sexta-feira, 9 de maio de 2014

O campeonato homem a homem: Análise individual aos jogadores do Benfica que conquistaram o 33.º título.



O campeonato homem a homem

Análise individual aos jogadores do Benfica que conquistaram o 33.º título.

No rescaldo da festa do título, apenas existe uma coisa a dizer.... "Parabéns ao Benfica". Foi um título que começou aos “trambolhões” e à custa das individualidades mas que acaba com a força de uma equipa que nunca se amedrontou e mostrou que não desaprendeu de jogar, que apenas se esqueceu de que o futebol tem que ser coletivo e no coletivo está a força dos vencedores.

Artur- termina a época como um dos primeiros guarda-redes estrangeiros a ser campeão pelo Benfica, um feito apenas igualado pelo seu companheiro e parceiro de posto, Jan Oblak, mas também termina o campeonato como o guarda-redes que mais golos sofreu pelo Benfica. É um jogador que revela um problema demasiado grande quando a bola vem pelo ar e revela bastante insegurança em jogar com os pés. E quando a isto juntamos a obrigatoriedade de saber estar na baliza quando a defesa se apresenta subida, depressa percebemos que Artur é muito bom mas não é um guarda-redes que faça sombra aos Sás aos Ricardos aos Oblaks e a outros existentes neste nosso campeonato.

Oblak - Cedo premonizei, ainda na pré-temporada, que Oblak era a chave desta defesa, e quer-me parecer que não me enganei. Rápido nas saídas dos postes, frio na abordagem, destemido no ataque à bola e acima de tudo revela um saber estar na baliza que deixa-nos a pensar que Oblak nasceu para estar ali naquela baliza e a defender aquela camisola. Terminará o campeonato como o guarda-redes menos batido em 16 jogos efetuados e apenas 3 golos sofridos. Com o ganhar de experiência será um guarda-redes para outros campeonatos. Se Preud'Homme chegou tarde e ainda durou muito anos ainda, este menino (que ainda o é) chegou muito cedo e não acredito que fique muitos mais do que durou a passagem de Preud'Homme...

Luisão - Foi capitão, foi ele que pegou na equipa "pelos colarinhos" e se JJ teve sucesso em muito o deve à capacidade de liderança do seu "braço direito". Fez este ano a sua melhor época de sempre, esteve sempre insuperável.

Garay - O homem-sombra da defesa, aquele que melhor se entendeu com Luisão durante as 11 épocas que este leva de águia ao peito, Garay deixou de ser o defesa central de jogar à esquerda como lateral e passou a ser um central de corpo inteiro. Esteve sempre a um nível bastante alto e a época ainda não terminou.

Maxi - Maxi é Maxi, quando se pensa que está rebentado faz um sprint de 50 metros, quando se pensa que não tem habilidade, finta dois e faz uma triangulação. Maxi é o chamado jogador estranho, chega como médio direito e revela-se um excelente lateral, e sem ter grandes recursos técnicos tem uma capacidade de luta que extravasa e motiva os seus companheiros, Maxi não é um lateral de TOPO nem tão pouco um dos melhores laterais de sempre do Benfica mas uma coisa é verdade, ele é imagem do Benfica, Raça Querer Honra e Glória, a ele nada o para, nem as lesões. Merece acabar a carreira onde quiser mas com a certeza de que ele foi uma imagem do "Ser Benfiquista", mesmo quando a equipa lutava por objetivos pouco dignos para o seu historial.
Siqueira - Um dos laterais-esquerdos mais competentes e coerentes dos últimos 20 anos. Não tem a velocidade de Coentrão, não tem a leitura tática de Fyssas, mas tem uma coisa que nenhum desses tinha (até mesmo o Leo), que é a capacidade técnica e as suas noções de equilíbrio. Ele fecha a defesa, ele ajuda no ataque, ele equilibra a meio-campo... Siqueira foi, à imagem de Maxi, um verdadeiro todo o terreno.

Almeida, Sílvio, Jardel - Os homens das "folgas" passaram sempre com distinção. Jardel, o pronto-socorro para o centro da defesa, foi ele que sempre aguentou o barco mesmo quando Luisão ou Garay tinham que folgar. Almeida foi o homem mais polivalente deste Benfica, um polícia a meio-campo, o bombeiro à esquerda e um pilar à direita. Foi insuperável. 
Sílvio - o lateral polivalente, permitiu que Siqueira recuperasse das lesões, permitiu que Maxi descansasse, permitiu que a defesa continuasse estanque, mesmo quando tudo parecia arrastar-se para períodos complicados.

