quarta-feira, 14 de maio de 2014

Sevilha-Benfica: o que separa os grandes dos maiores

Sevilha-Benfica: o que separa os grandes dos maiores

Formação encarnada pode tocar o céu: mas para isso tem de ir ao fundo da alma

Quando Deus criou as taças, não as criou a todos iguais: umas são maiores do que outras e as taças internacionais são muito grandes. Uma Liga Europa, por exemplo, vale muito.

Ora por isso é impossível dizer que o Benfica vai só jogar uma final. A frequência com que tem chegado às grandes decisões até pode admiti-lo, mas estamos apenas a ser induzidos em erros. Uma final da Liga Europa é um momento raro na carreira de um jogador.

Por isso exige o melhor dos jogadores, o melhor de uma equipa, o melhor de uma alma.

Ganhar um campeonato e duas taças nacionais é uma coisa, ganhar um campeonato e uma taça europeia é outra completamente diferente. É disto que se trata: de compreender que há uma linha que separa os grandes dos maiores, e essa linha é desenhada por uma conquista internacional.

O Benfica repete por isso a final da Liga Europa num momento particularmente bom: depois de duas conquistas nacionais, numa espiral de vitórias que só pode anunciar coisas boas. O ano passado, por exemplo, antes de entrar em campo com o Chelsea já tinha perdido no Dragão.

Numa daquelas derrotas difíceis e que deixam marcas.

Este ano não, senhores: este ano são rosas. A equipa está confiante, motivada, moralizada. É vista como favorita e tem por isso a obrigação de se sentir confortável dentro do jogo.

Afinal de contas, e como disse Jorge Jesus, não caiu nesta final por acaso.

Do outro lado surge um Sevilha que não o diz em voz alta, mas treme: sabe que provavelmente vai encontrar pela frente o jogo mais difícil desta competição. O discurso modesto, quase vazio, e aquela imagem de início de treino dos jogadores abraçados em torno do treinador Unai Emery, por exemplo, são o sinal claro de uma equipa que sabe que só com um grande espírito pode jogar.

Ora também por isso é bom que o Benfica esteja avisado: do outro lado vai surgir um adversário capaz dos maiores sacrifícios. É a regra dos mais pequenos: transcenderem-se para ganhar no fim.

Num estádio dividido a meio, mas com um ambiente que pode ser desequilibrado pelos italianos mais hostis ao Benfica, a formação encarnada pode ter a certeza que no fim é só ela, o bom futebol que já mostrou ter e a alma de uma equipa vencedora que farão a diferença.  

 As conferências de imprensa foram marcadas por estados de espírito opostos. Jorge Jesus, por exemplo, parece estar demasiado marcado pelas derrotas da época passada: o treinador traz com ele permanentemente a preocupação de passar a ideia que o ano anterior foi um sucesso.

«Amanhã a final que vamos fazer vai reforçar exatamente o que o Benfica tem feito ano após ano. O reconhecimento do valor destes anos de trabalho... esse reconhecimento está conquistado», disse.

«Não é por ganhar amanhã que vão olhar para nós de forma diferente. A única diferença que pode haver é que se ganhar amanhã levo a taça para Lisboa.»

Unai Emery, por outro lado, coloca todo o ênfase no futuro.

«O favorito era a Juventus e a Juventus já cá não está, foi eliminado pelo Benfica. Talvez o Benfica pense que é favorito, nós respeitamos isso e vamos tentar mostrar dentro de campo que merecemos ganhar. Acho que ambos merecemos aqui estar», sublinhou.

«O Benfica melhorou desde o ano passado, parece ter um jogo mais estável e talvez por isso se diga que está melhor enquanto equipa. Respeitámos muito o Benfica e apreciámos o trabalho feito.» 

 Para este jogo, já se sabe, o Benfica não conta com os lesionados Sílvio e Fejsa: foram aliás os únicos dois ausentes do treino de adaptação ao Juventus Stadium. Mas há mais: Enzo Perez e Salvio também já se sabe que não serão opção para Jorge Jesus.
Ora por isso resta apenas uma dúvida: e Markovic? O Benfica pediu a despenalização do sérvio depois da expulsão aqui em Turim há quinze dias, a UEFA recusou, o Benfica insistiu com um recurso e a UEFA vai pronunciar-se em definitivo quarta-feira. Até lá, Markovic é dúvida.

Mas não é a única, claro. No Sevilha
também o avançado Kevin Gameiro e o extremo esquerdo Vitolo estavam lesionados. Esta terça-feira, nos trinta minutos abertos à imprensa, treinaram sem aparentes limitações, mas Unai Emery ainda não deu a certeza que estejam disponíveis.

Mas isso, lá está, são apenas dúvidas nas contas de um rosário em forma de glória: importante, lá está, é a alma que as equipas apresentarem dentro do relvado.

Lembra-te, Benfica: há uma linha que separa os grandes dos maiores. 

 EQUIPAS PROVÁVEIS:

Sevilha:

Outros convocados : Javi Varas, Rico, Fernando Navarro, Diogo Figueiras, Marko Marin, Cristóforo, Cotán, Iborra, Trochowski, Cheryshev, Jairo, Gameiro, Cicinho e Carlos Fernández.   
 Benfica:


Outros convocados: Artur Moraes, Paulo Lopes, André Almeida, Jardel, Steven Vitória, Djuricic, Cardozo, Ivan Caveleiro e Funes Mori. 


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