A velha senhora, os candidatos e os outros

Juventus, Benfica, FC Porto e Basileia partem em vantagem para a segunda mão dos quartos-de-final da Liga Europa. Resta saber se vai imperar a lógica do mais forte. Está perto, muito perto. Falta só um jogo para Benfica e FC Porto chegarem às meias-finais da Liga Europa, ficando cada vez mais perto da final de Turim. Com vantagem construída na primeira mão, as duas equipas portuguesas surgem como favoritas à conquista da competição.A Juventus é desde o início da época uma das favoritas, até porque o jogo decisivo é em sua casa. O triunfo na primeira mão, em Lyon, deixa tudo mais fácil, ainda que o desafio mais desequilibrado seja o Valência-Basileia, depois de os suíços terem vencido o primeiro jogo por 3-0.

BENFICA-AZ ALKMAAR

O Benfica chega à segunda mão com o conforto de ter vencido o primeiro jogo na Holanda (1-0). Ultra-favorita, a equipa portuguesa pretende gerir vantagens e pensar com segurança na meia-final, ainda que ninguém queira dar a eliminatória como assegurada. Em todo o caso, o golo de Salvio vale muito. 

Os encarnados não perdem em casa para as competições europeias há onze jogos. A última vez foi em 2012/13, na Liga dos Campeões, com o Barcelona (0-2). Curiosamente, o AZ também não perdeu os últimos seis jogos europeus fora de casa e tem uma média de um golo por jogo. Dick Advocaat, o treinador dos holandeses, ainda acredita na passagem à meia-final: «Está tudo aberto, com 1-0 ainda é possível passar. É muito difícil porque o Benfica é uma equipa muito grande na Europa, mas ainda está tudo em aberto. A responsabilidade está do lado do Benfica. Nós perdemos em casa, por isso vimos fazer o nosso futebol, jogar abertos e sem nada a perder. Quem tem mais a perder é o Benfica, que está em vantagem. Nós acreditamos que podemos marcar.» 
A equipa de Alkmaar insiste na ideia de conseguir marcar um golo no Estádio da Luz e a partir daí tudo será possível. «O Benfica tem bons jogadores, como mostrou na primeira mão. Mas nós também acreditamos que podemos criar oportunidades para marcar, como fizemos no jogo em nossa casa, e esperamos desta vez ser mais felizes e concretizar», avisou o avançado Aron Johánnsson. 
Embora o Benfica tenha o campeonato como objetivo prioritário, não nega a possibilidade de repetir o feito da época passada, pelo que a passagem à meia-final da Liga Europa figura como essencial, mesmo que Jorge Jesus admita fazer alterações na equipa: «Quando tu chegas aos quartos de final ou às meias-finais, não há avisos. Jogas com adversários que podem ganhar, perder ou empatar. Teres conseguido um resultado melhor no primeiro jogo, não te dá margem para pensar que és melhor. De certeza que o treinador do AZ Alkmaar não pensa que por ter perdido o primeiro jogo por 1-0 não pode amanhã dar a volta, da mesma maneira que os jogadores do Benfica não pensam que por terem ganho por 1-0 na primeira mão são melhores que o adversário.» 
Enquanto o AZ surge em Lisboa na máxima força, o Benfica apresenta algumas baixas por lesão. Enzo Pérez deve recuperar, mas Fejsa e Ruben Amorim podem falhar o jogo desta quinta-feira. 

SEVILHA-FC PORTO 

A vitória no Dragão foi magra (1-0, Mangala), mas serve para manter a esperança do FC Porto em eliminar o Sevilha e seguir em frente  apesar das ausências na competição. O objetivo traçado é conquistar a Liga Europa e os obstáculos não são pequenos, conhecendo-se a qualidade do adversário e o ambiente do Estádio Sanches Pizjuan.

Sem os castigados Fernando e Jackson Martinez, Luís Castro vai ter de recorrer a segundas escolhas, sendo certo que Ghilas vai ocupar o lugar vago no ataque e Herrera poderá vestir a pele de número 6. O treinador não abre o jogo. «Há uma coisa que eu defendo: o jogador tem de entrar em campo sem constrangimento. Não faz sentido falar no amarelo porque não teve qualquer sentido. Não vou falar de jogadores que não estão aqui. Todos os atletas convocados estão prontos para dar uma boa resposta. Confio em todos. Vamos estar muito determinados em campo», frisou na conferência de imprensa de lançamento do jogo.

O treinador do Sevilha sabe, que , os dragões não serão um adversário fácil. «Quem jogar tem, de certeza, muito valor. Se estão no FC Porto é porque são bons. Não avalio o FC Porto por essas duas ausências, mas pelos jogadores que os substituem», disse Unai Emery, deixando o aviso: «Estamos preparados para tudo: marcar cedo, marcar tarde e até sofrer golos. Não podemos querer resolver o jogo em 20 minutos. Veja-se o que se passou com o Chelsea. Marcou um golo tardio e isso chegou».

