quarta-feira, 18 de junho de 2014

O adepto aventureiro: ele leva o Benfica para o Mundial

O adepto aventureiro: ele leva o Benfica para o Mundial

Doron Klemer viaja permanentemente há 14 anos e esteve em todos os Mundiais desde o França 98. Morou em Portugal para aprender a língua e apaixonou-se pelo Benfica
«Benfica to Brazil». O peculiar nome do blogue do inglês Doron Klemer chamou a atenção do Maisfutebol que, ao conversar com o autor, descobriu uma história riquíssima. Viajante permanente há 14 anos, Klemer é um apaixonado por futebol capaz de (quase) tudo por um bom jogo e uma boa aventura. 

Estava em França por altura do Mundial 98 e no Japão, quatro anos mais tarde. Apercebeu-se da coincidência, achou graça e forçou para a história se repetir. Começou, assim, a vida de adepto ambulante, com passagens por Alemanha, África do Sul e, agora, Brasil. Antes…Portugal. 

«Decidi que antes de ir para o Brasil deveria parar em Portugal, talvez um mês, para aprender português e também porque era o único país da Europa ocidental que não conhecia. Acabei por ficar meio ano», conta, em conversa com o nosso jornal. 

Por cá apaixonou-se pelo Benfica. Amor à primeira vista? Não. Amor forçado de início, aprendido e interiorizado depois.

«Em todos os países onde morei escolhi sempre uma equipa para apoiar: é uma forma de conhecer pessoas e também porque preciso de ver futebol em todo o lado. Conhecia pouco do Benfica, mas lembrava-me que tinham perdido a final da Liga Europa com o Chelsea, que eu detesto, portanto aquela foi a primeira vez que apoiei o Benfica. Depois, quando cheguei, perguntei a dez pessoas na rua que clube devia apoiar: todos eles disseram Benfica!», conta. 

Klemer diz que nem sempre escolhe a equipa mais popular, mas a forma convicta como lhe davam a resposta tornou-a irrecusável. 

«Já apoiei muitas equipas em todo o mundo, vi jogos em dezenas de países mas estes seis meses com o Benfica foram dos melhores de sempre. Os primeiros jogos que vi foram com o Arouca (2-2) e V. Setúbal (2-0). Foram dos piores Depois vi a equipa crescer até àquele jogo com o FC Porto para a Taça (3-1), que foi dos melhores que vi na minha vida», descreve. 


Doron Klemer foi com o Benfica a Turim na derrota na final da Liga Europa, viu quase todos os jogos em casa e promete usar a camisola encarnada em Salvador da Bahia, cidade que o acolhe no Mundial, e por todos os lugares por onde viajar. Uma forma diferente de levar o Benfica ao Mundial.

Favoritos? Um underdog ou então o Brasil…por causa da festa 

Apesar de estar no país, Doron Klemer não chegou a assistir ao vivo a nenhum jogo do França 98 e no Coreia do Sul/Japão 2002. Ao todo viu 14 partidas: cinco em 2006 e nove em 2010. Em Salvador a ideia passa por assistir aos cinco que lá se vão disputar. Espanha-Holanda e Alemanha-Portugal já estão.  

«Já tinha visto dois jogos de Portugal, ambos na Cidade do Cabo: a vitória por 7-0 com a Coreia do Norte e a derrota por 1-0 com Espanha. Espero que ninguém leve a mal mas tanto eu como os meus amigos achámos que os coreanos foram melhores que os portugueses na primeira parte», atira.

Recorda ainda o Holanda-Uruguai, nas meias-finais em 2010, e dois Argentina-Alemanha, em 2006 e há quatro anos. «A Alemanha venceu ambos o que foi mau porque apoiava a Argentina. O Messi é o meu jogador preferido», revela. 

Para este Mundial vê o Brasil como a equipa «claramente favorita» mas confessa que vai torcer pelos «underdogs». «A Bélgica pode ser muito forte. E, numa escolha menos provável, acho que o Japão e os EUA podem surpreender. Ainda assim, se calhar prefiro uma vitória do Brasil. A festa seria inacreditável!», atirou em jeito de brincadeira. 

De Portugal, apesar do descalabro na estreia, diz que «é sempre uma equipa perigosa porque tem Ronaldo». «Tem alguns bons jogadores mas talvez falte alguma coesão como equipa», resume. 

Foi carteiro, entrevistou a Miss Mundo e investigou chineses vestidos de coreanos 

Em 14 anos de viagens, Doron Klemer tem, claro está, muitas histórias para contar. Desde logo porque não é turista. Tem de trabalhar nos países onde mora para pagar as despesas. Para viver, no fundo. 

«Já fui professor, gerente de restaurante, gerente de bar, barman de cocktails, vendedor de gelados, fui carteiro na Tailândia e em Portugal, pela terceira vez, fui guia turístico. Já tinha sido em Berlim durante o Mundial 2006 e em Londres durante os Jogos Olímpicos», conta. 

E não tem dúvidas em dizer que é «dos melhores trabalhos do mundo». «Conheço pessoas, aprendo a história de um país, faço exercício e ainda tenho muito tempo livre e independência», justifica. 

A presença nos países que organizam Mundiais tem, também, proporcionado muitas histórias que guardará para sempre no baú das memórias. 

«Encontrei o Mick Jagger na Cidade do Cabo e consegui um autógrafo para a minha mãe. Fui convidado para entrevistar a Miss Mundo em 2006, antes do Alemanha-Equador, por ter escrito um artigo sobre a busca por bilhetes numa revista alemã», conta. 

Mas a história preferida é outra. E envolve Portugal. 


«Antes do jogo com a Coreia do Norte, em 2010, circulou o rumor que estavam a colocar chineses vestidos de coreanos a ver os jogos no Estádio, porque os coreanos estavam proibidos. Eu sabia falar alguma coisa em coreano e fui com um jornalista amigo meu, francês, tentar falar com algum. Encontrei, usei o meu melhor coreano e ele não percebeu nada! Infelizmente, ainda hoje não sei se era mesmo chinês ou porque o meu coreano não era assim tão bom», brinca. 

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