quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Vieirinha: «PAOK é de doidos, Eintracht é competente»

Vieirinha: «PAOK é de doidos, Eintracht é competente»

Entrevista do internacional português ao Maisfutebol: os adversários de Benfica e FC Porto analisados por quem bem os conhece

Três anos e meio no PAOK e dois na Bundesliga ao serviço do Wolfsburgo: Vieirinha, espião ao serviço de Suas Majestades, Benfica e FC Porto, na Liga Europa. 
O internacional português começa por analisar o clube helénico, onde esteve entre 2008 e janeiro de 2012. O Benfica joga esta quinta-feira em Salónica e pode aguardar, diz o extremo, uma «corrente de loucura». 
«É do pior que existe para os adversários», afirma o internacional português ao Maisfutebol. «Em Frankfurt, onde vai o FC Porto, o ambiente é fantástico, mas Salónica é outro mundo, outra história». 
«É fanatismo puro. Aquela gente só vive para o PAOK. Considero o Benfica favorito, mas na Grécia será muito, muito difícil ganhar», considera Vieirinha. As palavras ilustram um pequeno inferno, de labaredas nas bancadas e asfixia nas cercanias do Estádio Toumba. 
«Dia de jogo é dia de invasão às ruas. Perseguem os autocarros, afrontam a polícia, é tudo perfeitamente normal para eles. No campeonato grego ainda é pior. Às vezes os adeptos adversários até são proibidos de entrar no estádio. Na UEFA é menos grave, porque o controlo é maior», explica o jogador natural de Guimarães, agora com 28 anos. 
Do ponto de vista desportivo, este PAOK «não é uma equipa constante». Vai do «oito ao 80» facilmente, muito por culpa da pressão dos adeptos. «Quando corre mal viram-se contra a própria equipa. Mas na Liga Europa todos, equipa e claques, vão dar o máximo». 


O nosso agente pouco secreto identifica os pontos de maior perigo emitidos pelo PAOK. A começar por uma figura bem conhecida do público português: o ex-portista Lino
«É um lateral extraordinário nesta altura. Faz todo o corredor e cruza muito bem. É um perigo para as defesas opostas quando consegue chegar à frente», sublinha Vieirinha. E na área estão, por norma, dois homens a destilar veneno. 
«O Athanasiadis é um ponta-de-lança bom. Muito eficaz, acima de tudo. Não é de falhar muitos golos. E o Salpingidis tem faro pelo golo. Conhece todos os cantos da área», explica Vieirinha sobre os ex-colegas de equipa. 
Para o Benfica, diz o português, há uma boa notícia. O israelita Natcho não pode jogar na Liga Europa. «Tem uma visão de jogo tremenda, mas veio em janeiro e está indisponível. Mas oLucas, um espanhol com um pé esquerdo muito habilidoso, pode. É outro dos grandes perigos do PAOK». 
Vieirinha fala de mais dois médios. «Ergys Kace não tem físico para jogar na posição-seis, mas não desiste de uma bola, é impressionante. Gosto muito de o ver. E há ainda o holandêsMaduro, um jogador de qualidade. Não é rápido a executar e o Benfica pode aproveitar isso, mas o jogo do PAOK passa sempre por ele». 
Resta a análise a… Katsouranis. «Esse toda a gente em Portugal conhece. É o patrão da defesa e consegue domar bem o ímpeto argentino e explosivo do colega do lado, oInsaurralde». 
«O Benfica vai sofrer na Grécia, não tenho dúvidas. Mas aposto que passa, porque tem uma equipa superior», concretiza Vieirinha. 
 
De Salónica para Frankfurt. Vieirinha é adversário do Eintracht na Bundesliga e sabe bem o que o FC Porto pode passar. Na defesa dos alemães estão dois antigos companheiros de equipa do avançado luso. 
«O Marco Russ e o Alex Madlung jogaram comigo no Wolfsburgo. São defesas centrais, mas o Alex tem jogado a trinco. Considero-os muito sólidos e fiáveis», vinca Vieirinha. 
O Eintracht, aliás, merece-lhe os maiores encómios, «principalmente pela temporada passada». «Subiram de divisão e foram a surpresa do ano. São competentes e agressivos, pressionam bastante nos jogos em casa». 
Os jogadores mais interessantes são o capitão Alexander Meier, «um ponta-de-lança de estrutura elevada e muito confortável com a bola nos pés», e o médio Sebastien Rode. «Já foi contratado pelo Bayern Munique e é, de facto, bastante bom. Tem um grande andamento no meio». 
Voltamos ao início. Quando for a Frankfurt, o FC Porto encontrará «um ambiente de entusiamos», mas longe do fanatismo de Salónica. 
«Os alemães adoram desporto e olham-no como uma atividade cultural interessante. Enchem os estádios e os pavilhões de andebol e hóquei no gelo, mas não são, por norma, doidos». 
Em suma, o FC Porto terá mais probabilidades ou, dito de outro modo, «maior dose de favoritismo» na sua eliminatória. O Benfica terá de penar um pouco mais. 
Palavra de Vieirinha, o espião improvável. 

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