segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

O que vale esta vantagem? Muitíssimo, diz a História


O que vale esta vantagem? Muitíssimo, diz a História

Em 79 edições da prova, só oito vezes o líder nesta fase não festejou o título

Com a vitória sobre o V. Guimarães, nesta segunda-feira, o Benfica aumentou para cinco pontos (na prática seis, face à vantagem sobre o Sporting no critério de desempate) o seu avanço na frente da Liga. Na jornada em que se concluiu o segundo terço da prova, fomos fazer as contas, para tentar perceber o que representa esta diferença

Duas coisas são certas. Uma, é que ainda é cedo para adeptos e jogadores do Benfica fazerem a festa, até face ao sucedido nas últimas jornadas da época passada. A outra, é que só por duas vezes, em toda a história da Liga, um comandante nesta fase desperdiçou vantagem semelhante (uma derrota e um empate à maior sobre o adversário mais próximo) até à chegada à meta.

As duas situações aconteceram no tempo das vitórias a dois pontos, e em Ligas com 14 equipas: em 1958/59, o Benfica desaproveitou três pontos de vantagem sobre o segundo classificado à 18ª jornada, acabando por perder o título para o FC Porto, na 26ª e última, por diferença de golos. E em 1970/71, foi o Sporting a fazer papel de perdulário, desperdiçando no último terço uma vantagem de três pontos sobre os encarnados, que se transformou em título do Benfica, com três de avanço.

Liderança nesta fase valeu título 71 vezes
Vamos a números: concluído o segundo terço, a liderança (sozinha ou partilhada, como aconteceu com o FC Porto nas duas épocas de Vítor Pereira) valeu títulos de campeão em 90 por cento das temporadas. Em 79 edições da Liga portuguesa, só por oito vezes a equipa com mais pontos nesta fase não foi campeã. 

A última dessas ocasiões aconteceu há já 28 anos, na época 1985/86: o Benfica, treinado por John Mortimore, comandava à 20ª jornada, com dois pontos de avanço sobre o FC Porto. Mas foram os dragões que acabaram por festejar na última jornada, terminando com mais dois pontos do que os encarnados, depois de estes perderem em casa o dérbi com o Sporting, a uma ronda do fim.

O Benfica voltou a deixar fugir uma situação de vantagem em mais cinco ocasiões. Em 1978/79, novamente com Mortimore como treinador, o FC Porto, de Pedroto, foi outra vez o beneficiário, transformando um atraso de dois pontos à entrada do último terço numa vantagem mínima de um ponto no último dia. Foi o repetir de uma história que já tinha acontecido em 1958/59, quando as águias desaproveitou uma vantagem de três pontos sobre o segundo, acabando o FC Porto por conquistar o título graças à diferença de golos.

Em 1947/48 e 1951/52, o beneficiário da má reta final do Benfica foi o Sporting, enquanto em 1945/46 foi o Belenenses a ultrapassar os encarnados sobre a meta. Mas em todas estas temporadas, as diferenças pontuais eram inferiores. O mesmo aconteceu nas outras duas reviravoltas em que o líder ao fim de dois terços da prova acabou por não ser campeão: em 1970/71 e 1967/68, foi o Sporting que desperdiçou vantagens em benefício dos encarnados.

FC Porto: tão longe da frente, só em 2001/02A derrota do FC Porto em casa, com o Estoril, deixou os dragões a sete pontos do primeiro lugar, ao fim de 20 jornadas. Algo que não acontecia ao dragão desde a temporada 2001/02, que o FC Porto terminou no terceiro lugar, atrás de Sporting e Boavista. Daí para cá, até houve épocas em que o FC Porto fez menos pontos do que os 42 agora conseguidos com Paulo Fonseca mas, à 20ª jornada, a distância do dragão para o comandante foi sempre menor. 

Há dez anos que o Sporting não dobrava a 20ª jornada no 2º lugar
Além de pôr fim a um ciclo de invencibilidade caseira na Liga com mais de cinco anos a derrota com os canarinhos representou também, para o FC Porto, o fim de uma sequência, iniciada em fevereiro de 2009, de 74 jornadas sempre a marcar no Dragão. A melhor série em curso pertence agora ao Benfica, que com a vitória diante do V. Guimarães somou a 73ª partida consecutiva para a Liga a fazer golos em casa: a última vez que o ataque encarnado ficou a zero na Luz, em jogos do campeonato, foi em abril de 2009, com a Académica, ainda na era de Quique Flores.

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