Do lado espanhol estão os portugueses Beto, Diogo Figueiras e Daniel Carriço, com este último a deixar certezas sobre um desafio entusiasmante: «O FC Porto não esteve ao seu nível no campeonato, mas na Liga Europa jogam mais soltos e com mais força. Espero o melhor Porto e não o Porto irregular da liga portuguesa».

Sevilha é uma cidade que diz muito aos dragões. Não só porque foi aí que conquistaram a Taça UEFA em 2003, mas também porque em 2010/11 derrotaram este mesmo clube na caminhada para a vitória na Liga Europa. Na altura a equipa de Villas-Boas perdeu em casa 1-0 e foi ao Sánchez Pizjuan vencer por 2-1.

JUVENTUS-LYON

Em Turim fala-se de duas coisas: da revalidação do título italiano e da final da Liga Europa. Os dois objetivos estão muito próximos de serem alcançados, com a Juventus destacadíssima na série A e muito bem posicionada para chegar às meias-finais da Liga Europa, depois de ter vencido o Lyon na primeira mão (1-0, golo de Bonucci aos 85 minutos). 

A última vitória dos italianos em casa para as competições europeias foi na época passada com os futuros campeões da Europa, o Bayern Munique, nos quartos-de-final da Liga dos Campeões. Titulares de três Taças UEFA, tentam contrariar a tendência das últimas temporadas, como recordou o treinador Antonio Conte: «Não nos podemos esquecer que há sete anos que nenhuma equipa italiana alcança as meias-finais na Liga Europa [ndr: em rigor são seis, porque a última vez foi a Fiorentina-Glasgow Rangers, em 2008], pelo que temos de estar orgulhosos se o conseguirmos».
O técnico assegura que vai apostar na equipa mais forte, apesar do bom resultado na primeira mão e de o campeonato nacional ainda não estar decidido. «Vou apostar no melhor onze para passar a eliminatória, veremos qual é a resposta dos jogadores. Não se fala de rotação, mas procurar apostar em quem tem melhores condições a nível físico e psicológico. Se houver um presumível titular que surja a suplente é por mera opção técnica», frisa Conte, não abrindo o jogo sobre a condição física de Carlos Tévez, que apresentou queixas nos últimos dias.
Do outro lado fala-se em impossíveis. «Acreditamos que é possível surpreender e alcançar aquilo que ninguém está à espera. Devemos voltar a apresentar o espírito da primeira mão, mas aproveitarmos as oportunidades que criarmos. Em 90 minutos pode acontecer muita coisa, se acreditarmos que podemos fazê-lo. Se somarmos os jogos de Pirlo e Buffon na Europa acredita que terão mais do que 90% das equipas do campeonato francês, mas a experiência pode ser importante e não decisiva», referiu o treinador do Lyon, Remi Garde. 

VALÊNCIA-BASILEIA 

Foi o resultado mais desnivelado da primeira mão. O Basileia confirmou a excelente época e venceu o Valência por 3-0, praticamente arrumando a eliminatória, apesar de não ter contado com o apoio dos seus adeptos, uma vez que o jogo realizou-se à porta fechada.

Confirmando que se trata de um resultado demasiado volumoso, segundo o historial da competição nenhuma equipa conseguiu reverter uma derrota por 3-0 na Liga Europa, mas o Valência já conseguiu chegar às meias-finais em 2011/12 vencendo a segunda mão por 4-0 depois de ter perdido o primeiro jogo com o AZ Alkmaar por 2-1.

«Começamos por acreditar que é possível e isso é algo que temos de ter bem claro. É complicado, mas ninguém nos pode privar de ter a ilusão de acreditar, de ter a esperança, e fazer o esforço de reverter o resultado. Creio que demonstrámos que podemos ser superiores ao rival, queremos, podemos e necessitamos são argumentos suficientes para nos convidar a sonhar e devemos passar essa mensagem aos adeptos», referiu o técnico Juan Antonio Pizzi.

Quanto à situação física de Ricardo Costa, que já foi dado como apto, o treinador diz ainda não ter tomado uma decisão sobre a titularidade: «Ricardo foi reintegrado no grupo na terça-feira, está bem, não tem dores, mas precisa de passar por um processo de readaptação aos treinos para depois regressar à competição. Só vamos tomar uma decisão esta quinta-feira». O defesa português está na lista de convocados, assim como os também regressas de lesão Barragán, Gayà e Jonas.

O Basileia parte em vantagem, mas o treinador Murat Yakin assegura que não vai jogar à defesa. «Trazemos uma boa vantagem da primeira mão. Fizemos uma boa primeira parte, mas na segunda o Valência demonstrou que sabe jogar e podiam ter marcado um golo», abordou, recordando o último jogo realizado pelo seu clube no Mestalla, em 2002/03, com vitória local por 6-2.

Os suíços vão aparecer em Valência sem Philipp Degen e Valentin Stocker, por lesão. Por outro lado, o defesa Sauro está em dúvida, o que vai obrigar Yakin a operar algumas alterações no onze base.