Fejsa - O escudeiro da equipa, combativo, taticamente perfeito e acima de tudo o homem que deu ao Benfica aquilo que mais precisava na altura em que mais precisava: deu ao Benfica a capacidade de respirar com bola a meio-campo.

Matic, Gomes, Amorim – Matic, a aranha sérvia, era ele que ia empolgando a equipa no início do campeonato. Se Luisão puxava pela equipa, Matic arrastava-a nas suas costas. O Benfica até meados de novembro era apenas Matic e Enzo. André Gomes estava desaparecido, fazia 10 minutos no total em 5 jogos e desaparecia, para depois aparecer a jogar a titular ou a suplente utilizado na Europa. E eis que chega o dia em que JJ é obrigado a dar confiança ao miúdo que pela 1ª vez jogava a titular contra a equipa que o dispensou aos 14 anos. Nesse jogo tudo se tornou realidade e acima de tudo lembrou-se ‘hei, afinal eu jogo à bola e até sou mais ao menos rápido’ - e do sonho à realidade foi somente um domínio de bola com o peito, com uma rotação à direita e um forte disparo com o seu melhor pé e... golo para o Benfica... no dia em que o menino Gomes se tornou num Homem, teve até hoje uma passagem discreta pelo Benfica mas não deixa de ser mais uma aposta de JJ ganha no momento. Amorim - tudo poderia ser rosas, mas como bem se sabe estas também têm espinhos. Foi dos que mais lutaram e daqueles que mais permitiram à equipa respirar quando esta precisava.

Enzo - A ideia básica deste Benfica nasce neste argentino, um razoável extremo tornou-se num dos melhores médios-centro que já vi no Benfica. Não tem os requintes de Aimar, nem dotes de feiticeiro, mas PORRA… este homem joga o dobro de todos e cansa só de o ver correr. Foi uma meia adaptação e mostra que JJ quando pensou em trazer o Argentino não pensava apenas em ter mais um extremo, mas sim em ter mais um possível trunfo polivalente.

Markovic - O aprendiz de feiticeiro, ah Aimar, que falta fazes a este menino. Chega à Luz como craque com excelentes recursos técnicos e uma "estrela" para golos bonitos e irá terminar a época como um jogador total, que defende, que joga feio, que dá o "físico" ao manifesto e que acima de tudo assume o jogo, algo que durante os primeiros seis meses tinha muita dificuldade em fazer.

Gaitan - Quem é este Gaitan, não o reconheço, de certeza que não é aquele que não fazia mais que meia época de bom nível, de certeza que não é aquele que apenas se preocupava em atacar... Não, este Gaitan é outro Gaitan, é o Gaitan que amadureceu o seu futebol e que à vista de muitos é talvez o "elo" que falta à seleção argentina para poder fazer brilhar Messi. Para mim, Gaitan e Enzo serão neste momento os jogadores mais trabalhadores e com maior capacidade de fazer respirar uma seleção argentina que urge em arranjar maneira de ter um equilíbrio qualitativo entre o meio-campo criativo/defensivo e o seu "ataque estrelado".
Sálvio - O jogador que mais azar teve esta época, lesionou-se no inicio no campeonato e acaba o campeonato novamente lesionado. Contrastando com a época passada, em que fez praticamente uma época sem parar, esta época não chegamos a ver o melhor Sálvio mas ainda nos veio dar uma mãozinha em momentos cruciais. Um jogador de alta rotação, um jogador que faz da explosão física a sua forma de ser útil à equipa, Sálvio é o homem frenético no ataque do Benfica. Com ele em campo não há lateral que não se encolha mesmo que ligeiramente.

Cavaleiro - A dinâmica vencedora do Benfica por muito que se tente não pode ser dissociada do empurrão dado por este menino... ele, que pelo atrevimento e bons exibições pela equipa B, mereceu minutos na equipa A, e lutou por todos esses minutos, e com essa luta acabou por galvanizar uma equipa adormecida e esquecida de que a alegria da vitória é o melhor tónico. Cavaleiro reservou o seu lugar no plantel para a próxima época.

Rodrigo, Lima - Uma dupla surpresa que foi trabalhada durante a pré-época mas que tardou em surgir, muito por culpa dos fantasmas da época passada. Esta dupla só realmente começou a faturar a partir de dezembro, com as alterações táticas efetuadas na equipa fruto da saída de Matic.

