quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Ser eliminado por Roberto e Saviola

Benfica: particularmente doloroso

Ser eliminado por Roberto e Saviola

Que o Benfica caia na fase de grupos da Liga dos Campeões é apenas normal, no sentido em que a palavra significa algo frequente, previsível, sem nota digna de surpresa.

Com Jesus no banco, o Benfica entrou uma vez pela Liga Europa e quatro pelas Champions. Nestas temporadas, apenas em 2011/12 passou aos oitavos de final. 

Num texto passado, há uns dias, esclarecia a diferença entre o Ranking UEFA, que o treinador dos encarnados adora, e um Ranking Champions, construído a partir dos resultados apenas nesta prova. Se por acaso não viu, descubra as diferenças.

O Benfica de Jesus não é uma equipa de Liga dos Campeões.

No entanto, todos os anos o Benfica tenta parecer-se com uma equipa de Champions.

Esta época, por exemplo, bastou o presidente do clube dizer, num daqueles momentos que o perseguirão para sempre, que sonhava com a possibilidade de festejar a conquista da prova em pleno Estádio da Luz. O treinador, honra lhe seja feita, tentou assobiar para o lado. Mas estava dito: o Benfica, mais do que uma equipa de Champions, era uma equipa de final de Champions (ninguém lhe mostrou antes estes números).

E no entanto Jesus já foi eliminado por equipas tão diferentes como Olympiacos, PSG, Barcelona, Celtic, Schalke e Lyon. Parece que qualquer um, se se preparar, o consegue. Os catalães mais do que os outros, claro, não são exatamente qualquer um.

Não faço a mínima ideia se Jorge Jesus e a sua equipa técnica são excelentes, regulares ou péssimos a preparar os jogos. Sei que muitas vezes ouvi o treinador falar sobre os adversários e não consegui estar de acordo com a avaliação que fazia. E também sei que ficar supreendido com as movimentações de Ibrahimovic ou ver no Anderlecht uma equipa forte a defender em casa são sinais intrigantes. De uma forma geral, creio que o problema do Benfica é não abordar bem a competição

Este Benfica tem dificuldade em vestir um fato de Champions, prova em que participam todos os melhores e mais alguns razoáveis. Onde os adversários também sabem umas coisas de táticas, compraram jogadores, têm experiência. Uma competição curta, de apenas seis jogos, onde o equilíbrio é a chave e os erros têm um preço elevado. E equilíbrio nunca foi o nome do meio do futebol que o treinador do Benfica adora (se é que podemos ter certezas sobre qual é exatamente esse futebol, hoje em dia...).

O discurso de Jesus não empolga antes dos jogos (apenas 30 mil adeptos num jogo decisivo como o desta terça-feira) e, sinceramente, é muitas vezes incompreensível no final das partidas. Como neste caso, quando depois de seis jogos o treinador do Benfica foi capaz de dizer que a sua equipa e o PSG eram as melhores. Não foram e dizê-lo é falta de respeito pela realidade, o que nunca é bom sinal.

Este foi o Benfica que caiu aos pés de Roberto e Saviola, o que torna a eliminação particularmente dolorosa. Dois dos muitos jogadores caros que foram colocados ao dispor de Jorge Jesus nas últimas cinco épocas.

Com os maiores investimentos da história do clube, o treinador festejou um campeonato, foi a uma final da Liga Europa, caiu em três fases de grupos da Liga dos Campeões e garantiu a admiração e confiança do presidente Luís Filipe Vieira. Não é pouco?

NOTA: Se bem percebi, no passado as razões para manter Jorge Jesus no banco do Benfica eram três: a equipa jogava bom futebol, os adeptos adoravam e os jogadores cresciam e davam bom dinheiro. Neste momento, a equipa joga pouco. Os adeptos são cada vez menos no estádio e o presidente começou a época a fazer figura de rico, dizendo que tinha trocado os milhões das vendas habituais por investimento rumo à final de Lisboa (o mesmo presidente que uns meses antes, em setembro de 2012, avisara que os tempos andavam difíceis). Não sugiro que Jesus deixou de ter espaço no Benfica. Pergunto se esta relação ainda é saudável.

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