segunda-feira, 19 de maio de 2014

Para ti, Francisco!

Para ti, Francisco!
JESUS OLHOU PARA O CÉU E SABOREOU VITÓRIA
Dia 18 de maio de 2014.O dia pelo qual Jorge Jesus tanto esperou. Porque gosta da Taça de Portugal, porque queria vencer o troféu, porque queria a dobradinha que escapava ao clube há 27 anos, porque queria entrar na história. Mas também porque esta seria sempre uma vitória dedicada a Francisco, o avô que lhe apresentou o Jamor e que ali faleceu em 1966/67, num dia em que V. Setúbal e Académica discutiam a competição. Agora, com 59 anos, 46 anos depois, o técnico do Benfica fez justiça ao avô, mas também ao pai,Virgolino, a quem tem forte ligação.

Xistra olhou, apitou e Jesus entrou no relvado. Sozinho, de mão na cara e a olhar para o céu. Até sentir o abraço de Raul José, numa dedicatória que não mais teve fim.Os jogadores conheciam a história e fizeram questão de o atirar ao ar, uma e outra vez. A hora da consagração no Jamor estava perto. Mas Jesus, mesmo assim, tentou dar um ar menos emotivo e mais profissional à conquista do grupo de trabalho, mesmo depois de Luís Filipe Vieira ter pedido a Taça para homenagear o treinador.

“A vitória mais importante é sempre o campeonato nacional. Desportivamente a Liga Europa abre o prestígio internacional para treinador e jogadores.Foi vista por mais de 200 milhões de pessoas, em mais de 100 países. Mas é verdade que em termos sentimentais a Taça de Portugal diz-me muito. Habituei-me ainda novo a ver aqui a Taça, como jogador nunca atuei neste estádio, como treinador esta foi a terceira vez. Queria esta conquista para o meu currículo, estava a faltar. Não mais do que isso”, expressou. Já antes, ainda no relvado, e falando do avô especificamente, havia confessado: “Claro que gostou! Onde quer que esteja está satisfeito.”

O futebol causa emoções e Jorge Jesus não esquece os momentos maus que viveu há 358 dias. “Quando acabou a Taça e olhei para cima recordei o que tive de ouvir o ano passado”, desabafou. Ainda no relvadodeu um abraço apertado a Rui Costa e já com os jogadores ao lado iniciou a subida da consagração.

O abraço a Quaresma

No início da escadaria, as camisolas amarelas não enganavam quem por ali estava. Os elementos do GAJ – Grupo de Amigos de Jesus – festejaram a vitória... do treinador.

Um grupo onde também estava a família do técnico benfiquista. E foi ali que Jesus fez a primeira paragem rumo à tribuna de honra. Tânia, a filha mais velha, chamou o pai e deu-lhe um beijo, perante o olhar cúmplice de Ivone, mulher do treinador e de Mauro, o filho mais novo, que também ali estava.

Já numa zona mais reservada, ainda a caminho da tribuna, uma paragem especial para Jesus abraçar e dar um beijo sentido a Miguel Quaresma, seu adjunto de há vários anos, que fez questão de se manter afastado dos flashes. Ontem, Jesus celebrou e muito, mas não esqueceu “um dos dias mais tristes” da sua carreira. “O ano passado só eu e Deus é que sabemos o que ouvi a subir a escadaria.Hoje foi o contrário. Um treinador não se pode iludir. Tenho neste estádio momentos bastante tristes da minha vida, inclusive no passado. Mas o que interessa é o presente”, afirmou.

A vitória da Taça, já se sabe, é para a família, mas esta é uma época especial e histórica. O triplete está na Luz. “As vitórias são sempre partilhadas pelo grupo de trabalho e pela minha família. E pelos muitos amigos que, nos momentos difíceis sempre estiveram comigo.”

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