Cardozo - Era e é o homem-golo do Benfica, Esta época, pela segunda vez, Cardozo não chegará aos 20 golos, e pela primeira vez não passa os 15... não nos pudemos esquecer que Cardozo aparece como titular já quase em outubro e que depois em dezembro começa a dar sinais de fadiga muscular, e com o jogo em pleno Estádio da Luz, com o campo impraticável, ajudou ao agravar da lesão na cervical. Ainda recuperou minimamente para o jogo de Alvalade, mas... o mal estava feito... e Cardozo foi obrigado a parar. Mesmo assim, se o Benfica hoje é campeão muito pode agradecer à entrega e abnegação que o paraguaio demonstrou durante o tempo que pode dar o seu contributo a 100% à equipa. Depois, com as alterações táticas efetuadas na equipa, o futebol do Benfica tornou-se demasiado "corrido" para um jogador como Cardozo.

Djuricic, Sulejmani, Ola John, Cortez - Djuricic pouco participou no campeonato, falta ainda algum "calo" a nível competitivo para ser uma solução; Sulejmani é um jogador muito "quebrado", esteve muito tempo parado e as constantes lesões no início da temporada retiram alguma confiança, precisa urgentemente de levantar a cabeça e mostrar o seu real valor; Ola John na recente entrevista já disse tudo... precisa de trabalhar mais, algo que o próprio Jesus já dizia na época passada; Cortez nunca será um lateral para o futebol europeu, tem um bom toque de bola mas falta-lhe saber defender.

Por fim... Jorge Jesus - Esteve com um pé na rua ainda antes de começar o campeonato, mas na altura Vieira falou mais alto e colocou-se em xeque, dizendo que JJ era o seu treinador. Jesus tentou trabalhar da melhor forma mas os "fantasmas de uma Primavera passada" iam quebrando o espírito a uma equipa que esteve em pré-temporada até outubro. A isso juntou-se o sai não sai, o fica não fica de muitos jogadores, mas Jesus mais uma vez quebra com o passado, volta a reconstruir tudo do ZERO e volta a construir uma máquina de jogar à bola, mas desta feita com o devido cuidado de estabilizar primeiro defensivamente. E se a equipa demorou até estabilizar a defesa, uma coisa é certa: assim que estabilizou a defesa toda a equipa cresceu e o futebol "mágico" voltou à Luz.
Este foi o retrato de uma época brilhante por parte do Benfica, a qual assume mais esse brilhantismo perante a um adversário diferente dos anos anteriores nomeadamente o grande Sporting de Jardim.
Jardim aos poucos conseguiu fazer aquilo que o Bento tentou por 2 vezes, que era de uma equipa de miúdos fazer uma máquina de bom futebol. Vamos ver se Jardim consegue dar o passo seguinte, e se torna a equipa mais "madura". Pensando bem, aqui não devia ter dito que se Jardim iria conseguir, porque já se viu pela excelente réplica que com maior ou menor dificuldade ele consegue, devia sim ter dito... vamos ver se deixam o Jardim conseguir, e aqui quando digo o deixam, tem a ver as intrigas internas e os problemas criados pelos adeptos assim que as coisas endurecem... Jardim é o homem certo no clube certo para o momento certo.
Fonseca acaba por ser o grande derrotado, não o FC Porto, mas sim o Fonseca, porque assume um poleiro de destaque sem nunca ter tido uma voz firme, assume uma cadeira importante sem saber sequer com o que poderia contar, e acima de tudo resumiu-se a um discurso demasiado ambicioso para aquilo que era o seu trajeto. Se pudemos dizer ‘ah e tal, Villas-Boas não tinha trajeto’, correção: o trajeto do Villas-Boas foi feito no background do futebol, ele esteve em projetos de dinamização de uma seleção de futebol, ele foi olheiro e especialista tático para Mourinho, ele teve muitas coisas que lhe conferiram algum know how de como lidar com certas e determinadas situações e com isso conseguiu assumir o cargo de treinador do FC Porto sem medos, e mesmo que por vezes tivesse um discurso menos polido conseguia sempre dar a volta à situação, porque sabia já o como e o quando dizer certas e determinadas coisas. Fonseca não, perdeu-se em ataques a todos, e ficou sem defesas, e a isto juntamos um balneário em situação delicada com a perda de dois jogadores influentes e com um plantel demasiado curto para as ambições do FC Porto. Isto tudo junto acaba por dinamitar qualquer hipótese de o FC Porto tentar sequer lutar por uma hipótese de ser campeão. Isto é algo que eu disse ainda antes do Natal, ao que me responderam muitos dos Relvas de que sim, o Benfica é que está forte, num tom de gozo e com muito sarcasmo associado... Pois, mas agora digo eu... Benfica é campeão e o FC Porto... onde está???
 PedroMPCA

Sem comentários:

Enviar um comentário