorver toda essa experiência.
- Como foi a estreia na Taça com a equipa principal?
- Era um dos meus sonhos jogar pela equipa principal do Benfica e quando fui convocado não estava mesmo à espera de encontrar numa terrinha tão pequena [Cinfães] tantos benfiquistas à nossa espera. Aí percebi a importância e a dimensão do Benfica para as pessoas.
- O que é que Jorge Jesus lhe disse antes de entrar?
- Para desfrutar, estar tranquilo e fazer aquilo que habitualmente faço na equipa B. E para aproveitar os dez minutos.
- Não há nenhum português, formado no clube, na equipa A, que seja titular indiscutível. Não sente pressão quando alcançar o próximo patamar?
- As coisas estão a mudar. Atualmente já vejo o André Almeida regularmente como titular, o Sílvio que veio do Atl. Madrid, o Ruben Amorim que infelizmente se lesionou, mas que há pouco tempo estava a ter um papel importante. Não sinto nenhuma pressão porque não estou lá. Quando chegar lá tenho a certeza de que as coisas vão acontecer naturalmente.
- Jesus costuma falar consigo?
- Não temos muito contacto, mas sei que acompanha os nossos jogos regularmente. Espero que o faça [risos]. Ele transmite algumas ideias ao míster Hélder Cristóvão, tanto aspetos mentais, como a nível tático, e isso é positivo, é sinal de que ele está atento aos nossos jogos, até porque quer que nós joguemos da mesma maneira que a equipa A.
- Vê-se a ser treinado nos próximos anos na equipa principal por Jorge Jesus?
- Claro que gostava. Sinceramente, não posso dizer grande coisa sobre o treinador Jorge Jesus. Não o conheço muito bem a não ser aquilo que os benfiquistas conhecem.
- Jesus tem a fama de ser muito duro com os jogadores...
- É um treinador exigente, mas isso é uma coisa boa. Não sei até que ponto é duro com os jogadores mas eu gosto de exigência e de técnicos que exigem o máximo.
- A cláusula de 30 milhões pesa?
- É para o Benfica me manter seguro. Se algum dia um clube me quiser vir buscar, a última palavra é do Benfica. Não são as cláusulas que põem mais pressão em cima dos jogadores.
- O próximo Europeu [2016] é um objetivo?
- É um sonho, espero que sim. Com 21 anos acho que já é possível chegar a um Europeu.
- E jogar ao lado de Cristiano Ronaldo...
- Merece a Bola de Ouro. É um dos melhores jogadores de sempre ao nível de Eusébio. Seria um sonho, mas não vivo em função disso. Primeiro tenho de fazer o meu trabalho e o futuro logo dirá o que me vai acontecer.
- Quais os seus ídolos?
- Cristiano Ronaldo e Rui Costa, por ser benfiquista e pelo seu trajeto. A nível internacional, Zidane e Maradona. Admiro muito Maradona, porque é o melhor de todos os tempos, e o Zidane, por ter jogado na minha posição. É uma referência.
- Há algum campeonato que o fascine?
- Adoro a Liga inglesa, pela paixão que envolve.
PERFIL
Bernardo Mota Veiga de Carvalho e Silva nasceu em Lisboa no dia 10/08/1994 (19 anos). Tem 1,73 m e 62kg. Começou nas escolinhas do Benfica nos Olivais, mas rapidamente chamou a atenção dos técnicos, sendo integrado na equipa de infantis do clube. Conta no seu palmarés com três títulos nacionais nos escalões de formação: 2008/2009, 2010/2011 e 2012/2013.
Durante o seu percurso como futebolista nas camadas jovens foi apanha-bolas nos jogos da equipa principal no Estádio da Luz. Um dos seus grandes amigos é o extremo Ricardo Horta, jogador do Vitória de Setúbal, mas que fez toda a formação no clube encarnado. Gosta de passar os tempos livres com a família (visita muito os avós em Sesimbra) e com os amigos. Além do futebol, gosta de jogar ténis com o pai.
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